Véu De Obsessão

07

–Tenha uma boa tarde!

Digo ao moço do táxi antes de deixar o seu carro. Decidi vir ao centro da cidade para comprar algumas coisas que estava precisando. Logo avistei uma papelaria que me chamou muita atenção. Ela era toda pintada de azul por fora, e com um vidro que dava a visão dos produtos vendidos da loja.

–Boa tarde, vocês tem E.V.A  marmorizado?

Pergunto a atendente que apenas confirma com a cabeça e me guia para um outro setor da loja.

–O caixa fica naquela direção.

A atendente me fala quando me entrega o material que pedi.

(...)

Tinha chegado a pouco tempo em minha casa. Passei a tarde inteira rodando pelas lojas da cidade.

–Que alívio!

Digo para mim mesma no momento em que termino de beber o primeiro copo de água da minha tarde inteira.

Fui para ao banheiro e me olhei no espelho, me deparando com o reflexo de uma Scarlett totalmente acabada. Peguei meu celular e coloquei speak now da Taylor Swift. Tomei o banho mais relaxante dos últimos tempos, penteei meu cabelo e me enrolei na toalha, indo em rumo ao meu quarto.

Me joguei em cima da minha cama sem me importar de vestir algo. Afinal, eu estava só. Mechi um pouco no meu celular, e respondi algumas mensagens de Caius. Como por exemplo, "Você viu que a professora do nível dois descobriu que está grávida?" Ou então, "Sabia que o coordenador estava tendo um caso com a faxineira?". Caius é uma das pessoas mais fofoqueiras que já conheci em toda a minha vida, quando tento lhe informar sobre isso, ele arruma mil e uma desculpas para justificar-se de que não é um fofoqueiro.

O sono já estava me consumindo, e amanhã eu tinha que fazer uma aula pratica com as crianças. Guardei meu celular a mesa ao lado de minha cama e me ajustei nos lençóis para que meu cochilo ficasse mais confortável. Tentei dormir de todas as formas e posições possíveis, mas simplesmente não conseguia. Me sentia vigiada o tempo inteiro.

Já estava quase pegando no sono, quando a sensação de um olhar sobre mim me desperta rapidamente. Uma corrente elétrica percorre a minha espinha, fazendo me sentir nervosa. O ar estava empreguinado por um perfume familiar, nunca teria como me esquecer desse cheiro.

Um vento sútil faz com que as cortinas do meu quarto balançem. Não me lembro de ter deixado as janelas abertas. Saio da cama e caminho em direção a janela, e a fechando.

–Acho que está me procurando.

Um novo arrepio me percorre no momento em que escuto sua voz, me viro rapidamente lhe vendo ali. Ele estava parado na minha frente. Sua pele é pálida, o que dá um contraste em seus cabelos pretos que caem de maneira bagunçada sobre sua testa. Os seus olhos pretos e intensos refletem uma dualidade entre o sarcasmo e o mistério, me causando um pequeno nervosismo. Suas sobrancelhas  levemente levantadas mostravam-me a pequeno riso que continha em seu supercílio esquerdo. Uau, ele é melhor do que imaginava.

–O que está fazendo aqui!?

Pergunto e vejo ele franzir o seu senho em sinal de desapontamento.

–Primeiramente, uma boa noite para você também.

Ele ignora totalmente minha pergunta, o que me faz sentir um pequeno ódio por ele.

–Como entrou aqui?

–Você deveria investir em janelas mais seguras, imagine só se fosse um desconhecido entrando em sua casa.

–Você é um desconhecido!