Capítulo 21

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Com o solavanco que dei segurando a cintura bojuda do tio Jack, ele acabou me empurrando para trás e caiu com tudo em cima de mim. Por sorte, não bati a cabeça.

Mas o outro tiro que ouvimos deu a injeção de adrenalina que eu precisava para não me deixar abater pelo tombo depois de chocar as costas com toda a força no chão.

— Levanta, tio! — Empurrei o peso morto que estava sobre mim. — O Rafe caiu!

— Caiu?! — perguntou apavorado, não se parecendo em nada com o homem que minutos atrás queria alvejar o próprio sobrinho.

E pelo visto eu tinha amortecido a queda do velho Calloway, porque ele se levantou correndo, como se fosse uma criança de doze anos.

Sem se preocupar comigo, saiu apressado pela porta e saltei sobre os pés, indo atrás dele.

Quando chegamos à parte detrás da casa, Rafe estava sob a escada parecendo atordoado. Eu e o tio o ajudamos a ficar de pé e a caminhar até a sala.

— Vá até a cozinha e pegue um pouco de gelo, tio — pedi enquanto ajudava Rafe a se sentar no sofá, vendo que ele tinha um edema enorme na cabeça.

Rápido, desabotoei sua camisa procurando outros ferimentos. Embora não visse sangue em lugar nenhum, temia que algum daqueles tiros o tivesse acertado.

— O tiro pegou em você?

— Não, eu só caí... — gemeu de dor e apoiou as costas no sofá.

Mesmo assim, enquanto o tio não voltava com o gelo, examinei o torso de Rafe em busca de ferimentos.

— Aqui. — Tio Jack apareceu e me entregou uma bolsa, ainda com o olhar culpado.

— Fica calmo, tio, nenhum tiro pegou nele — falei lendo a preocupação em seu olhar e coloquei a bolsa gelada sobre a cabeça do cowboy.

Pensei ouvir um suspiro de alívio vindo do dono da casa, mas, quando o relanceei com os olhos novamente para o tio, a ruguinha de teimosia estava de volta ao lugar de sempre quando se tratava do sobrinho dele.

— Não foi dessa vez que o senhor se livrou de mim, velho... — Rafe resmungou.

— O que é uma pena — devolveu o outro.

— Tio, o senhor ainda tem daquela pomada de cânfora que eu trouxe da última vez que vim? — perguntei tentando despistar os dois teimosos da antiga rixa familiar. — Pode trazer para mim? — pedi antes que ele pudesse responder e não reprimi um suspiro de alívio quando o dono da casa se retirou.

— Que loucura foi essa, Rafe? — cochichei tateando seus braços à procura de lesões. — Tentar entrar pela janela do tio?

— Você me disse que era a sua janela — protestou com a cabeça recostada, sem abrir os olhos.

— E era! O tio trocou de quarto comigo sem nem me avisar!

— E por que você não me avisou?

— Eu tentei! Você não atendeu as minhas ligações... E acabei pegando no sono. — Dei de ombros. — Também não sabia que você ia entrar pela janela!

— Podia ter ligado no telefone fixo.

— Telefone fixo? Quem ainda tem isso?

Ele abriu a boca para responder, e eu o detive.

— Shiu! — Coloquei um dedo sobre seus lábios, ouvindo passos atrás de mim.

— Aqui. — Tio Jack me entregou a pomada e ajeitou a touca na cabeça.

A esposa Comprada do Cowboy - Rocky Mountain StarsWhere stories live. Discover now