Truth Or Dare

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Música do capítulo: Fill The Void - The Weeknd, escutem para a melhor experiência...


Aquela voz cortou a cortina densa que me rodeava, seu tom confuso e exasperado ligeiramente abafado pela música ensurdecedora tocando, cada decibéis fazendo meu coração pulsar mais forte.

Meus olhos buscaram pelo rosto do emissor daquelas palavras, os pés tropeçaram no meio do nada e meus joelhos fraquejaram, me fazendo despencar da mesa de madeira no impulso que fiz para me virar, foi um momento rápido e antes que eu pudesse fechar os olhos temendo o inevitável encontro com o chão gelado, fui agarrada por braços torneados que me fixaram, impedindo minha fraqueza de fazer meu equilíbrio virar pó.

Cheguei ao ponto de errar as batidas quando encarei seu rosto maculado pela raiva que queimava sobre a superfície, era como se ele tivesse estrelas cadentes no lugar dos olhos, mas não sabia se isso se limitava a uma simples metáfora ou se as drogas na bebida que Logan me enfiou goela abaixo estavam me fazendo alucinar e ver isso diante de mim.

– Quieta, estou me segurando para não gritar com você. – A frase saiu dele como um aviso único que serviu muito bem para o propósito, seu tom frio me gelou a espinha e deixei que ele me levasse até um outro cômodo.

As mãos ásperas de Dominic apertavam minhas coxas com uma firmeza proposital, um toque possessivo que motivou um calor subindo direto do meu âmago, ninguém se atrevia a ficar no caminho dele enquanto o homem passava me carregando como uma donzela indefesa.

Com um puxão, ele fez a porta de correr abrir-se para nós, e então com mais alguns passos largos, eu reconheci uma cozinha grande em tons neutros com um toque bastante rústico, fui colocada no chão e cambaleei um pouco para trás, até voltar meus olhos para a sua expressão. Assustadora como um filme de terror, mas igualmente intrigante, daquele tipo que desperta um desejo incontrolável de espiar entre os dedos.

– Serena – começou, suspirando fundo, como se estivesse buscando as palavras certas – quando eu te deixei, eu disse para ir ao banheiro retocar a maquiagem. Pode, minha princesa, me explicar o que aconteceu do caminho do banheiro até aquela mesa? – ele perguntou, seu tom saindo de um sarcasmo casual para uma irritação que lutava para manter contida.

Pisquei as pálpebras devagar, abruptamente me sentindo zonza, sem senso de direção, a cozinha parecia girar ao meu entorno. Esfreguei os olhos, tentando organizar uma linha do tempo coerente.

– Ah… eu encontrei o Logan e-

Minha fala foi interrompida por um bufar irritado do mais velho, eu sabia muito bem que ele odiava a ideia de me ver tão alterada, ainda mais debaixo do nariz dele. Me encostei, o olhando sob os cílios, senti como se fosse uma criança tomando sermão.

– Só podia ser… – ele murmurou, o cenho franzido de frustração – o que eu disse sobre beber? Você não tem mais cinco anos.

Cruzei os braços desviando o olhar, eu detestava quando ele falava daquele jeito comigo, levantei a sobrancelha e tentei me firmar, olhando em seus olhos esverdeados.

– Dominic você não é meu pai, não tem direito de dizer o que eu tenho que fazer! – retruquei, as palavras se embaralhando umas nas outras, embargadas pelo álcool em excesso correndo em meu sangue.

– Não são regras minhas, é simplesmente um pouco de bom senso. Às vezes isso faz falta naquela casa, não acha?

Cada sílaba foi dita com escárnio e um toque a mais de um pesar implícito entre as linhas, naquele instante a tontura e o mal estar ficaram em segundo plano, uma intensidade torrencial carregada nas minhas orbes esmeralda foi refletida nas dele.

BLOODLINES: LIVRO UM.Onde histórias criam vida. Descubra agora