Capítulo 3

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Blake

Se alguém me dissesse ontem que eu acordaria ao lado da Bree Stewart mais uma vez, como fiz incontáveis vezes nos primeiros 15 anos da minha vida, eu mandaria se foder.

Há quatro anos que o único lugar em que ela existia era na minha memória. E só quando eu baixava a guarda, quando não estava atento, ela se infiltrava sem ser convidada em meus pensamentos, me deixando puto. Porque tudo o que eu fazia há quatros anos desde que Bree me deixou sem olhar para trás, era tentar esquecer que teve um tempo em que eu tinha a impressão de que era impossível respirar se ela não estivesse perto.

Mas o destino é mesmo um filho da puta traiçoeiro porque é para o rosto da garota que eu achei que nunca mais veria na minha vida que estou olhando agora.

Mesmo que essa Bree não seja a mesma Bree das minhas memórias.

Talvez por isso ontem eu não tenha percebido que a garota que se atirou em cima de mim na cozinha era a mesma que cresceu comigo.

Não que ela ainda pareça a Bree da minha infância e adolescência.

Essa Bree é outra pessoa.

A Bree das minhas lembranças relutantes usava aparelho nos dentes e o rosto sem maquiagem. Os cabelos escuros, presos num rabo de cavalo malfeito porque não tinha a menor paciência para fazer penteados elaborados como as outras garotas do colégio. E, sobretudo, aquela Bree ainda era, em muitos aspectos, uma menina.

Assim como eu era um menino.

Essa Bree é a versão mulher da minha Bree e desde que tirei minha língua da sua boca ontem e mirei seus olhos inconfundíveis e vi a mesma confusão e choque que havia nos meus, a porra do mundo estava de ponta-cabeça.

Por segundos intermináveis achei que estivesse chapado, mas me lembrei que até aquele momento não havia exagerado no álcool, pois não queria estar com meus instintos prejudicados para a luta que havia acabado de vencer e drogas era algo que eu não usava há algum tempo.

Mas que outro motivo haveria para estar vendo Bree naquela garota bonita na minha frente?

Uma garota que usava jeans apertado e um top que mal comprimia os seios que eu havia sentido em meu peito, assim como senti todas as curvas contra meu corpo há alguns segundos, quando estava com ela em minhas mãos.

Apreciando o que meus dedos encontravam pelo caminho enquanto retribuía o beijo atrevido.

Não era a primeira vez que uma garota se jogava em cima de mim, mas acho que era a primeira vez que uma delas nem se dava ao trabalho de tentar uma sedução antes de partir para o ataque literalmente. Elas tinham os mais diferentes estilos de chegarem junto e driblar a concorrência. Ainda mais quando era noite do acordo com a Beta. Algo que já existia antes de eu entrar para a Alpha ano passado, e que a princípio achei um jogo meio ridículo e arcaico, mas que comecei a achar divertido. Afinal, eram garotas bonitas fazendo tudo para chamar a atenção e dispostas a qualquer coisa para entrar na irmandade mais restrita da universidade.

E no fim éramos só um bando de caras com tesão. Que mal haveria em sexo fácil com estudantes dispostas a se submeter a nossas vontades?

Quando aquela garota me puxou e me beijou fiquei furioso porque eu gostava de escolher e não ser escolhido, mas nos segundos de choque que demorei a segurar sua cintura para empurrá-la senti um tesão inesperado que me fez puxá-la para mais perto, e não o contrário.

Foda-se.

Ela queria um beijo, ela ia ter.

Ainda ouvia a arruaça da galera no recinto enquanto enfiava minha própria língua em seus lábios e meus dedos em seus cabelos, para mantê-la exatamente onde eu queria, enquanto me dava conta de que a química que estava fazendo aquele beijo ser bom pra cacete provavelmente faria com que o sexo fosse melhor ainda. E foi ali que decidi com minhas mãos em sua bunda redonda e ouvindo seus gemidos que eram a resposta que eu queria – ela estava no mesmo lugar que eu – que a menina atirada estaria na minha cama em breve. Eu ia enfiar minha língua em todas as reentrâncias daquele corpo antes do meu pau fazer o mesmo.

Toda Sua FúriaWhere stories live. Discover now