- Está um pouco frio para ficar aqui fora, não?
- Ah, Noah...- Sorrir.- Eu já iria ao seu encontro. - Ele olhou-me.- Está bem, eu não iria.
- Pegue.- Entregou-me uma manta.- Encontrei-a em seu quarto. Desculpe pelo ato atrevido de agir...
- Não há problema. - Sorrir - Sente- se aqui...- Ajeitei-me na rede para que ele pudesse sentar.
- Desculpe por ter te deixado sozinho assistindo o filme. É que eu tive que resolver um problema.- Tudo bem. É rotina viver e fazer tudo sozinho... Nem mais incomoda-me. - Sussurrou - Mas por que está assim, cabisbaixa?
- A recompensa de ter resolvido o problema...
- Não parece ter sido uma boa recompensa.
- Por ironia, não.
- E está relacionado ao Aus... Austin?
- Infelizmente sim. Ele resolveu reatar novamente com sua ex-namorada, aquela garota que estava aqui um pouco mais cedo. Mas por uma razão justa.
- Sente algo por ele?
- Não. Bem, acho que não... Digo a respeito de um amor para ter filhos, não é o que quis dizer? - Ele assentiu. - Fora isso, eu gosto dele como amiga, talvez. - Sussurrei - Ele havia prometido-me que seria meu melhor amigo e agora está se afastando aos poucos.
- Saiba que, se precisar de mim, estarei sempre disposto a te ajudar, mesmo te conhecendo hoje, certo?
"Mesmo te conhecendo hoje" São pessoas assim que considero genuínas.
- Ah, Noah, não sou de dizer "obrigada", mas hoje estou me superando. Então, obrigada.- Abracei-o. - Entretanto, não se preocupe, eu ficarei bem. É apenas medo de perdê-lo mais uma vez. Mas se não temos nem a nós imagina a outro alguém? - Suspirei. - Agora para mudarmos totalmente o foco deste assunto melancólico, diga-me um pouco sobre você.- Cobri-me com a manta.
- Está bem.- Disse timidamente. - O que quer saber sobre mim? - Indagou.
- O que puder falar...
- Acho que sou um filho único desde... desde...- Calou-se.
- Como eu disse, o que puder falar, podemos nos conhecer melhor com o passar dos dias, anos, eu não...
- Ok.- Retirou os óculos e passou a mão sobre os olhos. - Desde a oitava série estudei em um colégio interno. Não tive muitos amigos. E os poucos que tive eram verdadeiros gênios. Os perdi com minha vinda para cá. Já quebrei o pé, o braço e a perna. Já namorei duas garotas. Uma durante três anos e a outros durante um ano. A primeira deixou-me porque já não tinha mais amor e a segunda porque seus pais achavam-me estranho demais. Um psicopata, para ser mais claro.- Sorriu - Já que ela e eles eram rockeiros.
Não sou bom em futebol. Respiro livros. Tenho uma caída por animes e um gosto peculiar de ler biografias de escritores ingleses. Tenho dezessete anos, serei um adulto daqui a dois dias.- Ele sorriu.- E ou um aspirante a Astrônomo. E é isso...- O que é um Astrônomo? Desculpe minha falta de conhecimento sobre... sobre... você entendeu-me.- Indaguei curiosamente.
- Astrônomo é um cientista que estuda corpos celestes como planetas, estrelas e galáxias. Tudo isso é fantástico.-
- Então estudam sobre cometas?
- Sim. Os astrônomos montam programas para estudar cometas e tentar decifrar alguns mistérios do Universo.
- Irá passar um cometa hoje à noite.- Olhei-o - Se esperamos um pouco mais, podemos vê-lo.
- É claro, havia esquecido-me...- Sussurrou.- Obrigado por lembrar-me. Eu preciso pegar meu binóculo.- Levantou-se.
- Noah, irá voltar?
- Sim.- Disse entre os lábios.
***
- É... É encantador! - Disse boquiaberta.
- Cada detalhe é surpreendente!
- É a primeira vez que vejo um cometa... Nunca imaginaria que seria tão fabuloso. - Retirei o Binóculo.
- Fico feliz que tenha gostado. No entanto, está se sentido melhor?
- Estou.- Sorrir.- Ás vezes é bom espareicer com pessoas sagazes, como você. Acabamos nos tornando nem que seja por um minuto, sagazes também.
- Muitas garotas não... não se agradam. Por conta disso, por muitas vezes não queria ser assim. Querer saber. Ou saber demais, não enaltecendo-me, claro. Mas é mais forte que eu. Quando menos percebo estou com os olhos grudados em um livro. Virou vício.
- Eu me agrado. - Olhei-o. Ele havia corado. Sorrir discretamente.
- Já te falei sobre mim... Agora, diga-me sobre você.
- Minha vida não é muito, digamos, interessante...- Sussurrei. - Tem história que doem-me.
- Se não quiser dizer, eu entendo.
- Não seria certo. Mas posso te dizer somente os momentos felizes? - Assentiu - Apesar de serem construídos a base de momentos melancólicos, mas terminam felizes. Então vamos lá, prepare os ouvidos!
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Desventuras De Maryanne
Teen FictionA vida de Maryanne Campbell Navarro não é nada pacata mas extremamente turbulenta, como a vida de algumas outras adolescentes consideradas rebeldes. Seus problemas começam aos cinco anos de idade e sua vida muda repentinamente aos dezesseis. E nes...