Bandeira Amarela

812 76 89
                                    

~~~♧~~~

✨️Aviso✨️

Ooi gente, esse capitulo me fez chorar kkkkkkk confesso q fiquei um pouco emotiva escrevendo, mas enfim espero que gostem, eu amei, mas sou suspeita pra falar hehehe desculpem a demora, a faculdade tava me consumindo demais, o próximo provavelmente vai ser o último.

~~~♧~~~

~O que tem por trás dos seus olhos~

- Boa noite Rams. - Sussurrou se afastando.

Ramiro não dormiu naquela noite pensando no tempo que passaram juntos e em tantos outros que ainda passariam. Poderia agora, finalmente, dizer que estava não apenas entregue como completamente à mercê de Kelvin, e, com toda certeza ele aceitava isso. Kelvin o tratava com tanto cuidado, um cuidado que nunca recebeu de ninguém, ele era o único que o via verdadeiramente, o único que o amava, que o respeitava, que o escolhia. Ramiro ainda não entendia, e talvez nunca fosse entender o que fez Kelvin o escolher tantas vezes, mas o amor é assim, não escolhemos, ele apenas acontece e Ramiro entendia isso agora, entendia que o amor não era racional.

Por não conseguir pregar os olhos, Ramiro saiu. Os ponteiros do relógio indicavam ser quase duas da madrugada quando passou a andar sem rumo pela fazenda. Naquela noite, nem com a ajuda dos carneirinhos o sono veio para ele, seu coração e sua cabeça não o permitia fechar os olhos. Depois de muito andar, chegou a um lugar que a muito tempo não ia, o playground abandonado das crianças La Selva. Não era de fato muito longe da casa principal, mas longe o bastante para não ser mais visitado ou cuidado. Já não estava mais sob a vista de alguém, então não carecia de cuidados.

Sentou-se em um dos balanços apertando seu traseiro no pequeno banco, segurou as correntes enferrujadas, cada uma com uma mão ao lado de seu corpo espremido, e, com o pé, passou a se balançar levemente, movendo seus pés para frente e para trás. O ranger das correntes chegavam em seus ouvidos de forma preguiçosa, era quase como se as correntes estivessem se recusando a se mover depois de tanto tempo paradas. Ele permaneceu movendo seu pé, primeiro a ponta e depois o calcanhar, seus movimentos eram suaves, ele apoiou a cabeça em sua mão esquerda ainda segurando firmemente a corrente nada segura e repassou o dia que teve ao lado de Kelvin.

Tanta coisa acontecia quando estavam juntos, tanta coisa. Ele sentia-se corajoso, amado, confiante, sentia-se como se dominar o mundo fosse realmente uma tarefa possível. Nunca se sentiu assim em toda sua vida, nem mesmo quando era criança quando podia sonhar em ser rei, ou em ser um pirata, ou até mesmo um médico, ou bombeiro. Não! Nunca pode fantasiar, mas ao lado de Kelvin, ele sentia que podia tudo, posto que não estaria sonhando sozinho. Kelvin, Kelvin, Kelvin, sempre ele, sempre em seus pensamentos.

Quando criança, o trabalho já era sua prioridade, as fantasias infantis ficavam em segundo plano, mas não eram totalmente nulas ou inexistentes, Petra contribuiu muito para isso. Quando criança, analisando agora, poderia dizer que Petra foi sua única amiga, é verdade que cresceu ali com os La Selva, mas Caio e Daniel nunca foram seus amigos. Ele chegou à fazenda com sete anos, nessa época Petra ainda era um bebê de três anos. Os irmãos não se desgrudavam, e quando tentava se aproximar, eles o excluíam ou pregava peças nele, isso o deixava irado e com saudades de casa, mas não podia reclamar, não tinha um colo para chorar e pedir para voltar e ele queria mais do que tudo voltar para sua mãezinha.

Ramiro logo percebeu que não havia a menor possibilidade de voltar para casa, e todas as vezes que chorou, que implorou para voltar, recebia tapas e mais tapas, castigos que nenhuma criança deveria receber, "você é macho, pare de chorar, engole o choro!" Ele ouvia dos peões e na maioria das vezes de Antônio. Era uma vida injusta, muito injusta, ele percebia isso agora, ou ao menos estava começando a perceber como era ser tratado como gente, com direitos e entendia como era ter dignidade e respeito.

BandeirasOnde histórias criam vida. Descubra agora