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Capítulo 14

Xiao Zhan

A ida à igreja nas manhãs de domingo era o ponto alto da semana em Chester. Era uma ocasião importante em nossas vidas, e meu pai era o homem responsável por isso. E como ele era bom naquilo! Eu só gostaria que minha atenção estivesse completamente focada nele naquela manhã.

— Sente-se direito, Xiao Zhan — sussurrou minha mãe com um tom exasperado no banco da igreja. — Um ômega de respeito não curva os ombros.

Eu me empertiguei, joguei os ombros para trás e fiquei ouvindo o sermão de meu pai para a congregação. Algumas pessoas atrás de nós começaram a cochichar e ouvi o nome de Peng ser mencionado.

— É, ele veio direto da casa de Autumn ontem à noite. Fico imaginando se ele sabe — disseram elas, e senti um nó no estômago.

— É triste ver o casamento deles ruir dessa maneira. Achei que eles fossem durar.
— Pois é, mas essa geração de hoje em dia não costuma mais lutar por seus parceiros. Ouvi dizer que não foi ele que saiu do relacionamento.
— São sempre os bons ômegas, não é?

Fiz um gesto para me virar e dar um fora naquelas fofoqueiras, mas minha mãe pousou a mão em meu joelho e negou com a cabeça de maneira discreta.
— Fique mais reto, Xiao Zhan — ordenou ela.

E eu me empertiguei ainda mais.
— Dizem por aí que He Peng queria uma família, mas Xiao Zhan não queria engravidar. Não queria estragar seu corpo. Mesmo que agora ele esteja um pouco... diferente.
— Também notei que ele engordou. É uma pena.

Minha mente começou a girar enquanto eu me obrigava a ficar ali sentado sendo ridicularizado pelas pessoas da cidade. E eu não tinha sequer permissão para me defender porque era Xiao Zhan, um anjo bem-comportado de Chester, Georgia.
O que me magoou mais foi o fato de as pessoas cochichando serem as mesmas que me abraçavam no mercado. Elas sorriam para mim e literalmente falavam mal de mim pelas costas.

“Eles vão sugar todas as suas energias até que não reste mais nada, e, então, vão perguntar como foi que você morreu.”

Eu me esforcei muito para não chorar também, porque um ômega perfeito nunca chorava.

— Será que dá para pararem?! — elevou-se uma voz, fazendo toda a igreja ficar em silêncio.
Meu pai parou o sermão, um pouco desconcertado diante do grito. Eu me virei e vi Xuanlu enfrentando aquelas pessoas rudes, que tinham uma expressão de choque no rosto.
— Que tal vocês ouvirem o sermão em vez de ficarem fofocando sobre um assunto do qual não sabem nada a respeito?

Ela se virou para a frente de novo e a igreja continuou em silêncio. Xuanlu fez um gesto em direção ao nosso pai e pigarreou, empertigando-se como uma verdadeira princesa.
— Desculpe-me, pai. Pode continuar..

Ele fez exatamente isso, não deixando de maneira alguma se afetar por aquela interrupção.
Depois do sermão, vi nossa mãe dando uma bronca na minha irmã no canto da igreja e me aproximei o suficiente para ouvir as palavras dela.
— Como você se atreve a nos constranger dessa forma, Xiao Cao Xuanlu!

— Sinto muito, mas eu não aguentei ver aquelas pessoas falando daquele jeito sobre Zhan. E estou chocada por você ter aguentado. Elas não fazem ideia do que meu irmão está passando.

— Isso é com elas, mas não é sua obrigação chamar a atenção delas por isso. Os hábitos fofoqueiros que cultivam é um assunto delas com Jesus.

— Bem, talvez Jesus não estivesse ouvindo com atenção hoje, então decidi entrar na conversa — irritou-se Xuanlu.

Ela se irritou com nossa mãe.
Quem era essa nova irmã e como eu poderia dizer a ela que eu a amava mais do que ela podia imaginar?
— Você está sendo infantil, Xuanlu. Pare com isso.
— E você está agindo como se aquelas pessoas fossem da sua família. Você está tão preocupada em como a igreja a vê que nem se importa com seus filhos. O que aconteceu com o sempre e para sempre, mãe? Quando foi que você deixou de acreditar nisso? — perguntou ela, antes de se afastar.

Shame my Shame Where stories live. Discover now