De volta à escola

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Na manhã seguinte, Draco e eu começamos os preparativos para nosso retorno à escola. Ainda que Dumbledore tivesse nos dispensado das faltas, sabíamos que recuperar o conteúdo seria um desafio. Quando chegamos, a escola estava cheia de estudantes indo e vindo. Entre a multidão, um burburinho de murmúrios e sussurros começou a se espalhar à medida que eu e Draco chegamos de mãos dadas, caminhando com confiança pelo pátio. A surpresa estava estampada no rosto de todos, já que nós dois éramos conhecidos por se odiar quando éramos de casas diferentes, mas ninguém esperava que a gente tornasse um casal. A notícia se espalhou rapidamente pela escola. Olhei para o lado e vi Harry em um canto, ele parecia estar muito irritado com o que estava vendo, quando percebeu que eu tinha o visto, ele deu as costas e saiu do pátio, Rony e Hermione foram correndo atrás dele, mas eu não me importava mais, eles me abandonará, poderiam se explodir que eu não daria a mínima. O burburinho dos estudantes reverbera pelas paredes do castelo, mas algo havia mudado em nós. O peso do que vivemos fora de Hogwarts ainda pairava sobre meus ombros. Dumbledore, ao perceber nosso retorno, aproximou-se da mesa da Sonserina. Seu olhar perspicaz indicava que ele entendia que algo extraordinário havia acontecido, mas não fazia perguntas. Ele nos desejou boas-vindas de volta e ofereceu apoio para nos integrarmos aos estudos.

Naquela noite eu tive um novo sonho. No pesadelo, eu me encontrava em um lugar sombrio, onde a escuridão era sufocante. O ar estava frio e carregado de uma sensação de opressão, como se o ambiente estivesse cheio de ansiedade e medo. De repente, percebi que estava sendo perseguida por algo que não conseguia ver claramente. Uma sensação de terror cresceu dentro de mim, pois cada vez mais sombras sinistras se juntavam à perseguição. Eu corria, minhas pernas estavam muito pesadas, mas não importava o quanto eu me esforçasse, o perigo parecia sempre se aproximar. Acordei gritando e não demorou muito para que Draco entrasse no quarto.

- Está tudo bem. Estou aqui. - disse ele tentando me tranquilizar.

- Era como se eu estivesse sozinha em um lugar escuro, cercada por sombras. Eu não conseguia respirar, e algo me perseguia. Foi horrível. - Disse eu com a voz trêmula.

- Vem cá. Estou aqui para você. Não há nada com que se preocupar eu estou ao seu lado. - Disse ele me abraçando.

- Fique comigo essa noite, por favor. - Pedi

- Tudo bem.

Draco entrou embaixo do meu cobertor e deitou comigo.

À medida que os meses se desenrolavam, a sensação de pertencimento à Sonserina se fortalecia dentro de mim. Cada dia trazia uma nova descoberta, uma conexão mais profunda com meus novos amigos e uma compreensão mais clara de quem eu era naquele contexto. Os corredores de pedra do castelo tornaram-se familiares, e o verde e prata da minha nova casa começou a representar não apenas uma mudança de cenário, mas uma verdadeira transformação na minha vida. O orgulho de ser uma Sonserina se mesclava com a curiosidade constante sobre o que o futuro reservava. No entanto, apesar da felicidade que encontrava na Sonserina, flashes do passado ainda ecoavam na minha mente. Sonhos perturbadores e a lembrança daquela marca negra em meu braço traziam à tona o mistério que pairava sobre minha vida. Draco e eu compartilhamos nossas preocupações e teorias, mas as respostas continuavam esquivas.

Certa tarde, as arquibancadas do campo de Quadribol estavam eletricamente carregadas com a energia fervorosa dos torcedores, ansiosos pelo confronto entre Sonserina e Grifinória. O céu nublado, pontuado pelos raios de sol que ocasionalmente escapavam das nuvens, proporciona um cenário épico para a batalha que se desenrolava no campo.Os jogadores em seus uniformes vibrantes se moviam em perfeita sincronia, exibindo habilidades mágicas e físicas impressionantes. As arquibancadas vibravam com os gritos de apoio das casas rivais, formando uma cacofonia ensurdecedora que pairava no ar. O batedor da Sonserina demonstrava maestria, enviando a goles em direção a um ágil jogador da Grifinória. A multidão prendia a respiração enquanto ele mergulhava habilmente para escapar do ataque, uma coreografia perigosa de destreza e agilidade que mantinha todos à beira de seus assentos.Draco, como apanhador, mantinha um olhar afiado no Pomo de Ouro, seu reflexo ágil guiando-o pela extensão do campo. Os outros jogadores da Sonserina trabalhavam em conjunto, mantendo a pressão sobre a equipe adversária, demonstrando a força e coesão de nossa casa. O Pomo de Ouro reluzia ao sol, e o jogo culminou em uma vitória para a Sonserina. A multidão explodiu em celebração, os gritos de triunfo ecoando pelas torres de Hogwarts. Eu, entre os fervorosos torcedores, corri em direção ao vestiário para parabenizar Draco.

- Você arrasou no jogo, fiquei aqui torcendo por você o tempo todo, e você realmente brilhou no campo.

- Ter você na torcida me deu aquela energia extra para dar o meu melhor.

Dei um abraço apertado nele. De repente minhas pernas começaram a fraquejar. Tentei manter o equilíbrio, mas meu corpo estava pesado. Eu sabia que estava desmaiando, comecei a cair, mas Draco me segurou. Quando abri os olhos, percebi que estava deitado em uma cama da enfermaria, cercada por pessoas preocupadas. Minha visão ainda estava turva, e minhas pernas estavam fracas. Meu pais entraram correndo na enfermaria, como teriam chegado ali tão rápido.

- Anne, precisamos conversar com você. Sua mãe e eu estamos muito preocupados. - Disse meu pai.

- Algo aconteceu, e achamos melhor irmos para casa imediatamente. - Falou minha mãe com um olhar sério.

- O que aconteceu? Por que vocês estão sérios? - perguntei confusa.

- Nós explicaremos tudo, mas agora precisamos ir. - Falou meu pai.

- Mas eu tenho aula e...

- Anne, a aula pode esperar. Há algo importante que precisamos discutir com você - Disse mamãe com firmeza.

- Tudo bem, eu vou com vocês. Mas, por favor, me digam o que está acontecendo.

Meus pais me ajudaram a sair da cama e me guiaram para fora da escola. Eu sabia que algo sério estava acontecendo e precisava descobrir o que era.

Eles estavam me levando para um lugar que não era a minha casa, mas eu conhecia aquele caminho, estávamos indo para a casa de Draco. O que faríamos ali a essa altura.

Quando adentramos a casa, uma atmosfera tensa pairava no ar, notável pela súbita interrupção das conversas quando pus os pés na sala. O silêncio abrupto e os olhares fixos que recaíram sobre mim tornaram evidente que minha presença era o foco da atenção de todos ali. Os murmúrios cessaram, e os rostos que estavam envoltos em conversas privadas agora se voltavam na minha direção. Os olhares curiosos, misturados com uma tensão palpável, tornaram o ambiente carregado de uma energia desconcertante.

- Draco, leve ela lá pra cima. - Disse Lúcio.

Draco veio até mim, pegou a minha mão e me levou com ele para seu quarto.

- Como você veio para cá também? - perguntei.

- Logo que seus pais saíram os meus apareceram e falaram que eu precisava vir para casa com eles urgente.

- O que está acontecendo?

- Olha Anne, eu não sei ao certo, mas algo terrível está para acontecer aqui hoje e envolve você.

- Porque ninguém fala nada, eu só queria entender o que está acontecendo comigo. - Comecei chorar e Draco me abraçou.

Acabei adormecendo nos braços dele e horas depois acordei com batidas na porta.

- Você precisa descer, estão esperando vocês lá embaixo.

Nós nos levantamos, saímos do quarto e descemos as escadas.

Ao adentrar a sala, uma atmosfera de silêncio solene tomou conta do ambiente. As conversas cessaram, e todos os olhares convergiram na direção da lareira. Através da meia penumbra, vislumbrei uma figura sentada em uma poltrona, de costas para mim, fixada na chama dançante da lareira.

Aproximei-me cautelosamente, e à medida que me aproximei, a pessoa na poltrona se levantou. Uma onda de choque percorreu meu corpo quando percebi quem estava diante de mim. Voldemort. Seus olhos vermelhos como brasas se encontraram com os meus, e por um instante, o tempo pareceu congelar.

O silêncio persistia, apenas a crepitação da lareira quebrava a quietude. A presença de Voldemort era avassaladora, seu olhar penetrante parecia sondar cada pensamento. Sua mão estendida em minha direção indicava uma saudação que era tanto formal quanto intimidadora. Eu estava diante do bruxo das trevas, o senhor do medo, e o que quer que estivesse por vir permanecia envolto em mistério.

AmaldiçoadaWhere stories live. Discover now