40. Foi um chute?

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📄LUNA

No  quarto mês de gestação, eu estava curtindo muito o tamanho da minha barriga. Não era tão grande, mas as pessoas já podiam reparar que eu estava grávida, sem contar que eu adorava o fato de poder furar filas sem que ninguém pudesse reclamar disso. Dixie disse que era absurdo porque o bebê ainda não estava tão pesado, mas quem se importa? Filas são um saco.

Era o dia da viagem até a Nova Zelândia. Estava acabando de prender o meu cabelo em um rabo de cavalo sentada em frente à minha penteadeira. Optei por usar um vestido preto justo, porém confortável e que deixava o meu corpo de grávida ainda mais bonito. Tenho que admitir que estava fazendo o possível para usar roupas que valorizassem minhas novas curvas. Estava me amando daquele jeito.

Nos pés usava tênis brancos porque sandálias de couro ou qualquer coisa com salto me causava dores nos pés ou nas costas.

Assim que desci até a sala avistei Vinnie falando com alguém ao telefone.

— Não, eu não vou dizer isso! — ele reclamou revirando os olhos. — Você não vai morrer antes de eu voltar! — riu. — Tá... Eu te amo, Josh. Isso alimenta a sua carência? — fez uma pausa. — Ótimo, nos vemos em duas semanas... Sim, Josh, eu vou poder te ver. — revirou os olhos mais uma vez antes de desligar.

— Achei que as piadas de cego haviam sido aposentadas. — comentei.

— Talvez eu fique cego de novo, então é bom retomar o hábito. — deu de ombros. — Já estou até pensando em como comparar as cavidades oculares vazias com crateras na lua.

— Vinnie! — arregalei os olhos. — Isso é sombrio pra caralho.

— É porque eu ainda não tenho cavidades oculares vazias, mas se e quando eu tiver vai ser engraçado. — continuou a brincar.

Soltei um suspiro e ri negando com a cabeça.

— Tem sorte de eu gostar de rir de todo mundo.

— Ei... — ficou um pouco mais sério. — Vai ter algum problema pra você? Bom, você namorou comigo quando eu era cego, mas pode ser que o meu rosto fique bem desagradável. — fez uma careta. — Tudo bem pra você?

— Não, claro que não está tudo bem. Isso porque eu não queria que você fizesse isso consigo mesmo, mas sei que não posso te controlar. Mas se você está me perguntando se eu vou continuar amando você da mesma forma, sim, eu vou. Nada nesse mundo é capaz de destruir o que eu sinto por você.

— Eu tenho muita sorte. — sorriu fraco vindo até mim. — E me desculpa te deixar preocupada com essa cirurgia. Eu preciso disso.

— Eu sei. — assenti positivamente.

Ouvimos a campainha tocar e já sabíamos exatamente quem era. Maria avisou que viria pouco antes de sairmos de casa. Ela ficou em Los Angeles durante todo aquele tempo e até encheu um pouco a minha paciência por eu estar indo fazer uma viagem de vinte horas grávida. Sua preocupação com a minha gravidez era bem grande e irritante, o que me fez finalmente acreditar que ela não me faria mal algum.

— Oi, mãe! — Vinnie disse ao abrir a porta da frente.

— Oi, amor! — ela o abraçou com um sorriso no rosto. — Estou tão animada por você! É uma pena que eu não possa ir também. Ainda pode mudar de ideia e ficar, Luna.

— Nem vem. — forcei um sorriso.

— Pelo menos o Vinnie é médico e se você passar mal...

A interrompi.

— Maria, são só cinco meses de gestação, eu não vou morrer durante o vôo.

— Eu não disse isso, bobinha. — riu. — Trouxe um presente para o bebê. — só então eu notei que ela trazia uma caixinha lilás.

Your Skin ᵛᶦⁿⁿᶦᵉ ʰᵃᶜᵏᵉʳOnde histórias criam vida. Descubra agora