II (parte 2)

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— Entrem em casa imediatamente. — disse Alice a fulminar Maya com o olhar. — Maya, o que te passou pela cabeça para os tirares da ala hospitalar?

— Tive um mau pressentimento em relação ao doutor Henriques e tinha razão mãe! Quando entrei no quarto deles, ele estava perto das camas com duas seringas tranquilizantes! — disse Maya com urgência e em tom de pânico.

— Isso não te diz respeito Maya. Tenho certeza que havia um bom motivo para isso. E tenho certeza que viste mal. Ele não conseguia agir contra nós. Amanhã vou falar com ele a respeito do que aconteceu, mas é bom que não nos desafies novamente. Os teus irmãos podiam ter ficado mal desde a ala hospitalar até aqui a casa, pensaste nisso? Agora também não vale a pena fazer nada, vamos todos para a cama rapidamente. — Ralhou Alice em alto e bom som. — Tobias e Richard pelo resto da semana vão ficar em casa a descansar. Amanhã o vosso pai vai falar com vocês. Agora chega de emoções fortes e vamos descansar. Boa noite meus queridos. — disse Alice com um tom de voz mais doce.

Entrámos todos e eu senti-me mal pela forma que Maya se arriscou por nós.

Eu olho para ela e vejo que está a sorrir.

— Dorme bem e vê lá se ao menos nos sonhos não te metes em sarilhos e não precisas de salvamento. — diz Maya num tom brincalhão.

Assim que disse isso correu escadas acima sem me dar tempo de responder. Claro que não me ia colocar em sarilhos durante um sonho. Isso é impossível, certo? Oh, mas como eu estava enganado, nunca tive tão enganado em toda a minha vida.

Subi para o quarto, vesti o pijama e deitei-me completamente exausto.

Comecei a sonhar que voava, conseguia sentir que era um animal grande, asas fortes e de cor branca que estava só a curtir o vento a passar nas asas. De repente o sonho mudou.

Consegui sentir o vento a bater nas minhas asas grandes e esticadas, senti as pernas longas e musculosas e as minhas garras, senti que estava a uma altura muito alta, mas algo estava errado, eu estava em pânico e nervoso, a desviar-me de algo a alta velocidade.

Tentei defender-me e dei uma cambalhota para trás, mandando uma rajada de fogo e só conseguia pensar, estou quase lá, quase lá.

Mas nunca cheguei a saber se chegava ao lugar que tanto precisava ou não, porque Richard me acordou exatamente na altura que parecia que eu estava encurralado.

Assim que acordei senti-me doente, estava todo suado, parecia que tinha mergulhado em água gelada.

— Queres que vá chamar os pais? — perguntou Richard em pânico.

— Não. Eu vou-me levantar para tomar um duche e ver se durmo outra vez. Um duche de água quente pode ajudar. — respondi. — Mas obrigada. Já falamos.

— Tudo bem. Estou aqui para o que precisares, sabes disso. — respondeu Richard claramente chocado.

O mau de estarmos destinados a ser irmãos de sangue é que sentimos sempre o que o outro sente, neste preciso momento Richard estava muito cansado, mas não conseguia dormir porque eu não estava bem. Não conseguia afastar a sensação de que se o sonho tivesse continuado iria ver a minha morte. Sentia a garganta inchada e o corpo dorido.

É completamente impossível isso ser do meu sonho. ​Pensei eu para mim mesmo. Eu queria acreditar naquelas palavras. Tomei um banho longo de água bem quente e ao sair senti-me melhor.

Voltei para o quarto e contei o sonho a Richard.

— Mano eu tive uma má sensação e acordei-te assim que te vi contorcer na cama. — informou-me Richard.

Os Irmãos De Sangue: Um Encontro InesperadoWhere stories live. Discover now