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Lara havia perdido o bebê, ela estava encolhida na cama desde então falava raramente poucas palavras.

Ariel sabia exatamente o que ela estava passando, pois Cristina perdeu a filha dela Angela e essa dor foi sentida por toda a família e ainda é. 

Frederico havia entrando no quarto horas mais tarde com o café da manhã delas um pouco atrasado.

O café foi deixado na pequena mesa de três lugares que ele havia colocado no quarto delas, enquanto dormiam. 

Ariel estava sentada no chão frio encolhida olhando para a amiga naquele estado sem conseguir fazer nada e tudo piorava com o sorriso irritante no rosto de Frederico. 

Sua dor era tanta, mas tanta que desejava que seu coração saísse de seu peito ou que não sentisse mais nada, nem amor, nem ódio, nem medo, nem coragem, sem esperança, absolutamente sem nada. 

Ela não queria mais nada ao redor, havia perdido a graça, nem mesmo aquele passarinho que cantava perto do quarto delas a animava ou a fazia pensar que existia ainda um mundo lá fora e que pessoas dele estavam a procura delas. 

Lara havia perdido a única coisa que ainda a dava esperanças e por mais que ela quisesse reagir, o seu corpo foi totalmente anestesiado, impossibilitando que se movesse. 

O desespero e a dor que a feria era cortante como se arrancasse a sua carne com uma faca de cozinha como se tivessem feito uma amputação, mas sem anestesia. 

Lara nunca pensou que sentiria algo assim nem mesmo quando o seu tio a marcou, mas também não se pode comparar a dor de perder um filho com a de ser marcada. 

As duas te matam lentamente, mas talvez a de ser marcada você ainda possa lutar e seguir em frente, encontrar alguém legal que te ame e ame os seus defeitos e medos e traumas ou simplesmente te perdoar mesmo que não tenha tido culpa.

Mas e quanto a dor de perder um filho? Se ser marcada já dói ao ponto de faltar o ar, como se viver sabendo que dentro de você uma vida que se formou foi interrompida? 

Como se vive com tanta dor? 

Lara chorava sem parar, seu corpo estava fraco assim como sua alma e seu espírito, seu rosto pálido e olhos fundos não tinha forças para reagir e nem mesmo ela queria isso. 

Não queria mais lutar e mesmo que quisesse lutar não conseguia, era como se o peso do corpo a mantivesse imóvel. 

Ela fungava, limpava o rosto sem vida e fechava os olhos levando a mão na barriga, o sofrimento que parecia ter dado uma pausa voltava com tanta força que quase a sufocava. 

Ariel havia se levantado da cama de Lara e se sentado no chão logo depois de Frederico entrar no quarto trazendo as bandejas com comida, aquele maldito sorriso no rosto como se já soubesse da desgraça que ele mesmo causou. 

A única pouca esperança também foi tirada dela, a aliança arrancada de seus dedos por Frederico aquilo a fazia se sentir mais perto de Charles. 

Ao olhar para ela em seus dedos era como se soubesse que tudo ficaria bem e que seu sonho se tornaria realidade, ela se casaria com Charles e juntos cuidariam das gêmeas e teriam seu filho algo gerado do amor deles. 

Seu coração estava apertado pela Lara que chorava com a perda do bebê e por ela mesma que a cada segundo que passava a mais trancada sem notícias ficava sem esperança. 

Olhava para Lara e seus olhos ficaram marejados e as lágrimas iam descendo sem esforço algum. 

Ela sabia que não podia chorar, tinha que ser forte e dar força para Lara, mas se perguntava de onde tiraria tal força? Se nem mesmo tinha para si mesma? 

Amores Doentios |+18| |Concluída|Onde histórias criam vida. Descubra agora