IV (Parte 4)

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Alguém clareou a garganta atrás de nós e eu percebi que esse alguém estava a chorar.

— Filho. Ainda bem que voltaste... Já estás bem. — disse Alice, aliviada a limpar as lágrimas.

— Mãe, pai, desculpem por ter-vos preocupado, mas eu vou ficar bem com o tempo e com a ajuda do Tobias. — diz Richard confiante. — Ele mostrou-me que sou preciso aqui e que não posso deixar que o que os outros me dizem e fazem me guie pelos caminhos que eles querem e desejam. — referiu Richard.

— Filho, precisamos de saber o que se passou de manhã. Tens de nos contar. — Implorou Jonathan.

— Não lhes contaste? — perguntou-me Richard.

— Não. Achei que devias ser tu a contar-lhes a história toda desde o início. - respondi eu.

— Muito bem... Obrigada Tobias realmente penso que a maneira mais fácil de tentar ultrapassar é a falar sobre isso, portanto eu conto-vos. — disse Richard e respirou fundo para começar.

Ficamos todos em silêncio enquanto o ouvíamos a relatar os factos, mesmo aqueles que eu não sabia.

Eles andavam a torturá-los desde os sete anos, ou seja, já há quase três anos, por os pais terem sido expulsos e acusados de traição pelos nossos.

Normalmente eles faziam isso sempre que ele estava sozinho, mas nos últimos meses eles não o atacaram e ele pensou que o deixaram ficar em paz, até que aconteceu isto hoje.

— Eles atormentam-te há quase três anos? Como nunca disseste nada e nós nunca percebemos? Estavas sempre tão sorridente e nunca fazias cara de dor. — perguntou a mãe a chorar.

— Ia ao doutor e dizia que caí a brincar ou que bati em algum sítio. Ele nunca me fez muitas perguntas, só me dava comprimidos para as dores e curava as feridas. — explicou ele envergonhado.

— Ah filho... Não devias ter escondido isso de nós. — disse Alice. — Não o voltes a fazer.

— Sim, filho, a tua mãe tem razão, nós somos teus pais, estamos aqui para ajudar. Continua a história. O que se passou a seguir? — perguntou Jonathan a olhar com atenção para Richard.

— Hoje quando o Tobias e a Maya foram à sala de aula e tiveram uma conversas com os nossos colegas de turma por não nos estarem a tratar de maneira justa, eles devem ter saído da sala a falar sobre a conversa e o Xavier junto com os amigos deviam estar perto e perceberam que estávamos juntos escondendo-se para não serem vistos, a Maya saiu muito triste e chateada e a odiar-nos a pensar que somos a causa de todos os problemas dela. — Continuou Richard e vi lágrimas escorrer em pela cara dele.

— Richard eu não penso isso... Tu és muito importante par mim. Aliás, os dois são muito importantes para mim... — diz Maya quase sem voz.

— Sim querido, a tua irmã não pensa isso. — disse Alice. — Ela tem estado muito preocupada com ambos... Não sai daqui mesmo connosco a mandar. — explica Alice dando um abraço na filha.

— Xiu Alice, deixa-o continuar. — Falou Jonathan e fez sinal a Richard para continuar.

— Ela saiu disparada da sala, mas eu e o Tobias ainda ficamos a falar sobre coisas sem interesse e quando saímos vimos que o Xavier e os amigos estavam à nossa espera. Eu percebi logo que o Tobias ia perceber o que se andava a passar e quem eles eram e fui-me abaixo, não me consegui defender nem a ele. Senti-me fraco por estar frente a frente com eles novamente quando pensei que já estava seguro, mas afinal eles queriam apanhar os dois juntos desta vez. - Continuou ele.

Parou um pouco para beber água e continuou logo a seguir:

— Tobias tentou arranjar um modo de nos fazer sair de lá sem sermos um saco de boxe, mas eu estava com demasiado medo para me mexer e quase deitei tudo a perder. — disse ele e começou a tremer.

Os Irmãos De Sangue: Um Encontro InesperadoDonde viven las historias. Descúbrelo ahora