Capítulo 34

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Ravi Lucca narrando

Andei para mais perto do meu pai e apoiei as duas mãos na mesa, onde ele estava sentado.

- Realmente eu sabia que Isabela era filha daquele maldito. Mas sabe por que não te contei? Porque eu tinha medo disso aqui acontecer. Sabia que o senhor tentaria algo, mas não sabia que desceria tão baixo. Eu vou procurar Isabela, eu vou encontra-la, nem que seja a última coisa que eu faça na minha vida. Mais uma coisa, o senhor não sabe nada sobre ela. Portanto não fale no nome dela.

- Ravi! - Ele gritou.

- Eu não tenho mais nada para falar com o senhor. Quer sair da minha casa, por favor? Já não conseguiu tudo o que queria?

- Ravi! - Ele gritou novamente.

- Eu não quero ouvir sua voz por hoje, pai. O senhor não entende? - Sentei e segurei a cabeça com as mãos. - Vá embora. - As lágrimas desciam no meu rosto. - Eu só quero ficar sozinho, é assim que sempre estive, não é mesmo?

- Você não poderá sair dessa casa. Estou levando os celulares e os notebooks. Caso você teime, eu vou te levar para a fortaleza. Aí vai ser bem pior. - A fortaleza era um lugar que ficava em uma ilha, não tinha como sair sem um barco. Já fui treinado lá, quando fiz curso de mergulho. Não tem sinal de internet, as pessoas  que habitam naquele lugar são frias e calculista. É afastado de tudo,  não tem como escapar de lá.

- O senhor quer me ameaçar com a fortaleza? Eu já estou em um lugar bem pior, o senhor não faz ideia. Senta e assista a minha destruição , porque é isso que o senhor vai fazer comigo, vai me destruir. - Virei as costas e sai. Subi as escadas e entrei no quarto de Isa. Deitei na cama e peguei um travesseiro, coloquei no rosto e senti o cheiro dela. As lágrimas desciam pelo meu rosto. - Cadê você Isabela? - Parecia que meu peito ia estourar. - Me acorde desse pesadelo, por favor Isabela.

Se passou uma semana desde meu pai me afastou da mulher da minha vida. Já faz uma semana que não sorrio, já faz uma semana que não durmo e nem como.
Sinto uma dor insuportável, até para respirar dói. Estou trancado nesse quarto, as vezes acho que tudo o que vivi com Isa foi um sonho bom. As vezes eu acho que o que estou vivendo agora é só um sonho ruim. Eu não sei qual está sendo minha realidade.
Dói só de pensar que não vou conseguir acompanhar a evolução do nosso bebê, será que Isa está bem? Será que ela tem sentido dor? Será que tem se alimentado? Será que tem alguém para cuidar dela?
Estou aqui deitado na nossa cama, tentando descobrir uma maneira de sair desse lugar sem que ninguém note.
Ouvi umas batidas na porta. Bateram e logo vi a porta  abrindo.

- Fala irmão. - Era Vicallio.

- Fala aí. - Olhei para ele e virei de lado.

- Você está acabado, heim? Chega pra lá. - Ele sentou na beirada da cama.

- O que você faz aqui? Ele deixou você vir?

- Vim por dois motivos. O primeiro é que seu pai mandou eu ficar com você, até você começar a se alimentar e dormir. Falou que foi um último pedido de Isabela.

- Ela pediu isso pra ele? - Meu olhos já estavam rasos de lágrimas, só de ouvir o nome dela.

- Sim. Ela falou que não era para te deixar sozinho, pois você não gostava de comer sozinho. E que era para cuidar do seu sono também, pois você não dormia bem. Ela o fez  prometer que cuidaria bem de você.

- Vicallio, eu acho que não vou aguentar. Está doendo tanto ficar sem ela. Estou a ponto de enlouquecer.

- Então, por isso que estou aqui. Esse é o segundo motivo.

- Como assim? Vai me ajudar a fugir?

- Não, não vou. - Ele sorriu para mim. - Vou te dar uma coisa, mas você tem que esconder. Seu pai ou os seguranças não podem achar isso.

- O que é? - Sentei na cama mais que depressa.

- Isabela enviou isso para mim, tem dois dias. Tentei achar um jeito de trazer isso para você, mas eu não podia vir aqui. É uma carta. - Vicallio puxou a carta amassada, de dentro do tênis, e me entregou. - Esse era o único jeito de entrar com isso, desculpe.

- Nada, obrigado irmão. - Peguei a carta e abri. - Ainda bem que você não tem chulé. - Sorri para ele.

Dentro do envelope tinha uma foto de uma ultrassom. Tinha um papel escrito:

Estou com tantas saudades, é difícil até respirar longe de você. Mas estou me mantendo forte por vocês, se mantenha forte por nós também. Se alimenta e tenta descansar, por nós.
Te amo meu Ravi Lucca. Até breve.
Com amor, sua Isa.

Ler aquilo acabou comigo, mas me trouxe conforto ao mesmo tempo.

- O que foi mano? Está tudo bem, não é?

- Está sim, Vicallio. Ela está viva e bem. Isso me deixa um pouco aliviado. Olha aqui, nosso bebê. - Virei a foto da ultra para ele. Vicallio estava chorando junto comigo.

- Ah, mano. Que alegria. Tá vendo? Acabou a palhaçada de greve de fome. Você vai ser cuidar e se manter saudável, por Isabela e por seu bebê. Ela está lutando irmão. Imagine o quanto está sendo difícil para ela. Reaja cara! Eu estou aqui para te ajudar. Claro que vamos montar um plano de fuga, mas temos que descobrir primeiro onde Isabela está.

- Obrigado mesmo Vicallio. Você é meu irmão. Não tenho como te agradecer por tudo que já fez por mim.

- Me agradece se cuidando.

- Deixa eu te perguntar, como Isa conseguiu te enviar essa carta?

- No dia em que seu pai mandou levá-la, eu estava vindo para cá. Vi um movimento estranho na casa, decidi esperar lá fora. Quando o motorista levou Isabela eu segui o carro. Ela foi levada para um lugar no interior. Entrei no hotel e me disfarcei de funcionário. Bati na porta e falei que ia levar toalhas, Isabela me conheceu na hora. Seus olhos estavam inchados de tanto chorar. Coloquei o endereço da minha casa  e o meu número de telefone em um papel. Enfiei no meio das toalhas e fiz um sinal para ela olhar. Mentalmente pedi a Deus para ela encontrar o papel, antes do segurança.

- Você é incrível cara!

- A segui até ao aeroporto, o vôo que ela entrou ia para o Brasil.

- Como meu pai pôde fazer isso comigo? Eu não merecia passar por essa dor.

- Pelo menos sabemos em qual país ela está. Sabemos que ela está bem e que o bebê está crescendo.

- Sim. Devo muito a você irmão.

- Agora, guarde isso aí. Seu pai não pode descobrir.

- Vou colocar no meu quarto. Eles não mexem muito por lá. Já sei onde vou por. - Eu sorri.

Talvez seja amorWhere stories live. Discover now