Prólogo

49 4 0
                                    

Prólogo - Seja forte e corajosa.
· · • • • ✤ • • • · ·

O que fazemos ao contar histórias? Por onde começamos? Que fatos são tão relativamente importantes ao ponto de serem contados? Que lição eles trarão?

Questionamentos, dúvidas, inseguranças, tão marcantes ao começar a colocar as experiências em palavras. Que tipo de história será? Qual sua primeira frase? Qual a sua intenção? Como escrever a nossa própria história?

"Lizzie, Lizzie, que tipo de história quer contar?"

Memórias, diálogos, momentos, aprendizagens. Se começar a falar já não se deseja mais parar. Com o diário e a pena em mãos, a jovem rainha passa a partilhar suas vivências, talvez elas sejam ensinamentos para outras pessoas assim como foram para ela mesma. Cada dificuldade, cada sofrimento e anseio, cada oração e súplica, foram parte de sua caminhada até então, mas também momentos felizes e de perfeita harmonia.

Lembranças, lembranças, lembranças e o papel.

Quando era criança Lizzie costumava ser a tagarela da família, sempre motivada a fazer as coisas mais difíceis até quando se sentia intimidada por elas. Seu pai orgulhava-se completamente por ela ser desse jeito e sempre a apoiava e ensinava. Ele era um rei gentio e sábio, sempre buscando o melhor para sua família e para o seu reino.

Naquela época seu país estava sendo fortemente assolado pela guerra, por isso, quando Lizzie com apenas cinco anos, disse que queria aprender a lutar para defendê-los, seu pai não a impediu. Claro que de acordo com sua idade ela não treinaria pesado como os demais, mas a pequena princesa já carregava para todos os lados a sua pequena espada de madeira que usava nos treinamentos.

Ela sabia que um dia se tornaria rainha e mesmo que isso ainda demorasse queria estar pronta. Parte dessa determinação vinha dos ensinamentos que recebia, e a outra parte vinha dela mesma.

Em uma manhã ensolarada, Lizzie levantou-se apressadamente, quase acordando sua irmã mais nova de apenas três anos que dormia ao seu lado. Aurora tinha o sono leve e se acordasse daria trabalho para voltar a dormir.

Quando percebeu que quase tirou sua irmãzinha do sono, a pequena princesa desceu da cama vagarosamente, evitando fazer movimentos bruscos, embora sua verdadeira vontade fosse sair saltitando por todo o quarto. Era o seu primeiro treinamento. Fez a sua higiene matinal na velocidade da luz sem sequer esperar por sua mãe para prepará-la.

Normalmente seu sono era muito pesado, dificilmente acordava sozinha, mas estava tão ansiosa e empolgada que mal dormiu na noite anterior.

Quando terminou de se arrumar, Lizzie andou vagarosamente para perto de sua cama, ajoelhou-se e contou em sussurros ao Criador o quanto estava empolgada e ansiosa naquele dia, agradeceu pela noite em que dormiu, e pediu para que Ele abençoasse seu novo dia. Ao voltar dos treinos, ela também lhe contou como eles eram bons e o quanto ela aprendia com eles.

Seus dias, sem dúvida alguma, eram bem melhores, quando iniciavam com uma conversa sincera com Ele.

Ao treinar, a menina usava o máximo que podia de si para aprender a lutar, queria ser muito, muito boa e poder derrotar seus futuros inimigos. Queria defender seu bem mais precioso, sua família. Desejava que estivessem sempre juntos e unidos, pois os amava imensamente. A princesa prestava atenção em cada novo movimento que o pai lhe ensinava e o ouvia atentamente.

- Preste atenção, Lizzie. Quando estiver lutando, seus pés devem estar alinhados com os seus ombros. - disse o rei.

A menina prontamente colocou-se na posição em que ele mostrava e falava.

- Tente se concentrar nos movimentos que seu oponente fizer. Para se defender ou contra atacar, você precisa prever o que ele fará.

- Mas como vou fazer isso, papai? Não posso ler a mente dele. - respondeu ela.

Toda a vez que o pai falava de prever movimentos, a pequenina sentia-se frustrada, afinal, ninguém podia ler a mente de ninguém.

- Com o tempo e com experiência, você vai perceber que não precisa ler mentes para poder lutar. - respondeu o pai sorridente, ao ver como a menina pensava sobre o assunto.

- Não mesmo? - perguntou ela, aproximando-se do pai.

- Não mesmo. - respondeu ele se ajoelhando para ficar no tamanho aproximado da filha. - Mas não se esqueça, seja forte e corajosa.

- Como nas palavras do Criador?

- Sim. Como nas palavras do Criador. Obedeça sempre a Ele e confie nEle. Podemos passar por muitas coisas difíceis nessa vida, filhinha, mas Ele está ao nosso lado e nos ama muito.

- Mas precisamos obedecer, não é? - perguntou Lizzie mais uma vez.

- Obedecer e confiar. - confirmou o pai sorrindo e apertando rapidamente o nariz da filha com a ponta dos dedos.

Guerras, Espadas e Romance Where stories live. Discover now