☆Capítulo II - Falsificador Nato

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Ranpo bateu na porta animadamente, recebendo uma resposta quase imediata.

Mushitaro abriu a porta com um susto, ficando aliviado ao ver que era apenas a dupla de detetives.

— Ah... São vocês! — Ele fechou a porta com força, mas foi impedido por Ranpo, que já se espremia para dentro da casa alheia.

— Obrigado por nos receber, Mushitaro! — Poe, em contraste, entrou calmamente na casa, tirando suas botas na entrada e pedindo licença.

O falsificador não tinha sequer um fio de cabelo fora do lugar, suas mechas brilhantes e firmes, graças a uma quantidade desnecessária de gel. Ele parecia muito irritado pela visita inesperada, bufando e seguindo os detetives até a sala.

— Você andou escrevendo, como eu sugeri? — Edgar perguntou, pegando o caderno marrom da mesa e o folheando. Mesmo não lendo o que estava escrito, ele pôde ver o nome de Yokomizo escrito várias vezes as decorrer das páginas.

Mushitaro pegou o caderno de volta bruscamente, mas não respondeu a pergunta do poeta.

Ele suspirou e se sentou derrotado no chão da sala, em frente a mesa de centro. Ele tentou entender o motivo da visita repentina, que andava por toda casa com sapatos enlameado, um guaxinim e um pombo correio, pegando o pote de jujubas da geladeira e sendo seguido por um poeta em apuros.

Eles finalmente se cansaram e se sentaram a frente de Mushitaro, respondendo suas perguntas.

— "Bhom, prexichamos que voxê chire schua habilidache dax pixstas da caçha ao teschouro!" — Ranpo pediu, com a boca cheia de jujubas. Poe explicou o que ele quis dizer:

— Recebemos uma carta de Nikolai Gogol... — Ele colocou a carta sobre a mesa e Mushitaro pôde analisar o papel em suas mãos. — Ele provavelmente enviou uma carta parecida a você, o pedindo para sumir com as evidências... É verdade?

Mushitaro engoliu em seco e alargou a gola de sua camisa, a procura de ar.

— Então... alguém, realmente, veio me contatar nos últimos dias, mas não tinha nada a ver com Gogol... — Ele disse, um pouco nervoso.

Ranpo cuspiu os doces diretamente no rosto de Mushitaro ao perguntar em sintonia com o escritor:

— QUEM?! — O falsificador quase caiu para trás pel intensidade da dupla.

— Perdão... — Poe corrigiu, tossindo educadamente. — Você poderia descrevê-lo, por gentileza?

O falsificador se endireitar na cadeira, arrumando sua franja e a prendendo com os outros fios de cabelo banhados de gel.

— Bom... hm... sua voz era grossa, o que não combinava com o resto de seu corpo, já que ele era meio baixo, mas esguio — ele usou as mãos para indicar a altura da pessoa. Poe anotou tudo, silenciosamente.

— O que ele vestia? — O poeta perguntou.

— Roupas pretas e uma máscara de gás — O detetive respondeu, cortando a fala de Mushitaro.

— Você me assusta! — O falsificador admitiu, apontando acusadoramente para Ranpo. — Como voc-

— Você está escondendo algo — Ranpo interrompeu, rindo. — Você não faria um serviço desse pra qualquer um... O que ele ofereceu?

— E-eu não devo nada a nenhum de vocês! — Mushitaro levantou sua guarda, se sobressaltando, assustado com a habilidade de intuição do detetive.

— Creio que não. — Ranpo respondeu, seu tom a altura. — Mas não é sobre dívidas que estamos falando... Diga quem foi.

Código Morse | RanPoeWhere stories live. Discover now