Najla é uma jovem artista nômade que ganha a vida se apresentando em muitas cidades, ela viaja acompanhada de sua irmandade, todas são órfãs e compartilham da mesma aliança: escondem um poder misterioso em seu sangue. Um poder capaz de abençoar e ta...
Quando Najla retornou para o seu quarto após a festa, já era de madrugada e o quarto estava tão frio quanto o lado de fora da pousada. Najla correu para ascender a pequena lareira no canto do quarto. Quando as chamas ficaram fortes o bastante para sustentar o calor, Najla foi até a janela, olhou pelo vidro, procurava por alguma silhueta preta, mas não viu nada.
Tirou o vestido e seus acessórios, tirou a bota e colocou a camisola. Olhou para o vestido que havia usado aquela noite, pegou-o nas mãos e levou até o rosto, dando uma fungada. O cheiro adocicado de Yuliy ficou no vestido, Najla apertou o tecido contra o rosto, fungando mais uma vez. Depois de um tempo ela soltou o vestido, com um suspiro pesado, foi para a cama, trançou os cabelos de qualquer jeito e deitou-se sobre os lençóis.
O cheiro de Yuliy ainda estava em seu nariz, era enlouquecedor, se ao menos...
Najla notou que o cheiro estava na cama, como se ele estivesse ali ou como se tivesse passado por ali. Encarou o lençol, o travesseiro, tateou o tecido e notou um objeto sobre o travesseiro. Pulou da cama sem pensar duas vezes, pegando a lamparina perto da lareira e virando-se para iluminar a cama, os olhos arregalados.
-Yuliy?? -Sussurrou para o escuro.
Foi caminhando rapidamente em direção à cama com a lamparina na mão, iluminou a cama e viu que o objeto era uma caixa de madeira. Olhou ao redor, ainda na esperança de encontrar Yuliy ali no quarto, mas realmente estava sozinha.
Colocou a lamparina na mesa ao lado da cabeceira, pegando a caixa de madeira delicadamente nas mãos, abriu lentamente, estava um pouco insegura, não sabia o que poderia encontrar dentro da caixa. Quando abriu, se deparou com um pedaço de pergaminho meio amassado e dobrado sobre uma fina camada de papel de seda. Pegou o papel nos dedos, abrindo para ler o que dizia o bilhete.
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O bilhete fez o coração de Najla se preencher de maneiras que ela jamais imaginara ser possível, ela podia sentir o sangue se acumulando em suas bochechas, não pôde evitar o sorriso em seus lábios.
"Espere por mim, em breve não iremos mais nos separar."
"Não iremos mais nos separar."
"Espere por mim."
Najla suspirou profundamente, releu o bilhete quase como um mantra, decorou as doces palavras escritas de forma tão elegante, seus dedos passeavam sobre as letras delicadamente, queria se prender no meio das palavras dele escritas ali, se prender à qualquer resquício de Yuliy que ela pudesse se agarrar para se preencher.
Baixou os olhos para o fino papel de seda, levantando-o delicadamente...
O que ela viu encheu seus olhos.
-Mashallah! -Najla riu, empolgadíssima ao ver os quadradinhos de Lokum vermelhos cobertos de açúcar fino, haviam muitos deles na caixa, o suficiente para matar a vontade de cinco pessoas.
