Capítulo 6 - Jogo

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Caleb

O sinal para o intervalo bate e Caio e eu somos os primeiros a sair da sala, quando estamos descendo as escadas ele me pergunta:
ㅡ Qual é a sua com a garota da igreja? Vocês já se conheciam?

ㅡ Não ㅡ respondo e ele ri ㅡ rindo de que, cara?

ㅡ Você conhece ela, né?

ㅡ Já disse que não.

ㅡ Por que então daquela cena do cubo mágico?

ㅡ Eu havia comentado ontem com ela algo relacionado. ㅡ digo e paro na fila da lanchonete.

ㅡ Felipe disse que vocês pareciam próximos, e a menina não parece ser do tipo que faz amizade com qualquer um.

ㅡ Falou certo, irmão... Eu sou eu né, não um qualquer. ㅡ quem vê até pensa que me valorizo tanto assim ㅡ Mas que conversa chata essa de vocês, né não? Eu conheci a garota ontem, só conversamos na aula de artes, pronto, fim de papo. Agora vê se fica aí na fila que eu vou ficar guardando lugar ali na mesa do canto.

Deixo ele na fila e me sento em uma mesa um pouco afastada, fico observando a multidão aumentar e nisso avisto Caroline com outras garotas se aproximar e se sentarem em uma mesa perto da que eu estava.
Ela olha em minha direção e eu desvio o olhar, batuco na mesa com as pontas dos dedos e levanto a cabeça quando percebo que alguém se senta logo em seguida, de frente para mim.

Ah não, ela não...

Quanto tempo... ㅡ Caroline diz em tom debochado e eu rio sem humor.

E poderia fazer mais tempo, eu não me importaria.

Como? ㅡ pergunto retórico e irônico.

ㅡ Você não é o menino dos cubos? ㅡ ela pergunta e eu franzo o cenho demonstrando não ter entendido ㅡ é que algumas pessoas te chamam assim.

Só ela, no caso.

ㅡ Engraçado, nunca vi ninguém falar assim não.

ㅡ Enfim... Não sei se você se lembra, mas estudamos juntos no primeiro ano ㅡ é, eu me lembro.

E?

ㅡ Vim perguntar como você está?

Cadê a camêra? ㅡ olho em volta ㅡ certeza que é pegadinha.

Eu estou ótimo, obrigado.

ㅡ Você mudou muito do primeiro ano pra cá, né? ㅡ ela semicerra os olhos me encarando.

ㅡ Se o seu objetivo é pedir dinheiro para o lanche, esquece, quebrado. ㅡ digo e ela ri.

Beleza, vamos a explicação:
A questão é que minha mãe faleceu justamente no começo do meu primeiro ano aqui na escola, ㅡ ano em que Caroline e eu estudamos juntos ㅡ e como eu havia falado, Caroline é o tipo de pessoa que todos torcem para não cair na mesma sala que ela, eis aqui o meu motivo... Ela me chamava de "Mosca" ㅡ Da novela Chiquititas, apelido de um dos garotos de lá ㅡ dizia que eu parecia com ele pelo cabelo enrolado e a coincidência de não ter mãe.
Ela também pedia dinheiro o tempo todo para mim, como se eu fosse o banco particular dela.
Eu admito que sempre fui bagunceiro na escola e irrito todo mundo ㅡ menos uma certa pessoa aí, pelo visto ㅡ mas esse ano em específico, eu dei uma trégua e fiquei na minha, mas Caroline aproveitou o momento para devolver na mesma moeda. ㅡ o que não fez sentido porque eu nunca cheguei a fazer nenhum tipo de brincadeira com ela, mas a mesma deve ter tomado as dores dos outros.

O Amor que vem do AltoWhere stories live. Discover now