Capítulo 2

17 4 0
                                    

O resto daquele dia foi completamente silencioso. Sem meus pais discutindo, ou meu pai ao telefone falando com pessoas de fora do país. Foi resumido em silêncio, e era melhor assim.

Estava perdido nos meus pensamentos a maior parte do tempo. Me pegava pensando em como seria os próximos 6 meses da minha vida. Ou então, repensando todos os meus 18 anos de vida.

Nunca pensei que seria tão fácil de se livrar de mim. Isso foi tão rápido, e tudo isso por causa de dinheiro? Eu entendo, gastar tanto um dinheiro que, teoricamente, nem meu é, é errado mas.. precisava disso?

Mas talvez realmente seja melhor pra mim passar esse tempo longe de tudo. Pelo menos não terei de ouvir meus pais brigando de novo e me ignorando dentro do mesmo ambiente.

.

13:37

— Beomgyu? Tá pronto? A gente precisa ir. - meu pai bate na porta do quarto.

— Já tô indo. - Peguei as malas que estavam perto da porta e saí.

— A gente vai chegar lá por volta das 17:00h, espero que esteja confortável para viajar com essa roupa.

— É você que vai dirigir? Onde está o Alfred? - Alfred é nosso motorista particular, desde que me entendo por gente ele trabalha aqui.

— Eu o dispensei por hoje. Vou levar você até lá, até porquê tenho que falar com Lee pessoalmente. - assenti e fui em direção a sala. Minha mãe estava sentada no sofá, parecia estar com a mente longe, mas assim que me viu levantou e veio em minha direção.

— Vamos sentir sua falta, Beom. - Acho que essa foi uma das raras vezes que minha mãe me deu um abraço. Não sabia direito como reagir, então apenas fiquei parado encarando o chão.

— Vai indo pro carro, Beomgyu. Coloca as malas no porta mala. - disse meu pai, com ar autoritário. A porta ficou aberta, então pude ouvir a rápida conversa que ele teve com minha mãe.

"— Essa foi a melhor decisão pra ele, Juhyeon. Ele vai saber se virar"

"— Só queria não ter deixado nosso filho chegar onde chegou."

"— Isso não é nossa culpa. Não criamos ele para ser um delinquente, criamos ele para ser herdeiro de nossos bens, não podemos deixar ele se perder assim"

"— Não chame o Beomgyu de delinquente! Você está louco?"

"— Você sempre vai defender ele, não é? - ri."

Tento disfarçar que não ouvi meu próprio pai me chamando de delinquente. Entro no carro e ponho meus fones de ouvido. Seria uma longa viajem, espero que durma metade dela.

14:50

O desejo de dormir ficou pra lá. Não consegui acalmar minha mente. Sinto que vivi 2 anos em 2 dias. Como pude ter tanto azar? Fui traído pela minha namorada com meu melhor amigo, perdi dez mil reais, e ainda com direito a ser chamado de delinquente.

Eu sei, não é certo apostar tanto, beber e ainda mais dirigir, principalmente de madrugada mas.. poxa, se tentassem conversar comigo por pelo menos 5 minutos eles teriam noção do quanto apenas a minha existência era agonizante. Se tentassem conversar comigo, iriam entender tudo que eu sinto. Não quero que tenham pena de mim ou que me apoiem, mas que soubessem antes de me julgar.

16:50

— Chegamos! .. Beomgyu?

— Ah, oi. Já chegamos? - É, acho que dormi.

— Vai indo, deixa que eu pego suas malas.

— Beleza. - peguei meu celular e botei no bolso. Dei uma arrumada no meu cabelo pois estava um pouco bagunçado, e saí. — É, nada mal. - olho ao redor enquanto sinto o vento bagunçar o cabelo que tinha acabado de arrumar. Em meio às árvores, havia uma casa. Um casarão na verdade. Aparentava ter mais de um andar. Era de cor branca e parecia ter algo tipo um jardim rodeando-a.

Metamorphosis - Beomgyu Where stories live. Discover now