tatiana

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Samuel Genovese

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Samuel Genovese.

Corro o mais rápido que consigo, subindo três lances de escada e cruzando pela porta de aço que estava entreaberta. Ouço o som da poça de água ao ser pisada pelos meus sapatos, o golpe de vento frio. Sinto a chuva gelada cair sobre minha pele quente, o suor que escorre da minha testa se misturando com as gotas de chuva que beijam meu rosto e escorrem pelo rosto rumo ao resto do corpo, ensopando meu terno preto.

O sangue congela nas veias, os pelos se arrepiam com o calafrio que percorre minha espinha no momento em que meus olhos encontram minha filha.

Movo os lábios, quero chamá-la, gritar, contudo o terror é tão monstruoso que chego a perder a voz.

Meus olhos pesam com as lágrimas, embaçando minha visão. Meu coração bate descompassado, mãos suadas e trêmulas. Por um instante, olho para o céu, clamando em silêncio pela força divina que vive sobre os céus e se faz presente para que nada aconteça com a minha menininha.

Sinto Alejandro um pouco atrás, petrificado e tão em choque quanto eu. Forço minhas pernas, caminhando um passo de cada vez, de maneira silenciosa para não assustar
.
— O que eu fiz de errado, hein? Por que eu? Qual é o maldito problema comigo? — murmura com a voz baixa — Qual é a porra do problema comigo? — Ela grita. Um grito estridente, carregado de angústia e dor.

O maldito grito que faz minhas entranhas se retorcerem e o peso de todos os anos de negligência caem sobre os meus ombros como toneladas de concreto.

Meus lábios tremem e é impossível segurar as lágrimas que embaçam minha visão e, sem minha permissão, caem dos meus olhos.

Porra, eu só tinha uma missão, a porra de uma missão, que era ser um pai decente para minha filha, o caralho de um pai, e falhei miseravelmente.

Ela está sofrendo tanto, tanto que me pergunto quando começou. Ou talvez sempre esteve lá e eu estava tão ocupado lidando com a minha própria merda que não percebi o que estava acontecendo com a minha filha, principalmente depois da invasão, que barbarizaram minha criança sem chance de defesa.

Culpa, remorso e dor unidos em uma só potência crescente, ganhando força dentro de mim. A resposta para minhas perguntas é uma só: EU! Toda a dor que minha menina carrega é minha culpa, toda a tristeza em seu coração foi causada por minhas ações e erros.

Eu ferrei tudo, fodi tudo e agora sinto como se o chão abrisse diante dos meus pés.

— Por que, meu Deus? — Ela murmurou baixinho. — Por quê?

Um passo de cada vez, me aproximo da minha filha, enquanto sua atenção está direcionada à imensidão da madrugada. Seus olhos encaram fixamente o céu, ignorando a chuva que encharcou a camisola hospitalar, como se esperasse uma resposta, um sinal. E como nada vem, ela bufa decepcionada.

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