O erro

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A partir daquele dia, as coisas começaram a desmoronar ainda mais. Meus amigos não dirigiam mais olhares na minha direção, agindo como se eu fosse invisível. Eu me encontrava frequentemente sozinha.

Em uma tarde comum durante a aula de Transfiguração, Dumbledore adentrou apressadamente a sala, acompanhado por Snape.

- Professores McGonagall, precisamos levar Anne da sala. – Disse o diretor.

- Claro. – Respondeu ela, enquanto eu sentia os olhares curiosos da turma se voltando para mim

Fiquei perplexa enquanto McGonagall e Snape me olhavam sérios. O murmúrio na sala de aula aumentou à medida que me levantava, os olhares curiosos dos colegas de classe penetrando em mim como facas. Dumbledore me conduziu para fora da sala, e a tensão pairava no corredor enquanto caminhávamos.

- Anne, precisamos que você venha conosco. - Dumbledore disse gentilmente, mas havia um toque de seriedade em seu olhar.

Dirigimo-nos à sala do diretor.

- Sente-se, Anne, precisamos conversar. – Disse o diretor.

- Aconteceu alguma coisa? Eu fiz algo de errado? – perguntei.

- Não, você não fez nada de errado. Aconteceu outra coisa.

- O que?

- Um erro foi cometido quando você chegou à escola no primeiro ano.

- Como assim? – Olhei para o professor Snape, que me encarava fixamente.

- Não era para você estar na Grifinória e sim na Sonserina! – disse ele.

- O que? Vocês estão malucos? – Gritei. - Como assim? Depois de todos esses anos, vocês vêm e me falam isso?

- Não sabíamos antes.

- E agora? O que vai ser feito? Vou ser mandada embora? – perguntei com muita raiva.

- Já foram tirar suas coisas do dormitório da Grifinória e estão sendo levadas para o da Sonserina. Hoje você já não volta mais para lá e precisa trocar esse uniforme. O professor Snape vai te acompanhar até lá.

Saí da sala dele junto com o professor Snape. Aquilo tudo só podia ser um sonho ou algum delírio meu, não podia ser real. Como fizeram isso comigo e levaram todos esses anos para perceber, isso é a maior loucura.

Snape conduziu-me até o salão comunal da Sonserina. Ao entrar, alguns alunos estavam sentados, e ao me verem, todos ficaram espantados, encarando-me.

- Bom, agora Anne faz parte da nossa casa, sem perguntas. Alguém mostre a ela o dormitório feminino. – Disse o professor antes de sair da sala.

Uma menina se levantou e me chamou para me mostrar onde eram as coisas ali.

- Como tudo isso aconteceu? Que doidera – Perguntou ela.

- Eu não sei, aquele maldito chapéu fez isso.

- Bom, boa sorte, vou deixar você arrumar as suas coisas. – Ela saiu, me deixando sozinha.

Estava terminando de arrumar as minhas coisas quando Draco entrou no dormitório.

- Acho que você não deveria estar aqui, é o dormitório feminino – disse a ele.

- Eu não me importo, vim falar com você.

- Pode falar.

- Acho que agora eu sei qual era o erro que nossos pais estavam falando na minha casa.

- Faz total sentido. – Falei surpresa. – Só podia ser isso, mas e a parte do plano?

- Isso ainda temos que descobrir. – Falou ele. – Vem comigo, vou te apresentar aos meus amigos.

Segui Draco até a sala, onde ele me apresentou a todos os seus amigos, afinal, agora seriam meus amigos também.

Meu primeiro dia com os colegas da Sonserina foi bastante peculiar. Eles ainda me encaravam de maneira estranha, tentando entender o que eu estava fazendo ali. Cruzei com meus antigos amigos nos corredores, mas eles fingiam não me ver, e, sinceramente, eu também não estava mais tão interessada em estar com eles.

Um dia, durante um passeio a Hogsmeade com os alunos do nosso ano, nos reunimos em uma lanchonete. No entanto, comecei a me sentir terrivelmente mal, com tontura e enjoo. Sair para tomar um pouco de ar não ajudou; pelo contrário, meu estado só piorava. Um pressentimento me dizia que eu deveria afastar-me das pessoas no vilarejo. Dirigi-me a uma área mais isolada, entre algumas árvores, onde a neve caía abundantemente. A sensação de frio contrastava com o calor insuportável que começava a consumir meu corpo. Em especial, meu braço ardia intensamente. Despi meu casaco, levantei a manga da blusa, e lá estava ela: a marca negra surgiu repentinamente em minha pele. Desabei no chão, sentindo-me consumida pelo fogo. Era como se estivesse no inferno, e questionava como aquilo podia estar acontecendo, tão súbita e inexplicavelmente. Foi nesse momento que Draco surgiu, abaixando-se ao meu lado. Ele perguntou o que estava acontecendo, mas eu não consegui articular uma resposta, apenas mostrei a ele. Seu olhar espantado indicava que ele compreendia a gravidade da situação, e, com cuidado, ajudou-me a esconder aquela marca. Retornamos à escola, minha condição melhorou, mas não podia permitir que alguém descobrisse o que havia ocorrido.

No dia seguinte, uma carta de meus pais chegou, convocando-me a voltar para casa durante o fim de semana para uma conversa urgente. Prontamente, fiz minhas malas e retornei à residência familiar. Ao chegar, instalando-me em meu quarto, fui chamada por minha mãe para um encontro na sala, onde percebi que algo estava errado.

Ao sentar-me diante de meus pais, suas expressões denunciavam uma inquietação incomum.

- O que desejam falar? - indaguei.

- Sabemos o que ocorreu contigo esta semana. - confessou minha mãe.

- Posso ver? - solicitou meu pai, apontando para meu braço.

Com relutância, ergui a manga da blusa, expondo a marca. Uma lágrima escapou dos olhos de minha mãe.

- Tudo isso é culpa nossa. - disse ela, lágrimas percorrendo seu rosto.

- Como assim? - questionei.

Meus pais trocaram olhares.

- Falem de uma vez. - gritei.

- Quando sua mãe estava grávida, éramos jovens e irresponsáveis. Estávamos no apartamento de um amigo, bebemos e começamos a brincar de lançar feitiços pela janela. Infelizmente, um trouxa foi atingido e acabou morrendo.

- Que ideia absurda! Mas o que isso tem a ver comigo?

- O Lorde das Trevas soube do ocorrido, ofereceu-se para assumir a culpa, mas queria você em troca.

- Que loucura é essa? Vocês enlouqueceram?

- Era isso ou seu pai seria condenado a Azkaban para sempre. - explicou minha mãe.

- E agora? O que será de mim?

- Ele precisa que você realize algumas tarefas para ele, ou todos nós pereceremos.

- Isso é insano, vocês estão fora de si. Vou sair daqui agora.

Rapidamente, embalei minhas coisas e abandonei aquela casa. Peguei um táxi e dirigi-me à residência dos Malfoy, onde fui recebida por Lucius, já que Draco estava na escola. Lucius providenciou para que Draco fosse chamado, a fim de ficar comigo na casa.

AmaldiçoadaUnde poveștirile trăiesc. Descoperă acum