Algum dia/Eu não faço ideia de como te enfrentar

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No dia em que Yasuo voltou para Ionia, Yone tinha sido encarregado por Karma a pedido de Irelia que ele verificasse algumas partes do bosque de Omikayalan, pois ambas tinham ouvido falar que uma parte do exército de Swain estava escondida no local. A fonte que elas tinham ouvido falar isso não era muito confiável, no caso, a informação tinha vindo de um homem de meia-idade que era mago e conhecido por pregar peças em outras pessoas, ele dizia que eram apenas brincadeiras, só que apesar de estar do lado das forças de Irelia, ela mesma desconfiava que ele pudesse ser algum espião de Noxus a procura de qualquer coisa que mostrasse o que a dançarina estava planejando.

De qualquer forma, essa missão dada a Yone foi como se para tirar um peso da consciência da líder ioniana, pois mesmo que eles estivessem sendo enganados, era melhor verificar do que talvez sofrer consequências pesadas depois por causa de uma simples negligência, pois a informação fornecida ainda podia ser verdade e Irelia não podia perder essa guerra.

Chegando na tenda da dançarina, ele encontra as duas conversando sobre um assunto que ele não consegue escutar direito sobre o que era. Ele se aproxima e faz uma reverência em respeito a Karma, e principalmente, a Irelia, essa última está séria como sempre, mas a iluminada já lhe parecia bem mais bem-humorada e deu um sorriso divertido para ele como se tivesse alguma coisa a qual Yone estava por fora.

"Desculpe interromper" ele disse educado. "Vim trazer meu relatório sobre os noxianos em Omikayalan."

As duas se olharam como se tivessem tido o mesmo pensamento, o silêncio foi quebrado por Irelia que foi direto ao ponto.

"Yasuo voltou." 

Yone não disse nada e agradeceu internamente por estar sempre de máscara, pois se estivesse sem ela, talvez revelasse o quanto aquelas singelas palavras tiveram o efeito de um saco de areia caindo na sua cabeça. Ele tinha voltado e o homem simplesmente não tinha ideia de como iria confrontá-lo novamente.

Ambas perceberam que Yone ficou muito calado após a notícia de Irelia, mas foi Karma que decidiu tomar a iniciativa de falar com ele.

"Se não tiver problema, posso falar com Yone a sós?" ela perguntou tranquila, o homem percebendo de novo um sorriso travesso surgir nos lábios da maga.

"Podem ir, mas não demore muito Karma, pois ainda vou precisar da sua ajuda pra resolver aquela questão que estávamos falando, e depois vou querer ouvir seu relatório, Yone" a líder respondeu austera, os outros dois se dirigindo para sair da tenda para conversar.

Agora em um lugar com mais privacidade, a morena faz a pergunta que Yone já temia que ela fosse fazer.

"Você pareceu meio incomodado depois de Irelia ter contado sobre Yasuo ter voltado, Yone, aconteceu alguma coisa?" A mulher indaga, o espadachim ainda percebendo que ela parece mais bem-humorada que o normal, ele sentindo como se não estivesse pegando alguma coisa deixada no ar por ela.

"Não aconteceu nada, só não estava esperando que ele voltasse tão cedo pra cá." Ele diz tentando parecer o mais natural possível, tentando esconder aquilo que mais lhe gerava tormento e vergonha.

"Sinto como se tivesse alguma coisa que você não tá me contando."

Isso deixou Yone surpreso, fazendo ele se questionar se tinha deixado alguma emoção passar, mesmo com sua máscara cobrindo metade de seu rosto. A verdade é que ele não tinha deixado passar nada, mas as outras vidas dentro de Karma a avisavam sobre aquilo que a maioria das pessoas deixava encoberto, ela ainda não sabia sobre o que estava afligindo Yone tão intensamente, mas sabia que tinha algo muito mais profundo que não só ele escondia, como Yasuo também, e que ela só precisava provar.

"Não tem, de novo, só estou surpreso por ele ter voltado tão cedo a Ionia." Ele tentou novamente parecer autêntico e ficou em dúvida se suas tentativas estavam de fato funcionando. Dessa vez, pareceu que sim.

"Bem, eu também não esperava que ele voltasse tão cedo, não sei pra onde ele iria depois de Águas de Sentina, mas realmente não parecia que ele queria voltar" a mulher adicionou. "De qualquer forma, acredito que seja uma boa oportunidade pra vocês se resolverem e fazerem as pazes."

Yone ficou em silêncio por um tempo.

"Não há mais nada pra ser resolvido entre nós."

Karma riu. "Sabe, não é o que parece."

O homem não pode deixar de se sentir um pouco incomodado com aquela situação, era como se seus sentimentos mais obscuros estivessem sendo interrogados e trazidos até a luz do dia sem sua autorização, e sendo sincero, talvez ele preferisse reprimi-los para sempre do que algum dia trazê-los à tona. Dessa forma, ele decidiu então questionar a última coisa que sua amiga tinha dito.

"Então o que parece?"

"Parece que vocês ainda tem MUITAS coisas a resolver juntos, mas acho que não cabe a mim dizer o que vocês devem ou não fazer" uma ótima resposta, Yone admitiu para si mesmo. "Só acredito que vocês deviam deixar seu orgulho de lado e conversar francamente um com o outro."

"Como eu gostaria que fosse fácil assim."

"Mas acho que já estamos tempo demais aqui, eu vou voltar pra dentro, ainda preciso falar com Irelia sobre algumas coisas." Karma disse por fim, ela o olhou uma última vez e fez um movimento de despedida para Yone, em seguida voltando para dentro da tenda.

Depois de sua ida, o homem pensou e ficou agradecido pelo lugar que a maga escolheu para os dois discutirem o assunto, era bastante reservado e praticamente não tinha ninguém por perto. Ele refletiu sobre as palavras de sua amiga e concordou no final que ela estava certa, mas Yone nunca poderia dizer em voz alta o que ele realmente sentia.

Porque seus sentimentos eram sujos.

Tão carregados pelo desejo e vontade, o condenando a miséria e a queda, não importava o quanto ele pedisse para que seus sonhos algum dia se tornassem reais, eles nunca aconteceriam, por mais que ele se esforçasse, por mais que ele lutasse todo dia por eles.

Como por exemplo, o seu sonho de poder educar o seu irmão para que ele se tornasse uma pessoa honrosa e respeitada. Ele batalhou até o fim para controlar o temperamento impulsivo, descuidado e inconsequente de Yasuo, para no final, ele abandonar o próprio mestre para a morte e ainda "matá-lo" naquele fatídico dia chuvoso.

Seus sonhos eram a verdade incontestável da podridão de quem ele era.

Mas ainda assim, ele não conseguia parar de sonhar que algum dia,

Algum dia

Aquele desejo se tornasse realidade.

Desonra (yasuyone/+18)Where stories live. Discover now