O plano

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O plano era simples, eu assumiria o papel de alguém arrependido, aparentemente se afastando de Draco. No entanto, por trás dessa encenação, o verdadeiro objetivo era conquistar a confiança de Harry e dos meus antigos amigos. Eu precisava pôr o plano em prática, não poderia perder muito tempo, minha vida estava em risco.

No pátio da escola, sob a luz fria do dia, Draco e eu estávamos prestes a criar uma cena intensa de briga falsa. O ambiente estava repleto de alunos indiferentes, mas o clima entre eles era carregado de tensão.

- Você não pode simplesmente ignorar tudo, Draco - esbravejei - Eu não posso acreditar que você agiu daquela maneira na festa. Isso foi humilhante!

- Você está exagerando, Anne. Foi só uma brincadeira, as pessoas entenderam - Draco Respondeu.

- Uma brincadeira? - Exclamei, levantando a voz. - Você não tem ideia do que eu passei depois daquilo. Todos olhando para mim como se eu fosse parte daquela palhaçada. Você não pensou nas consequências?

- Você sempre faz um drama tão grande de tudo, Anne! Eu não posso viver assim.

As palavras foram como facas, e por um momento, um silêncio pesado pairou entre nós. Os espectadores discretos no pátio pararam para observar a cena, os cochichos aumentando conforme a briga se intensificava.

- Draco, eu só espero respeito, algo que você parece incapaz de entender! Eu não vou aceitar esse comportamento infantil. Estou cansada disso. - Respirei fundo. - Está tudo acabado Draco, não quero mais saber de você.

Virei as costas para Draco e comecei a me afastar. Ele me agarrou pelo braço, tentando me deter, mas eu me soltei com força. O pátio ecoava com a tensão do confronto. 

Ao atravessar o pátio, enfrentei o olhar perplexo de Harry, Hermione e Rony. A expressão em seus rostos revelava uma mistura de surpresa e confusão diante do turbilhão de emoções que acabara de desencadear bem diante deles. Eu percebi o impacto que minha atuação provocara e, sutilmente, umedeci meus olhos para acrescentar um toque mais realista à situação. Deixei que uma lágrima furtiva escapasse, deslizando pelo meu rosto como uma evidência silenciosa da turbulência emocional que eu aparentemente enfrentava. A cena ganhou contornos dramáticos, um espetáculo emocional habilmente encenado para quem estivesse observando. Com um gesto rápido, dei as costas ao trio perplexo e me afastei apressadamente. Cada passo era um esforço para manter a fachada, para não revelar o sorriso astuto que tentava emergir. O pátio ecoava com murmúrios e cochichos enquanto eu me dirigia ao banheiro feminino, o refúgio temporário escolhido para escapar da cena. Assim que entrei, a porta se fechou atrás de mim com um baque surdo, deixando-me em um espaço confinado onde as vozes do lado de fora eram abafadas. Encarei meu reflexo no espelho, observando os resquícios da maquiagem borrada que contribuíram para a ilusão dramática. 

Ao sair do banheiro, enfrentei um corredor repleto de olhares curiosos e sussurros. A notícia do meu drama cuidadosamente encenado parecia ter se espalhado. Cada olhar que eu encontrava, cada cochicho abafado, era uma confirmação silenciosa de que a semente da minha narrativa tinha germinado e se espalhado rapidamente pelos corredores da escola. Mantive a postura, um equilíbrio cuidadoso entre tristeza simulada e resignação. O sucesso da minha performance não era apenas uma vitória pessoal; era uma peça-chave no tabuleiro complexo que eu estava jogando. Eu precisava manter a fachada, a aparência de alguém que estava se recuperando de uma dor recém-descoberta, enquanto, nos bastidores, eu planejava os próximos movimentos da minha estratégia elaborada. 

Os dias subsequentes à encenação dramática no pátio da escola transcorreram em um silêncio auto imposto, um período em que me retirei para os bastidores da minha própria farsa. Os cantos vazios da escola agora eram o palco onde eu interpretava a protagonista de um drama silencioso. Escolhi esconder-me em cantos isolados, lendo livros ou simplesmente fixando o olhar no céu como se buscasse respostas nas nuvens distantes, onde a solidão aparente era o cenário perfeito para a trama que eu havia criado. A imagem de uma alma dilacerada pela separação de Draco ganhava forma, cada detalhe da minha expressão cuidadosamente controlado para manter a ilusão viva.

O silêncio da noite envolvia meu dormitório na Sonserina. Desde minha chegada repentina à casa, fui designada a um quarto solitário, um isolamento que, estrategicamente, proporciona o cenário perfeito para que eu pudesse encontrar Draco na calada da noite sem que ninguém descobrisse a nossa farsa.

Eu estava sentada na beira da cama, enquanto Draco, ingressava no quarto, fechando a porta suavemente atrás de si.

- Finalmente você apareceu. - Disse eu.

- Eu não aguentava mais esse dia, não acabava nunca e eu estava louco para passar a noite com você. - Disse ele se aproximando de mim.

- Pra mim está sendo ruim também, mas quando isso tudo acabar podemos ficar juntos em público normalmente, agora tem que ser assim, ninguém pode desconfiar do que estamos tramando.

Draco, com olhos intensos, segurou gentilmente o meu rosto, como se o mundo exterior tivesse desaparecido naquele instante. O silêncio tornou-se eloquente, e o toque de seus lábios foi uma explosão de emoções reprimidas. O beijo carregava consigo uma ansiedade acumulada, uma paixão que transbordava dos recantos secretos de seus corações. Cada movimento era carregado de desejo.

- Anne. - Sussurrou ele

A mão de Draco deslizou suavemente pelo meu cabelo enquanto eu me entregava ao beijo. O quarto tornou-se um refúgio íntimo, onde o tempo parecia desacelerar. Não podíamos nos encontrar fora do quarto, então aproveitamos cada segundo, cada toque, cada suspiro compartilhado, era uma sinfonia de emoções que ecoava nas sombras do ambiente. Mas quando o dia amanheceu voltei ao plano.

AmaldiçoadaOnde histórias criam vida. Descubra agora