dezenove | after

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Aliás, eu não entendi direito porque eu estava no meu quarto, na minha cama e com o meu pijama. Como eu vim parar aqui?

Tentei levantar, mas me senti tonta e eu voltei a deitar. Meu quarto rodava e eu sentia minha boca amarga e uma dor de cabeça insuportável. 

Com muito custo consegui me levantar e fui para a cozinha procurar um remédio para dor de cabeça. Ainda estava na metade do caminho, quando Maluzinha apareceu com um copo de água e um comprimido.

— Ah! A princesa cachaceira acordou? — ela disse dando uma risadinha e me entregando o copo e o remédio que eu tomei sem questionar.

— Fala mais baixo, Malu, não sei o que tá acontecendo. Minha cabeça tá doendo demais.

— O nome disso é ressaca, priminha — ela disse debochada e eu não tive forças de retrucar.

— Foi você que me levou para o quarto?

— Não. Eu só te enfiei debaixo do chuveiro, te dei banho, vesti o seu pijama, fiz você beber água, engolir um remédio e te botei pra dormir. Quem te carregou até o quarto foi o seu Apolo na terra.

Assim que Malu se referiu ao Theo, flashes dos últimos momentos apareceram na minha memória e eu morri de vergonha e bati minha mão na testa, o que fez doer mais a cabeça.

— Misericórdia ! 

— Quando cheguei em casa, ele tinha tirado suas sandálias, te acomodado no sofá e velava o seu sono, fazendo carinho em seus cabelos. Tão lindo !

— Eu também deveria estar linda, né?

— De boca aberta, descabelada, resmungando alguma coisa e babando.

— Meu Deus, que vexame. Nunca mais vou conseguir olhar pra cara dele.

— Hahaha, não esquenta, Didi. Assim como a ressaca, dar vexame também faz parte do pacote da bebedeira. Como diria tia Ju: a bebida quando não mata, humilha.

Ela riu alto e mesmo achando graça, eu não consegui rir também, pois, todos os meus músculos doíam.

— Nunca mais eu bebo, visse — falei decidida e Malu deu mais uma das suas risadinhas debochadas.

— Dizer nunca mais também faz parte do pacote pinga e ressaca.

Fui fazer uma careta pra ela, mas a minha cabeça doeu em três estágios diferentes e eu acabei meio que gemendo de dor.

— Aí, Malu. Para de ficar de zueira com a minha cara e me ajuda. Quando esse inferno de dor de cabeça e o mundo para de girar?

— Dura o tempo suficiente pra você lembrar e maneirar da próxima vez — ela me olhou sério e eu fiz biquinho  — O que aconteceu pra você ficar de porre assim? Esqueceu que não tem o costume de beber, sua maluca?

—  Você poderia me dar bronca mais baixo, priminha linda do meu coração? — pedi desabando no sofá e ela veio se sentar ao meu lado.

— Eu sei que esse não é o momento e você pode até achar ruim — falou segurando a minha mão — Mas, como prima mais velha, tenho que te alertar pra tomar cuidado, Didi. 

— Eu tenho cuidado, Malu ! Mas é que o Rodrigo fez um drink tão bonitinho, todo enfeitado e docinho pra mim — ela me olhou com a sobrancelha levantada e eu percebi o que ela pensou —  Não foi culpa dele, eu que estava empolgada e não percebi que exagerei.

—  Esse é o problema, Didi. Se empolga, exagera, fica fora de si e…

— E dar vexame !  — falei me lembrando que fugi do Theo o dia inteiro e acabei o agarrando de noite, acho que devo ter assustado o coitado.

Três versões - DianaOnde histórias criam vida. Descubra agora