Capítulo 35 - Um passo à frente, dois atrás

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Boa leitura :)
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POV Lanna
 
Aquela noite no apartamento das meninas foi um tanto... Conturbada. Para começar, mal botei os pés ali e já fui atacada por Lisa, mas isso era normal, até porque ela ainda achava que eu queria roubar sua garota. Ela tem uns amigos muito loucos, mas que realmente se preocupavam com ela, não faz nem dois meses que os conheço e já percebi isso. Depois tudo se resolveu, Lisa me pediu desculpas e pela primeira vez na noite passamos a nos divertir de verdade.
 
Hoyeon, a qual fui apresentada aquela noite, bebeu um pouco demais e acabou beijando Jennie na frente de todos que acabou confessando que as duas estavam saindo e para desviar o foco de si acabou expondo, de forma sutil, meu relacionamento com Chaeyoung. Apesar de todos desconfiarem, Jennie era a única que sabia que estávamos namorando. Minha namorada queria compartilhar com alguém e acabou contando a maior que guardou segredo... até então. Como Chaeyoung ainda se sentia tímida, eu tomei a frente e falei a verdade com o seu consentimento, surpreendendo a todos por usar a palavra namoro para definir nosso atual relacionamento. Todos queriam saber como tinha acontecido, mas decidimos contar apenas a Jisoo e Rosé, que estava acompanhada de Lisa, porém, não nos aprofundamos muito, afinal, a história completa só interessa a nós.
 
Apaixonar-me por uma garota hétero e religiosa nunca esteve em meus planos, mas como não me apaixonar por ela? Sua bondade, sorriso acolhedor, até mesmo seu modo de agradecer as pessoas... Tudo nela me encantava. Para ela parecia não haver tempo ruim, estava sempre com aquele enorme sorriso contagiante em seu rosto.
 
Me encantei à primeira vista e sabia que estava me metendo com algo perigoso e que poderia me machucar, mas eu já estava acostumada a me machucar, ainda carregava comigo aquela aliança de noivado que minha ex noiva havia me dado, não que eu ainda sentisse algo ou quisesse voltar. Eu del todas as chances possíveis para ela, mas eu estava dando valor a quem não merecia, então eu cansei, e esse anel representava a minha dor, as feridas que ela me causou, representava os erros que eu jamais deveria cometer novamente. Podemos dizer que nesse quesito eu e Lisa temos semelhanças. Como eu já havia chamado a mesma de babaca algumas vezes na frente das amigas dela – ainda por conta do que vi na Colors quando as conheci – acabaram me contando toda a história.
 
Chaeyoung e eu nos aproximamos de uma forma muito rápida, em pouco tempo eu já estava indo à missa juntamente a ela e sua família que me acolheu como uma filha. É claro que eles não sabiam do meu passado, que eu tinha uma ex noivA. Eu passei a frequentar sua casa, ela passou a ir à minha e eu percebia que seus abraços carinhosos, seu cuidado comigo e sua mão que vez ou outra encontrava a minha, queriam bem mais que aquilo. Eu queria mais que aquilo.
 
Passei a correspondê-la mais ainda, pior, passei a tratá-la como minha namorada e ela parecia gostar. Eu nunca havia passado do limite, eram apenas abraços, beijos no rosto, carinhos em geral chegando até mesmo a assistir filmes agarradinhas, um dos nossos melhores momentos diga-se de passagem. Porém, a vontade de beijá-la e tê-la em meus braços de uma vez por todas estava se tornando cada vez maior, a ponto de eu não conseguir mais segurar e então, quando fui deixá-la em sua casa, após a missa de domingo à noite, eu a beijei.
 
Flashback Lanna ON
 
Eu estava uma pilha de nervos, mas precisava fazer aquilo, era agora ou nunca. A paguei de surpresa, ela estava prestes a sair de meu carro quando puxei a porta de volta para em seguida atacar os lábios da garota ali comigo. Ela não tentou resistir, pelo contrário, relaxou em meus braços e correspondeu ao beijo. Eu não poderia estar mais feliz, tinha tanta coisa a dizer a ela, mas inesperadamente ela quebrou o beijo de repente e saiu do carro praticamente correndo, me deixando com uma enorme interrogação na cabeça.
 
-Chaeyoung! Volta aqui. – tentei chamá-la, mas já era tarde, ela estava entrando em casa.
 
Pego meu celular em imediato ligando para ela que não me atendia, depois de algumas tentativas resolvi dar partida e ir para minha casa, ainda tentando falar com a mesma por meio de ligação. Chegando em casa, jogo-me em minha cama mudando minha tática, lhe mandei várias mensagens dizendo tudo que eu sentia por ela, desde a primeira vez que nos vimos, mas ela apenas visualizava. Seu silêncio estava a me maltratar. Vou até minha geladeira buscando por algo para beber, uma garrafinha azul me pareceu muito atrativa. Subi novamente ao meu quarto tomando o líquido gelado bem acomodada em minha cama, lembrando de todo o ocorrido naquele dia.
 
Primeiramente, acordei com duas mensagens em meu celular, uma de Seulgi e outra de minha baixinha. Seulgi me convidava para passar a tarde em sua casa, segundo ela uma festinha para poucas pessoas, basicamente as amigas mais próximas, e ela precisava da sua bartender particular, pelo menos é assim que ela me chama. Já Chaeyoung dizia querer falar comigo sobre algo que havia acontecido em sua noitada com Rosé, Lisa, Jisoo e Jennie. Como ela também iria a casa de Seulgi, combinamos de nos falar por lá. Eu só não esperava que fosse ouvir o que a mesma me disse. Assim que Ten e eu conseguimos plantar aquela ideia maluca na cabeça de Lisa e a mesma levou Rosé embora consigo, Chaeyoung me puxou para um canto dizendo que na noite anterior havia encontrado seu ex namorado e que os dois haviam ficado aquela noite. Senti meu peito arder, meu coração apertou. Eu só não me senti pior porque mesmo não tendo obrigação nenhuma, ela me contou tal coisa e eu sabia que ela estava completamente bêbada e que estando bêbada faz muita coisa que jamais faria sóbria.
 
- Você e ele tem chances de voltar? – perguntei receosa.
 
-Não... Não mesmo - respondeu calma. – Eu só estava bêbada demais e ele foi um fofo como sempre. Provavelmente só ficou comigo para evitar que outros se aproveitassem de mim estando naquele estado, levando em conta que eu deveria estar bem atiradinha. - sorriu sem graça.
 
Eu não podia mais perder tempo e então naquele mesmo dia, horas depois, eu fiz o que tinha que fazer. Agora estava sentada em minha cama encostada a cabeceira tomando uma garrafa de cerveja, encarando a tela de meu celular a espera de uma resposta dela.
 
(...)
 
É, a resposta não veio e acabei pegando no sono acordando sei lá quanto tempo depois pelo som vindo de meu celular. Quem liga para alguém no meio da madrugada? Com muita preguiça pego o aparelho tentando ver quem era o ser, com dificuldades consegui ver o nome daquela que eu tanto queria. Atendi no mesmo instante com rapidez e um tanto de desespero.
 
-Oi - digo rouca num pulo, sentando-me em minha cama.
 
-Oi. – sua doce voz soa tímida. – Desculpa te ligar agora, mas eu não estava conseguindo dormir. Poderia abrir a porta pra mim?-questiona demonstrando receio.
 
Que? Eu estou sonhando ou...
 
Levanto da cama em velocidade chegando a tropeçar no carpete indo até a janela de onde vi seu carro estacionado a frente de casa.
 
-Você está aqui?! São que horas?
 
-Pouco mais de 1h e sim, eu estou na porta da sua casa e se quer saber, tá um pouco frio aqui.
 
-O-ok, eu tô indo, eu tô indo. – desligo nervosa.
 
Jogo o aparelho em cima da cama saindo do quarto para descer as escadas correndo. Abro a porta de modo afobado, me atrapalhando com as chaves e lá estava ela com os braços cruzados de modo a abraçar o próprio corpo. Usava uma regata vermelha e uma calça de moletom cinza.
 
-Entra. – peço e ela obedece.
 
Sentou-se em meu sofá em silêncio encarando os dedos da mão entrelaçados. Sentei-me ao seu lado também em silêncio.
 
-Eu não sei como vou contar aos meus pais.
 
-Não precisa contar a eles que te beijei. Se é isso que está te tirando o sono, fica tran-
 
-Você sabe que não é isso. – ela interrompe. – O que eu não sei é como vou contar que me sinto atraída por você.
 
Um sorriso rasga meu rosto com sua declaração, era a primeira vez que ela me dizia tal coisa.
 
-Se você aceitar meu pedido, a gente enfrenta isso juntas. - Puxo sua mão depositando um beijo em seu dorso.

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