Capítulo 6

321 70 11
                                    


Blake

— Que cara é essa?

Desvio o olhar da cena grotesca no meio da pista e Tracy está do meu lado emburrada.

— O que quer dizer?

Como um masoquista, meu olhar se prende de novo no casal se beijando ao som da música.

Bree e Ryan.

Mas que merda é aquela?

Então eles estão mesmo juntos? Fecho meus punhos com força, obrigando meus pés a permanecerem no mesmo lugar e não marchar até a frente do palco e arrancar a língua do Ryan da boca da Bree.

Ele não tem esse direito.

Ninguém tem.

E muito menos você. A voz cheia de escárnio sussurra em meu íntimo, mas eu a ignoro.

O fato de estar puto com Ryan se esfregando na Bree não tem nada a ver com o fato de ela ter me beijado primeiro.

Aquilo não significou nada.

Na verdade significou um tremendo erro.

Bree não sabia quem eu era assim como eu não sabia que era ela ali. Não importa que eu esteja com dificuldade de esquecer o gosto dos seus lábios, a textura de sua língua e a maneira que seu corpo estremeceu contra o meu, sua pele esquentando junto com a minha num tesão inesperado.

Proibido.

No fim, ela não era só uma menina que se jogou em cima de mim e que eu podia jogar em cima da minha cama e fodê-la até me cansar.

Era a Bree.

A menina que cresceu comigo, que eu não deveria desejar. Ainda que ela tenha virado as costas para a nossa amizade, me deixando sozinho com a escuridão que até hoje me assombra.

Desde que ela saiu do meu quarto naquela manhã, jurei a mim mesmo que nada mudou. Eu vivi sem Bree por quatro anos. Não preciso mais dela.

E ela não é mais a minha Bree.

É só uma estranha. Uma garota que eu não conheço.

Então, vê-la beijando outro cara não deveria me afetar.

Bree tem razão, não é da minha conta.

Não somos mais amigos.

Mas o que faço com a vontade de quebrar todos os dedos do Ryan que estão em suas costas, em seus cabelos?

Conheço Ryan, ele vai transar com Bree e descartá-la rápido, indo para a próxima conquista.

Mas vai haver outros. E terei que ficar olhando.

Mil vezes inferno.

Irritado, eu me levanto, me desvencilhando dos braços da Tracy e saio para a noite escura, respirando um longa golfada de ar.

Eu me recosto na parede e pego um cigarro.

— Ei, que merda é essa? — Tracy aparece na minha frente, aborrecida.

Não devo nada a Tracy. Nós ficamos juntos há duas semanas e sinceramente, acho que já durou demais.

— Não estou de bom humor hoje, Tracy.

— Por que não falou? Poderíamos ter feito outra coisa, só nós dois. — Ela se insinua encostando em mim.

Desde a noite em que eu a dispensei na última festa na fraternidade, ela vinha me ligando e perguntando quando íamos ficar juntos de novo, o que eu não saberia dizer.

Toda Sua FúriaWhere stories live. Discover now