Voando ao teu coração

Agitações diárias

Tomy passou alguns dias em Londres onde a empresa tinha uma filial. Era muito respeitado e responsável por todas as partes tecnológicas das aeronaves. O seu trabalho era reconhecido por ser de excelência e dedicação.

- Oi, Raul, o que achou das novas tecnologias aplicadas nas aeronaves?

- São perfeitas, Tomy! Quanto mais investirmos em inovações, os nossos aviões ganharão um espaço especial nesse mundo aéreo. E a vida, muito corrida?

- Ontem me atrasei tanto, que quase perdi o avião, minha sorte foi que a aeromoça não fechou a porta da aeronave.

- Que sorte! Você não poderia perder essa reunião.

- A Isa me esperou.

- Quem é Isa?

- Uma aeromoça linda que conheci no voo.

- Cheirinho de interesse no ar!

- Ela me odiou.

- Você deve ter aprontado alguma, te conheço.

- Eu só peguei o táxi que ela havia pedido, eu estava muito atrasado.

- Caramba! É só você se desculpar.

- Eu nunca mais vou vê-la, ela viaja muito, foi sorte dessa vez.

- Pelo visto ela mexeu com você.

- Ela é bem diferente das outras, é linguaruda e me trata mal.

- Acostumado a ter todas, e com essa foi
diferente.

- Não me importo! Mulher é o que não falta.

A boca falava uma coisa, mas o pensamento era totalmente diferente.

- Bom dia! O senhor pode colocar o sinto de segurança, por favor? Aceita um suco? Obrigada por voarem na nossa companhia aérea, agradecemos a preferência. - disse Isa.

Isa, ia, vinha, rodava o mundo, e a cada parada, novas aventuras. Ela adorava colecionar fotos dos lugares onde passava, era o seu passatempo.

- A Itália continua linda! Que culinária maravilhosa, que povo bonito e educado!

Cada foto era uma lembrança boa, daquilo que mais amava fazer, que era
voar.
Entre um voo e outro, por coincidência ou azar, mais uma vez ele reencontrou Isa no aeroporto dos Estados Unidos, ele acabava de desembarcar em outra companhia aérea.
Ela andava pelo aeroporto escutando músicas com seus fones inseparáveis, nem percebia que aquele homem a seguia.

- Isa, oi, me espera. - gritava Tomy.

A música alta impedia ela de responder ao seu chamado.
Ela entrou no táxi e nem percebeu que Tomy tentava alcançá-la.

- Que droga! Perdi a Isa de vista, onde será que ela foi? Saco!

Tomy ficou chateado por não ter conseguido se comunicar com ela. Pegou um táxi e seguiu para casa. Não entendia porquê havia ficado tão empolgado ao vê-la.

- Por que eu saí correndo atrás daquela mulher? Deve ser cansaço, só pode. Ela estava linda com aqueles fones. Qual será o tipo de música que ela gosta?

- Falou comigo, senhor? - disse o motorista.

- Não! Estou falando sozinho.

Ele foi o caminho inteiro pensando nela. Como aquele encontro inesperado mexeu com o seu coração.

- Obrigado, e tenha um bom trabalho.

Ela desceu na frente da sua casa e
entrou feliz da vida. Teria três dias de folga até voltar para a louca rotina de viagens.

- Ufa, que bom, saudades da minha casinha! Vou abrir essas janelas e dar um jeito em tudo, quero sentir um cheirinho de limpeza. - falou aquela aeromoça linda.

Ela guardou as malas e correu para organizar a casa. Limpou tudo, regou o jardim, separou o lixo e tudo ficou cheiroso como gostava. Tomou um banho, vestiu um moleton confortável e deitou  em sua cama. Ligou a televisão e assistiu um filme, comeu pipocas e decidiu sair para correr, o tempo
estava frio como ela amara.

- Que frio delicioso! Vou fazer uns exercícios e tomar um café por aí.

Ela andou for quase todos os quarteirões, quase uma hora de caminhada. Parou em frente à um café e decidiu entrar.

- Por favor, um café bem forte com uma torta de frutas vermelhas.

As agitações da vida muitas vezes impediam que ela fizesse coisas tão simples, mas que faziam toda a diferença.
A televisão do café estava ligada e notícias passavam sem parar. Em uma delas, o apresentador falava sobre o lançamento dos novos aviões da empresa Air Plane, que tinham à frente o executivo Tomy Bártoly.

- A empresa Air Plane, lançará amanhã as suas novas aeronaves, cheias de tecnologias e sofisticação, sob o comando do executivo Tomy Bártoly, um rapaz jovem, que é uma promessa na área da aviação. - anunciava o apresentador do jornal.

Ela observava a notícia sem acreditar que aquele homem do voo estava mais uma vez tão perto.

- É o carinha do voo, aquele chato, ainda bem que estamos longe. Ele trabalha com aviões, nem me disse nada, também eu nem queria saber.

Seria o destino tentando dizer algo ou apenas mera coincidência, assim como no voo onde se conheceram?