Unstoppable|ᴘᴇᴇᴛᴀ ᴍᴇʟʟᴀʀᴋ

XI

SENTI MEU CORAÇÃO acelerar quando Effie empurrou meu corpo para o palco. Tentei sorri gentilmente quando escutei as palmas, mas a feição alegre logo se desfez quando vi o rosto de Rue no grande telão que estava em minha frente. Engoli em seco encarando as pessoas que eu sabia que eram sua família. Olhei para Peeta e implorei apenas com meus olhos para que ele começasse logo, eu não conseguiria.

— Obrigado! Estamos honrados em estar com vocês aqui hoje... E estar com a família dos Tributos derrotados.

Senti meu estômago embrulhar e a pouca comida que eu havia comido o dia inteiro quis sair pra fora. Como poderiam escrever aquilo? Percebi que Peeta havia concordado comigo quando ignorou totalmente os papéis que estavam em suas mãos.

— Embora eles tenham lutado com honra e dignidade até o fim... Thresh e Rue eram tão jovens. Mas nessas vidas não são medidas apenas em anos. Elas são medidas na vida das pessoas que tocamos ao nosso redor. Para mim....— Ele se virou e me encarou — e para Jade... Sabemos que sem Rue e sem Thresh não estaríamos aqui hoje. Então, em reconhecimento a isso, sabendo que isso não pode de forma alguma compensar a sua perda.. gostaríamos de doar um mês dos nossos ganhos às famílias dos Tributos, todos os anos pelo resto das nossas vidas.

Pisquei confusa quando ele disse aquilo, estava concentrada nas irmãs de Rue, elas eram tão parecidas. Observei Peeta e pensei em dizer que ele não poderia fazer aquilo, mas ele fez, então podemos.

— Obrigado... — Peeta dissera no meio das palmas e se virou para ir embora.

Pensei em Rue e em Thresh, não havia conhecido o garoto muito bem, mas Rue era a minha amiga, eu precisava falar, por ela.

— Eu só queria dizer que... — Falei baixo quando cheguei perto do microfone — O que Thresh fez por mim na arena mesmo sem me conhecer é uma dívida que eu nunca conseguirei pagar...— Falei encarando a família do garoto —E Rue....Rue foi minha amiga, me preparei minha vida toda para esses jogos mas estava disposta a morrer pela sua filha.... Se eu pudesse mudar o passado eu mudaria, e Rue estaria aqui no meu lugar. Rue foi minha amiga, e nunca me esquecerei dela, me perdoe por não ter conseguido salvá-la.

Terminei de falar e tudo aconteceu muito rápido, vi um homem entre a multidão fazer o símbolo de resistência. E a cena que eu vi nunca saiu da minha cabeça. Haymitch puxou eu e Peeta para um quarto isolado.

— Vocês dois têm uma tarefa muito simples — Ele dissera irritado.

Não conseguia segurar as lágrimas, eu estava me sentindo horrível. Meu coração parecia que ia sair da boca e o enjôo só aumentava.

— Eu não queria que ninguém se machucasse.... Ele precisa saber disso, ele.... Ele precisa! — Falei desesperada e me apoiei em uma parte do quarto, minha visão sumia aos poucos.

— Do que você está falando? Quem precisa saber do que? — Haymitch perguntou.

— O presidente Snow, ele veio me ver. Ele está preocupado com a rebelião nos distritos. Ele acha que não acreditam na nossa história de amor.

Fiz uma careta e coloquei uma de minhas mãos sobre minha barriga.

— Então ele quer que você os faça acreditar? — Assenti quando Haymitch perguntou.

— Jade... Você deveria ter me contado isso —Peeta dissera calmamente — Caramba... Eu não teria feito aquilo tudo.

— Me desculpe Peeta... Não sabia o que fazer, ele ameaçou a minha família e.... — Fui falando mas ele me interrompeu de uma maneira totalmente diferente.

— Cara, eu tenho uma família também, ok? — Peeta quase gritou em minha cara — Pessoas que eu preciso proteger!

— E quanto a eles? Quem os protege? — Perguntei para Peeta apontando para a janela.

— Vocês dois.... No que estavam pensando? — Haymitch perguntou.

— Na Rue, eu só pensei nela.... Olhe Haymitch me desculpe, apenas me ajude a terminar essa viagem para voltarmos para casa...

— Essa viagem? Acorda garota. Essa viagem não acaba quando você volta pra casa. Você nunca sai desse trem, vocês dois são mentores agora. Isso significa que todos os anos eles irão de arrastar para fora para divulgarem os detalhes do seu romance.

Engoli em seco e um gosto horrível veio de vez, e só enxerguei o escuro.

(...)

Tive pesadelos todas as noites, em todos os Distritos. Vi minha irmã sofrendo na mão de Snow e acordei suada, minha garganta doía e só percebi que gritei alto demais quando Peeta apareceu.

— Foi só um pesadelo, me desculpe...

— Tudo bem, eu também os tenho... — Ele dissera calmo e fora saindo da cama.

—Ei... Peeta! — Pareci desesperada — Pode ficar aqui essa noite? — Falei envergonhada.

Peeta deu um sorriso envergonhado mas assentiu e se deitou em minha cama. Me aconcheguei em seus ombros.

— Não precisa pedir Jade, sempre estarei com você... — Ele sussurrou baixo entre meus cabelos e senti sua respiração desacelerando aos poucos.

— Ei Peeta...— Continuei falando baixo e passei um dos meus dedos pelo peitoral do garoto — Me perdoe por não ter te contado sobre o Snow e por te deixar falando sozinho com os Distritos...

Peeta fez um carinho delicado em minha bochecha e respondeu — Não se desculpe....Fiquei nervoso na hora e te respondi daquele jeito, eu não devia ter feito isso — Peeta suspirou e encostou o queixo em minha cabeça — E você não está bem Jade, está se alimentando bem? O que aconteceu?

Pisquei algumas vezes quando ele perguntou aquilo, eu não havia parado pra pensar no meu mal estar.

— Você sempre vomitou assim? Não é normal, talvez você esteja com algum.....

Porra.