Capítulo 43 - Rahma Haruna

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Rahma Haruna é um antigo santuário nas profundezas das interferências mágicas de Brana, muito semelhante aos que existem no reino de Sauropsídia, e está localizado nas inúmeras cadeias montanhosas de Kravaattii. Assim como a Tumba de Gaiseric, esse templo também foi construído na época da Aliança de Nibelungo, originalmente para homenagear o antigo deus da justiça e das espadas. Dizem que um dos Grão-Sacerdote do passado selecionou este lugar para abrigar as relíquias da linhagem de Gaiseric, embora não seja claro na história o por que ele escolheu Rahma Haruna, e não um templo de sua própria seita.

O longo caminho era enfeitado por enormes arcos de pedras, pilastras e arquedutos destruídos pelo tempo. Lá embaixo, sons de água corrente batiam nos enormes pilares que sustentavam a ponte que servia para a entrada do templo. Seus passos faziam ecos fracos, quase imperceptíveis naquele vale silencioso. Suas vozes eram abafadas e carregadas com o vento. E seus tamanhos perante aquilo tudo era como se fossem apenas formigas diante de uma cidade de gigantes.

O templo era tão alto e imponente quanto uma montanha, grande suficiente para que suas paredes de pedras polidas repousasse em suas encostas. Não muito longe dali, havia enormes blocos de arenito negro, um portão de bronze simplório e um portão de madeira na frente de um colossal templo. As paredes poderiam ser de ouro sólido e a praça, pavimentada com diamantes; para todos os efeitos, aquilo não importava muito ao grupo, com exceção de Gerlon. Sirius se mostrou indiferente a tantas riquezas, aquilo o tiraria de sua vida miserável, ele e sua irmã, assim como Mikka e o resto dos órfãos, mas de repente, aquilo já não o interessava. Eles pegariam aquilo que o templo está incubido de proteger e seguiriam o caminho para completar a missão.

Spike reagiu institivamente quando uma harpia traçou um longo e amplo arco, varrendo os céus acima. Ele empunhou sua espada e preparou-se para lutar e os outros fizeram o mesmo, mas a criatura alada concluía a sua curva em direção ao templo. Eles correram para a frente.

Eles assistiram cautelosamente enquanto as harpias se reuniam em torno de Rahma Haruna, como morcegos ao redor de uma torre sineira. Abaixo delas, em algum tipo de plataforma grande de pedra, uma imensa fogueira ardia, e a fumaça que intoxicava o ar era densa e preta. Uma mudança de vento trouxe a fumaça para perto do nariz de Spike e ele reconheceu o cheiro. O combustível desse fogo era cadáveres.

Escalar os últimos metros provou ser demais para eles. Spike teve de passar um tempo considerável procurando, antes de encontrar algum bloco de pedra que pudesse ser usado como escada. Após subir para o próximo nível, eles descobriram (com exceção de Spike) que o que queimava ali não era um pira funerária, mas que, em vez disso, havia um grande caldeirão escaldante de bronze e pedra, cuja borda era duas vezes maior que eles.

Enquanto o grupo se aproximava o grito áspero de uma harpia levaram eles a olhar para o tempo, a tempo de ver a horrenda criatura abrir as garras e deixar cair outro cadáver, outro soldado, ao que parecia. Trajava armaduras imperiais bem conhecidas por eles. A armadura brilhou brevemente e então colidiu como um chocalho, quando seu portador atingiu o recipiente.

-Esses será vocês um dia. Mais cedo ou mais tarde, assim eu espero.

Eles sacaram suas armas. Mancando na direção deles, usando um longo bastão que usava para se apoiar, veio uma espécie de morto-vivo decrépito demais para empunhar uma espada ou foice. Sua cabeça era, em sua maior parte, um crânio humano exposto; um braço terminava e um toco esmigalhado de osso, e sua perna direita lhe faltava o joelho. Um lado de suas costelas, que estavam desprotegidas da visão do grupo, parecia hospedar órgãos, pulmões encouraçados e um coração negro, que pulsava tão lentamente quando a criatura andava. O cajado sobre o qual se apoiava estava enegrecido pelas chamas e com a ponta queimada.

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