Capítulo 13

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Isabela narrando

Eu ainda estava digerindo o que estava acontecendo, Ravi com ciúmes de mim?

- Posso segurar sua mão? - Ele perguntou com  a voz rouca de sono.

- Pode sim. - Segurei a mão de Ravi, ele puxou até sua boca e deu um beijo.

- Você é incrível. Muito obrigado por tanto cuidado. - Ele continuou segurando minha mão e adormeceu. Já era por volta das duas da manhã. Como ele  dormia apenas três horas por noite, o deixei  quietinho e não tentei soltar minha mão. Acabei dormindo também, após admirar tanta beleza.

Algumas horas depois Ravi começou a se mexer muito na cama. Parecia estar tendo um pesadelo.
Coloquei a mão no seu tórax para tentar acalma-lo, mas lembrei que ele não gostava que o tocasse. Comecei acariciar seu rosto e ele foi relaxando... Abriu um pouco os olhos e olhou para mim.

- Está tudo bem? Foi só um sonho ruim. - Continuei passando a mão em seu rosto.

- Isabela, me abraça? - Aquela voz me fazia desmanchar. Ele poderia pedir tudo o que quisesse. Ele parecia ter medo, dava para perceber na voz, como uma criança.

- Você quer que eu te abrace? - Como assim? Até onde aquilo era efeito do sono? Será que ainda estava dormindo? Pra mim era a realização de um sonho. Cheguei mais perto dele e passei a mão em sua testa, estava me certificando de que ele não estava delirando. Ele estava suando frio. - Está tudo bem mesmo? - Perguntei.

- Está sim, só tive um pesadelo horrível. - Ele já estava de olhos fechados. - Você poderia me abraçar? Por favor. - Ele abriu os olhos e olhou em minha direção. Não sou de pedir isso pra ninguém, mas eu estou pra você . Estou realmente precisando.

- Claro que posso, vem aqui... Como você quer que eu te abrace? - Aquilo estava partindo meu coração.

- De qualquer jeito. Só quero me sentir dentro dos seus braços. - Ele deitou de barriga para cima e eu estava virada de lado, de frente para ele.

- Vira, fica de frente para mim. - Ele se virou, cheguei bem mais próximo ao seu corpo e passei meus braços por ele. Um braço por baixo de seu pescoço e o outro por cima de seu corpo. Dei leves batidas em suas costas e fiquei cantarolando uma música. Essa música sempre me ajudava quando eu me sentia só. A dona do orfanato colocava para dormimos.

- Isabela, desculpe por tudo isso.  - Ele enfiou o rosto nos meus cabelos, eu estava com o meu rosto na altura de seu pescoço.

- Pare com isso. Você fez e faz muito por mim, é hora de retribuir. Agora descanse. - Ficamos assim por alguns minutos, ele em silêncio e eu cantarolando.

- Obrigado. Estou me sentindo um pouco melhor. Posso te abraçar? - A pergunta dele fez meu coração disparar.

- Claro... Claro que sim. - Ri baixinho.

- Com licença. - Ele passou o braço por baixo do meu pescoço. Assim que eu recolhi o meu, que estava por baixo do pescoço dele. - Se ficar desconfortável ou pesado, o braço que vou por sobre você, pode tirar. Eu nunca dormi com ninguém. Isso é um pouco estranho. -Ele riu baixinho.

- Está tudo bem. Relaxa! Se seu braço ficar dormente, você tira de baixo do meu pescoço. - Continuei dando leves batidas em suas costas, logo adormeceu.

Seu cheiro exalava diretamente para meu nariz. Eu queria poder enfiar o nariz em seu pescoço e distribuir beijinhos por ali. Além de lindo, inteligente, protetor, tinha o cheiro maravilhoso.
Fiquei admirando seu rosto perfeito, parecia ter sido esculpido. Como alguém pode ser tão lindo assim? Nunca tinha olhado um homen tão de perto.
Me perdi no tempo, observando o contorno de seu rosto. Ele se mexeu um pouco e eu fechei os olhos, fingi estar dormindo.

- Isabela... Não me deixe! Eu não sei o que vai ser da minha vida sem você. - Ele era sonâmbulo? Abri os olhos vagarosamente, ele parecia estar dormindo ainda. Decidi responder.

- Eu não vou a lugar nenhum. - Sussurrei.

- Acho bom... Eu não vou deixar você ir, você é minha vida agora. - Respirou fundo e sorriu. Sua respiração ficou profunda em poucos instantes.

O quê? Eu sou sua vida? Aquilo me fez sorrir e me sentir especial.
Será que ele estava alucinando? Fiquei rindo igual uma boba.
Me aproveitei do momento e o abracei apertado. Eu era casada com ele, seria errado eu me aproveitar do meu marido?
Respirei fundo para aquele cheiro ficar gravado em minha memória. Dormir após muito pensar.

- Bom dia. - Eu estava sentada na poltrona admirando aquele homenzarrão deitado na cama. Estava o esperando acordar. Já tinha preparado o café da manhã e colocado na mesinha do quarto. - Vamos tomar café?

- Bom dia! Que horas são? - Ele se espreguiçou e se sentou na cama.

- Vai dar dez da manhã. - Me levantei e fui na direção da mesinha.

- O quê? Eu dormi isso tudo? - Ele pegou o celular na cabeceira e apertou para acender. - Não é que é verdade? - Como eu dormi esse tempo todo? - Ele estava incrédulo.

- Isso é ruim? Você tinha compromisso? - Perguntei preocupada.

- Não, não é isso. Eu tomo remédios para dormir, tem uns vinte anos. Eles não fazem efeito, nunca fizeram. - Ele levantou e se aproximou de mim. - Você é incrível Isabela... Acho que foi sua canção que me embalou, ou os tapinhas nas costas. Posso te dar um abraço? - Ele estava parado na minha frente e seu semblante era de uma pessoa feliz. Eu estava parada em frente a mesinha e estava feliz por ver aquele sorriso.

- Pode. - Estava sem entender a situação. Ele deu um passo a frente e me envolveu em seus braços.

- É errado eu não querer que você vá embora depois do contrato? - Ele respirou fundo. Então o sonho era verdade...

- Não sei... Mas se você quiser que eu fique, vai ter que renovar o contrato.

- Eu renovo quantas vezes forem preciso. Você não sabe o que é querer dormir e não poder.

- Posso vir fazer você dormir, se for por isso... - Eu sorri.

- Acho que não vai ser a mesma coisa. É melhor você ficar. - Ele enfiou o nariz no meu cabelo e respirou fundo. - Vamos tomar café, você saiu de uma pneumonia forte não tem nem um mês. - Ele me soltou e puxou a cadeira para eu sentar.

- Obrigada. - Servi Ravi e ele ficava me olhando disfarçadamente. Quando eu olhava para ele, ele olhava para a janela e sorria.

- Quer sair? Vou te levar para andar de lancha. Já andou alguma vez? - Ele encarava a janela.

- Que legal. Não, nunca andei.

- Você quer ir? - Ele estava sentado de pernas cruzadas com um braço apoiado a mesa. Enquanto esperava minha resposta, deu uma golada no café que estava na xícara e me olhou.

- Quero sim, obrigada.

- Ah, esse café... Já tinha esquecido o gosto do seu café. A propósito, tem roupas de banho no closet, caso queira usar. - Ele ficou meio desconfortável após falar isso.

- Tá bom, vou me trocar e já volto. Ah, obrigada pelo elogio do café. - Sorri para ele.

- Vou ligar para algumas pessoas para desmarcar os compromissos de hoje. Demore o tempo que precisar. Te aguardo lá embaixo. Vou pedir para alguém vir tirar a mesa. Com licença. - Ele levantou e deu um sorriso, caminhou em direção a porta.

Talvez seja amorWhere stories live. Discover now