39° capítulo: Amor sangra

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Lado A - Ana

Sinto que meu mundo azul está desabando e eu não posso acreditar que isso está acontecendo. Será possível que eu não mereço ser feliz com o homem que eu amo?

Fico olhando na Internet a foto, onde estou abraçada ao Leonardo, ganhando cada vez mais comentários, cada vez mais julgamentos e mais proporções catastróficas; quando na verdade, era apenas um abraço.

Fico imaginando quem foi o filho da puta que estava ali para fazer a foto e o inferno na minha vida. Com certeza estavam me observando e a foto foi proposital.

- Anda, Zac atende esse telefone. - eu estava desesperada ligando pra ele depois que desligou na minha cara.

- Porque eu estou ligando pra ele? Ele jogou a minha índole no lixo.

Zac estava com um ódio incontrolável, me disse barbaridades que eu nunca imaginei ouvir dele.

Agora o telefone só cai na caixa postal, deixando claro que ele não quer falar comigo, piorando minha aflição.

Entro em desespero e decido voltar para Tulsa antes do previsto, porque nada mais importa, a não ser esclarecer tudo isso. Ele não podia estar duvidando de mim, mas ele está! Isso, ao mesmo tempo que me revolta, acaba comigo.

Não consigo manter a calma e arrumo minhas coisas aos prantos.

Atendo usando o fone de ouvido, enquanto choro e enfio as roupas na mala.

- Ana, prima. Você está chorando? Por favor, você precisa se controlar. Fale comigo e diga o que foi que aconteceu? Você está tão longe e sozinha. Quando você volta?

- Ah, Jeni... eu estou em pedaços porque o Zac está pensando que é verdade. Estou arrumando minhas malas. Quero chegar em Tulsa o quanto antes.

- Quer me contar o que aconteceu? Você precisa parar para pensar.

Contei a ela minha conversa com Leonardo sobre o pai, que por ironia do destino, era o mesmo garoto de São Bento do Sapucaí que havia ficado porque era parecido com o Zac.

Minha prima ficou pasma com a revelação e preocupada com o que poderia acontecer daqui pra frente. Eu também estava, porque não estava sabendo lidar com esse misto de sentimentos: raiva, susto, indignação, injustiça. Eu chorava muito e preferi desligar.

Senti que estava começando a passar mal, com meu estômago revirando de ansiedade. Ouvi alguém bater na minha porta, fiquei um pouco tonta e me segurei na parede para me equilibrar e chegar até ela para abrir.

Ao abrir a porta, deparei-me com Leonardo e fiquei ainda mais tonta.

- Sai do meu quarto, Léo. Vai embora, por favor. - Eu me afastei da porta e minhas pernas fraquejaram com os meus sentidos se apagando.
Léo entrou e me segurou quando eu já ia cair.

- Ana! Ana! Calma!

Eu recobrei os sentidos, percebendo que eu estava na cama e o cheiro de álcool ardia as minhas narinas e me sufocava. Léo massageava meus pulsos e minha perna estavam em cima de dois travesseiros.

- As cortinas... eles estão nas cortinas. Fecha, fecha! Fecha! - Eu falava ainda com a cabeça zonza e só conseguia pensar que alguém poderia ver o Leonardo no meu quarto e contar para o Zac.

Leonardo fechou as cortinas e veio até mim novamente.

- Ana, você está em colapso?

- Você precisa ir embora, Léo. Não quero que vejam você no meu quarto.

- Ana, não fizemos nada. Não temos nada. Vamos desmentir tudo. Você desmaiou e parece pálida, não vou sair daqui e te deixar assim. Quer que eu te leve ao hospital?

Lado A Lado BOù les histoires vivent. Découvrez maintenant