"-Me confesse algo cruel. -ele pediu, parecendo se divertir com toda a situação.
Pensei por alguns segundos, até que balancei um pouco a minha cabeça, tentando fugir daquela pequena vergonha.
-Eu acho a sua banda cafona.
Antes que ele começasse a...
And I don't want the world to see me 'Cause I don't think that they'd understand
—The Goo Goo Dolls
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Ela se moveu na cama, instantaneamente, como se tivesse levado um susto com a minha presença. Mas eu quem estava assustado, com a forma como Maya gritou o nome de William.
Achei que algo tivesse acontecido com ela, pelo seu tom desesperado capaz de me tirar de um sono quase profundo, resultante do álcool, mas a menina estava na cama. Respirando rápido. Suando, apesar do ar-condicionado. E seus olhos não tinham o mesmo brilho do início da noite...
Meu Deus. Meu coração ficou na mão, ao vê-la parecer tão frágil.
—On-de está o me-meu...
—Will não voltou. -interrompi, percebendo a sua dificuldade em terminar a frase.
Travis apagou no sofá, no andar de baixo, antes de todos os convidados irem embora. Zade tinha ido para casa, por volta das 2 da manhã. Will disse que eu não deveria fazer nenhuma gracinha com Maya, porque ele logo voltaria, e os seus amigos estavam de olho, mas... no fim, nada disso poderia ver menos verídico.
Ninguém estava aqui, para me vigiar. E, pelo visto, não haveria problema se eu entrasse um pouco no quarto da menina, para saber se estava tudo bem... Porque, meu Deus, nunca me senti tão impaciente com algo.
Eu já tinha visto aquelas expressões de pânico, algumas vezes na vida.
Matthew, o meu melhor amigo, já acordou em surto diversas vezes, quando estava sofrendo com abstinência de heroína, antes de buscar tratamento. Mas... eu nunca soube o que fazer, quanto a isso. O homem nunca quis qualquer tipo de cuidado, e até se sentia mal, com ele...
—Acho que... acho que ele está saindo com al-alguém. -Maya gaguejou, como se ainda estivesse querendo sair de algum pânico incompreensível- Will está passando mui-muito tempo fora...
Era tão estranho.
Há apenas algumas horas atrás, ela parecia muito diferente. Seu rosto era tão confiante, e minha presença apenas desafiou Maya... E, agora, ela parecia uma pequena garotinha, com medo do escuro.
Eu acendi um abajur ao seu lado, me perguntando se eu deveria sair, ou se eu deveria ficar.
—Te incomoda? -eu questionei, me referindo a Will.
Porque ele costumava dizer que o ciúmes era mútuo. Que Maya apenas era um pouco mais controlada, mas, também, não gostava de dividir espaço. Eu duvidava muito... mas, ainda assim...
—Me incomoda quando... ele me deixe sozinha, de madrugada.
Dei um pequeno sorriso, apesar de não estar muito feliz.
—Tem medo de fantasmas, Maya?
Os ombros dela se encolheram, como quem não estivesse no humor para brincar. Instantaneamente, esperei o momento em que ela iria me mandar sair. Iria dizer que seu irmão me mataria, se me visse em seu quarto. Iria me mandar parar de ser intrometido, mas...
