dez | milagre

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Eu estava estudando na biblioteca, quando senti o meu celular vibrar no bolso. Olhei com cuidado para não fazer barulho e brilhou uma mensagem do Théo na tela.

📲 Apolo Theodoro: Diana, mudança de planos. A doutora Valéria avisou que o Paçoca não tá bem. Então, tô indo agora para a Ong ver ele.

Meu coração gelou na hora e respondi rápido pra ele.

📲 Estou na biblioteca. Te espero aqui na frente. Vamos juntos.

📲 Apolo Theodoro: Ok.

Assim que saí da biblioteca, vi Théo vindo com a moto. Ele parou e nem tirou o capacete.

— Ela chegou a falar alguma coisa? — perguntei pegando o capacete sobressalente que ele me entregava e coloquei na cabeça.

— Não muito. Ela só disse que ele passou mal. Se segura, Diana, porque eu vou bem rápido.

Subi na moto, passei meus braços em sua cintura e Théo foi acelerado para a ONG . Poucos minutos depois, ele já estacionava a moto e nós dois praticamente pulamos dela e corremos até a entrada. Maitê estava na recepção e viu nossa cara aflita.

— Gente. O que aconteceu? Que afobação é essa?

— A doutora Valéria me avisou que o Paçoca não estava bem — Théo respondeu nervoso.

— Ah, sim. Ele teve um quadro de vômito durante a manhã, mas a doutora já o medicou. Ela até pediu pra gente te ligar Théo, para tranquilizá-lo, mas o celular só chamava.

— Eu vim o mais rápido que pude e nem me dei conta de atender o celular — ele falou fazendo uma careta sem graça e mexendo no cabelo e eu coloquei minha mão em seu ombro, dando um aperto de leve.

— Tá tudo bem, Théo. Eu também fiquei nervosa e nem raciocinei direito. Queria chegar logo pra saber do Paçoca. — tentei o deixar menos sem jeito — O que ele teve, Maitê ? — perguntei enquanto via Théo respirar aliviado.

— Bom, Didi. Parece que depois que ele se alimentou, ele ficou meio ansioso, chorando e lambendo a pata machucada. A doutora então pediu que colocassem o colar elizabetano nele, o que o deixou mais nervoso e começaram as crises de vômito.

— Será que ele está sentindo dor ?

— Não sabemos ao certo, Didi. Mas para cães já adultos como ele, acostumados a viver na rua, tem muitas sequelas que afetam o seu comportamento, por isso é normal esses picos de ansiedade.

— E como ele está agora?

— Agora está bem. Já foi medicado e está na sala de repouso, recebendo o soro. Mas, podemos dizer que o Paçoca deu muita sorte, já vi cãezinhos como ele chegarem aqui da mesma forma e não resistirem.

— Podemos vê-lo, Maitê ? — Théo perguntou com a voz embargada e eu sabia que ele só conseguiria ficar tranquilo se pudesse ver com os seus próprios olhos que o Paçoca estava bem.

— Bom, a doutora Valéria já foi embora...

— Por favor, Maitê — ele tornou a pedir, suplicante.

— Amiga, nós seremos rápidos. Só queremos que o Paçoca veja que estamos aqui por ele. Por favor — também pedi aflita, sabendo que minha amiga tem um coração bom e não iria ignorar o nosso pedido.

Maitê pensou por alguns instantes, olhou para os lados pra ver se não tinha ninguém por perto e fez um sinal pra gente a acompanhar, até chegarmos em frente a uma porta grande, com uma plaquinha em cima escrita: "Sala de Repouso"

Três versões - DianaWo Geschichten leben. Entdecke jetzt