Capítulo 8

98 4 1
                                    

Descobri que voltar para Sydney era mais complicado do que imaginava. Não existiam voos diretos para a cidade; sequer havia um aeroporto. Eu soube por meio do motorista que as pessoas costumavam usar helicópteros, mas eu simplesmente não possuía dinheiro o bastante para alugar uma aeronave menor ou coisa do tipo. Foi quando eu resolvi me arriscar a viajar por cerca de nove horas em um transporte terrestre. Bem, o taxista me garantiu que eu chegaria viva até Queensland.

Fui deixada na grande rodoviária de Port Douglas. Eu tive de me virar sozinha para comprar uma passagem e alguma comida. Não havia muita coisa na minha bolsa, o meu cartão também não possuía um vasto limite. Eu rezei para conseguir um bom preço e um ônibus que me levasse ainda esta manhã.

O meu pé nervosamente batia sobre o piso liso e escuro. Eu me encostei à parede para analisar o meu passe. Letras azul-marinho estavam por toda parte no papel quadrado. Eu me esforcei para encontrar a plataforma de embarque e o meu assento. Enquanto eu o fazia, os meus ouvidos captavam passos ao longo de mim. Eu automaticamente olhei para cima com medo de ver o meu raptor. Mas eu me senti mais calma quando um garotinho sorriu enquanto passava com sua mãe.

― Eu estou ficando paranoica.

Telefones estavam espalhados em cada canto das paredes em branco e vermelho. Vi-me frustrada por não poder usar nenhum. Eu tinha feito um cálculo mental sobre os meus gastos, e definitivamente adquirir um cartão telefônico seria como abdicar a minha próxima refeição. Retornando o meu olhar para o bilhete, eu suspirei e continuei esperando o horário da minha saída.

A imagem de Liam estava a todo o momento na minha cabeça. Eu não queria pensar nele, mas se fazia difícil quando eu me lembrava de tudo o que havíamos feito horas atrás. O arrependimento de tê-lo permitido me tocar incidiu sobre mim. Eu mesma me repreendi por ser fraca e não afastá-lo a tempo. Eu precisava de controle em situações como aquela, mas eu realmente havia me tornado alguém diferente do que eu era antes. Eu já não possuía tanto domínio sobre os meus atos.

A ficha finalmente caiu quando eu desviei de algumas pessoas e segui para a minha plataforma. Eu estava indo de volta para casa, Liam não estava comigo. Foi a única vez em semanas que eu me senti verdadeiramente feliz. Eu não tinha de estar sob comandos de outra pessoa; não necessitava permanecer atada em um quarto e uma vida que não era a minha.

Eu calmamente esperei o meu ônibus; os meus olhos atentos aos letreiros com avisos. Subitamente, um aglomerado se formou ao longo das escadas que levavam para a superfície da rodoviária. Eu me perguntei o porquê de tanta gente. Havia homens de preto correndo com aparelhos de comunicação, policiais e seguranças trabalhando em vasculhar o ambiente. O meu coração apertou quando encontrei alguém descendo os longos degraus. Não, ele não deveria estar aqui.

Tão rápido o olhar de Liam me captou, eu corri para o primeiro veículo disponível. Eu soube que os seguranças estavam à minha procura ao que o cobrador não me deixou entrar. Tive as minhas mãos aprisionadas por dedos fortes, mantendo-as para trás como se eu fosse uma criminosa. Eu estava tão desesperada que lágrimas inconscientemente escaparam dos meus olhos. Em questão de minutos, Liam me alcançou e me circundou em seu peito. Eu tentei afastá-lo de mim, mas os seus braços me apertaram com força e me levaram para longe da plataforma.

― O que diabos você estava fazendo, Demetria? ― o tom da sua voz era duro e rude. Eu fui guiada para a escada sob a escolta de dois seguranças. Liam os tinha feito sair da casa de praia para tê-los consigo.

Os argumentos foram embolados na minha garganta. Tudo o que eu podia fazer era chorar e me sentir frustrada. O meu plano de fuga era perfeito, eu deveria estar longe de Liam e daquela grande porcaria de sina. Mas ele havia me provado o quão difícil seria. Eu não sabia mais o que fazer a respeito. Por mais que eu buscasse formas de escapar, ele sempre viria atrás de mim. Tive vontade de morrer quando ele falou que eu ficaria trancafiada no quarto como castigo.

HuntWhere stories live. Discover now