- Onde está indo, menina?- Uma voz grossa e ao mesmo tempo rouca ecoou em meus ouvidos. Engoli minha própria saliva.
Virei-me lentamente para trás, trêmula.
- É... bem... S-Sou uma das integrantes da banda que irá tocar.- Disse desviando a todo instante, meus olhos do segurança.
- Mas todos os participantes já entraram.- Semicerrou os olhos.
- Cheguei atrasada... Desventura, não? O trânsito está intenso esta noite.- Sorrir forçadamente.
- Deixe-me ver seu crachá ou me diga seu nome!- Ordenou estendendo suas mãos.
- C-Crachá?- Deslizei meus dedos em meus fios de cabelo.- Eu... Eu... Esqueci! Isso, acabei esquecendo no táxi.- Menti.
- Não irá enganar-me tão facilmente. - Seu sorriso amarelado, deixou-me ainda mais assustada.- Diga seu nome!
- Meu nome?- Perguntei fazendo-me de desentendida. Ele assentiu pegando uma lista que estava em uma bancada próxima.
Retirei discretamente de meu bolso, enquanto ele estava aparentemente distraído, um mini esprey de pimenta que havia trago - Anny...- Não tem este nome por aqu...- Seu falar foi interrompido no momento em que lancei o Sprey em seus olhos. Logo em seguida, corri para dentro da lanchonete.
- V-VOCÊ... VOLTE AQUI!! - Gritou.
Juntei-me a multidão. Eu estava ofegante. Meus batimentos pareciam levar-me á óbito.
- Pelo menos há poucas chances dele encontrar-me.- Sussurrei.
A banda que estava por ali, ainda não havia começado a tocar. Mas não importava-me, queria somente comer.
A lanchonete estava lotada, assim como, ao lado de fora.
Sentei-me em uma mesa discreta ao fundo. Limitando a visão do segurança, que pelo meu ver, era só ele.Cutuquei levemente o garçom que estava ao lado.
Em segundos ele virou-se para mim.- Olá, qual é o seu pedido?- Perguntou educadamente.
- Primeiro responda-me uma dúvida, por favor?
- Claro, pergunte.- Seu olhar direcionou-se para o seu bloco de notas.
- A comida é realmente grátis?
- Sim. - Sorriu. - Hoje é aniversário da lanchonete. Contudo, lanches e bebidas são por conta da casa. Pode pedir o que quiser.- Disse. Eu mostrei um sorrisinho torto.
***
Meu sistema digestivo parecia resmungar pelo fato de eu ter ingerido incontáveis porções de comidas nada saudáveis. Com isso, a vontade de fechar os olhos e dormir interminavelmente era tamanha.- Exagerei...- Sussurrei com a cabeça em meio aos meus braços.
- E aí, galera! Desculpe a demora, mas finalmente entramos! Ansiosos para ouvir uma música nossa?
- SIM! - O público gritou euforicamente.
Essa voz estridente... Dylan?
- E então, satisfeita? - Perguntou o mesmo garçom que havia atendido-me antes.
Levantei minha cabeça em um susto.
- S-Sim... hoje tenho certeza de que ganhei alguns quilos.- Sorrir - Mas poderia dizer-me qual o nome da banda que irá cantar agora?
Talvez enganei-me a respeito da voz. Ou não...
- Ah, sim... O grupo se chama Boys radicals. É uma banda da atualidade, porém muito bons.
É a banda do Pedro! Droga!
Ele não pode ver-me aqui... Não quero ousar em trocar palavras com ele!- É-É...- Levantei-me desastradamente, derrubando, sem querer, alguns pratos que estavam em cima da mesa. Olhares curiosos vieram ao meu encontro.- D-Desculpe, eu não tive a intenção...- Abaixei-me para pegar alguns que não quebraram.
- Não se preocupe, nós limpamos.- Disse o garçom.
- E-Está bem...- Sussurrei, sem jeito - Mas diga-me, há saída nos fundos? - Ergui a sobrancelha.
- Apenas na cozinha, mas é prioridade dos cozinheiros.
- Ah, sim...- Peguei minha mochila - E-E onde fica o banheiro?
- Caminhe reto, entre em um corredor pequeno e, é lá. - Assentir. Logo sair em passos largos, ainda acompanhada por olhares.
Odeio que me olhem fixamente.- Saia da frente! - Murmurei empurrando levemente uma garota, já bêbada.- Licença, caramba!
- Ai! Olha por onde anda, imebecil!- Ela disse entredentes.
- Eu já havia pedido licença e você não escutou, garota! Além disso, imebecil é você! - Ela deu de ombros, mostrando-me o dedo do meio.- Você está errada e ainda faz gestos obecenos para mim? - Semicerrei meus olhos.
Peguei algo líquido na bandeja de outro garçom que passava por coincidência no momento. - NÃO FAÇA MAIS ISSO!- Joguei o que eu havia pego em seu cabelo.- SUA CRETINA, MEU CABELO! MINHA ROUPA! - Gritou incrédula.
- BEM FEITO! - Em instantes, corri em direção ao banheiro. Percebi que ela corria atrás de mim.- Droga, droga, droga!- Murmurei.
Depois de alguns segundos passando por diversas pessoas, acabei perdendo-a de vista.
Porém, finalmente cheguei onde almejava.
Bati sobre porta do único banheiro feminino.
O cheiro era insuportável.- Um minuto! - Respondeu alguém.
Eu pretendia ficar ali até o término do show.
Depois, daria um jeito de sair discretamente.Já era possível escutar os garotos tocarem. O público gritava loucamente. Eles realmente são bons. Pedro não convidou-me desta vez, mesmo eu não trocando palavras com ele, deveria ter chamado-me.
Ajeitei minha mochila sobre as costas. No mesmo momento, a pessoa que estava utilizando o banheiro, retirou-se.
- Está livre...- Disse uma garota de cabelos ondulados. Eu apenas assentir.
Assim que coloquei minhas mãos sobre a maçaneta para abrir a porta, alguém colocou a mão sobre meu ombro.
Percebi que a garota que havia saído do banheiro saiu em passos largos e com uma expressão facial assustada.
Virei-me para trás, já esperando o pior. Levantei vagarosamente meus olhos.
E agora?
ŞİMDİ OKUDUĞUN
Desventuras De Maryanne
Genç KurguA vida de Maryanne Campbell Navarro não é nada pacata mas extremamente turbulenta, como a vida de algumas outras adolescentes consideradas rebeldes. Seus problemas começam aos cinco anos de idade e sua vida muda repentinamente aos dezesseis. E nes...