Lembrança

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Nota da autora.

Dessa vez, a nota virá antes de você, caro leitor, ler este capítulo. Considerei por um aviso de gatilho/tw, pois terá a descrição de uma crise emocional.




  Um desenho feito, claramente, por uma criança. Dois bonequinhos, uma menina ruiva e um menino, a menina segurava oque parecia ser um bolo com uma vela.
"Feliz aniversário Sev!"
Era oque tinha escrito no papel. Severus levantou as sobrancelhas, arregalou os olhos para o desenho.
  Abriu os outros papéis e tinham conteúdos parecidos, desenhos de duas crianças diferentes. Reconhecer os de Lily fez seus olhos ficarem melancólicos, não lembrava desses desenhos, como não lembrava? Sentou-se no chão, começará observar cada desenho em desânimo profundo, lembrou-se dos bons momentos com a pessoa que amou. Com as memórias felizes, a nostalgia e saudade o tomou, e, parar piorar, lembrou-se dos momentos ruins também. Quando a chamou de sangue ruim e a perdeu para sempre por culpa do então futuro marido dela, o Potter, uma de suas piores lembranças. Abraçou um dos desenhos e encarou a parede à sua frente, em sua mente passou-se o fatídico 31 de outubro. A morte de Lily, que por culpa dele aconteceu, imaginou como foi seus últimos momentos novamente e a cena que sua mente perversa criou o perturbou como todas as vezes que já imaginou. O medo dela, seu desespero, vendo a morte se aproximar, imaginar os sentimentos dela fez Severus sentir o estômago embrulhar. Depois, pensou até mesmo em James, ele o odiava, mas pensou na situação dele. Quanto foi o desespero de um homem que tentou proteger a família a todo custo? Tudo porquê Severus foi leal a um monstro. "É tudo sua culpa" falou mentalmente para si mesmo, a cena se repetiu de novo...de novo e de novo. Cada vez pior, imaginou gritos e choro.

  Em um momento, seus olhos não piscavam mais, a visão de Snape escureceu. Quando piscou os olhos, voltou a realidade e sentiu uma lágrima escorrer em sua bochecha, depois outra e outra, várias. Tentou segurá-las ao senti-las caindo, não quis parecer fraco mesmo que não tivesse ninguém o observando, sentiu-se indefeso igual quando era uma criança chorona que se trancava no quarto quando os pais começavam brigar. Sentiu as mãos tremerem, as pernas perderem as forças e seu estômago doeu com o frio agonizante que surgirá na barriga. O queixo de Snape tremeu, abriu a boca para respirar em meio a pensamentos embaralhados, porém, foi esse o ato que fez a enorme muralha mental dele desabar. 

  Desabou em lágrimas, se encolheu pertinho da parede e agarrou as próprias pernas, apertou elas com força como se estivesse prestes a fincar as unhas na própria carne. Uma dor surgiu no peito, como se esmagasse seus pulmões o impossibilitando de respirar o ar. O ar pesou como seus pensamentos, que não paravam mesmo que quisesse, ficaram mais vividos com o passar dos segundos. Observou sua própria situação a achando deplorável, queria parar de chorar e não conseguia. "Para, para, para...fraco, fraco, para" repetiu mentalmente. Levou as mãos até os olhos e os limpou com força, uma sensação sufocante de raiva surgiu e a única coisa que fez para tentar descontar em algo foi morder o próprio antebraço esquerdo, o da marca negra. Quando sentiu a dor da mordida, parou de morder o braço. O fitou e sua visão embaçou, era justo o braço que continha a prova de quem um dia foi, das coisas que fez. O apertou com a mão direita, fincou as unhas no próprio braço e o arranhou como se tentasse tirar as evidências de seus pecados da sua carne. Nesse momento, parecia que não sentia mais dor. Com as duas mãos, apertou as roupas, o próprio pescoço e até puxou o próprio cabelo, mas a angústia não passou. Em um impulso desesperador, cerrou o punho direito e o bateu com força na parede, liberando aquela raiva no instante que seu punho se encontrou com a superfície sólida de pedra.
Sua respiração estava mais rápida, igualmente às batidas apressadas de seu coração, a dor voltou quando viu sangue nas juntas de seu punho, observou oque havia feito com um grande desprezo por si mesmo. Olhou em volta de si e avistou o motivo do momento ocorrer, pegou o papel do desenho e o amassou. Em seguida o jogou para longe.
  Fungou, limpou os olhos novamente e agora estava determinado a sair da situação. Fez esforço para levantar-se, suas mãos e pernas tremiam como se ele tivesse visto uma fera. Em pé, se encostou na parede e respirou fundo, tentou controlar os pensamentos.

O Verão Quase PerfeitoWhere stories live. Discover now