Capítulo 10

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Meus pertences estavam embalados em diferentes caixas ao longo da sala. Ainda existiam objetos na cozinha, mas estes definitivamente não poderiam ser transportados para o meu novo apartamento. O ato de embrulhar e arrumar em pilhas dentro do papelão me deixava ocupada para não pensar. Eu estava concentrada em não quebrar ou esquecer a alguma coisa. Eu tinha de levar apenas o necessário para Camberra, e fazer com que isso chegasse inteiro até o meu destino.

Fazia cerca de cinco meses que eu havia conseguido uma vaga de trabalho em uma loja para automóveis. Eu não entendia praticamente nada, mas eu não precisava saber sobre mecânica, uma vez que eu era somente uma das vendedoras. Não ter de lidar com pessoas enchendo a cara, homens olhando para as minhas pernas, fez com que eu valorizasse o meu novo emprego. Eu consegui relativamente evoluir, então eu poderia dizer que ser transferida para uma filial maior foi meio que uma premiação sobe o meu esforço.

Eu arrastei alguns pratos para a minha pequena mesa, e comecei a embrulhá-los com papel quando o meu celular apitou. Eu rapidamente desloquei o aparelho da minha calça, o número da minha mãe piscando na tela. Ultimamente ela estava ligando bastante para mim. Parecia que nós tínhamos muitos assuntos para por em dia.

― Oi mamãe. ― eu descansei o telefone sobre o meu ombro direito, apertando-o contra a bochecha enquanto concluía o trabalho com os pratos. ― Como está?

― Olá Demi. Eu estou bem, querida. ― a sua voz parecia rápida, a ansiedade claramente explícita. ― Eu sei que você deve estar ocupada com a mudança, mas nós precisamos falar a respeito de algo muito sério.

As minhas sobrancelhas franziram. Nós havíamos tido a nossa última conversa ontem, e as coisas estavam nos seus eixos, entretanto.

― Aconteceu algo?

― Leo está de volta. ― eu ouvi o compasso acelerado da sua respiração. ― Bem, eu não sei como contar-lhe isso. Mas, parece que ele está indo para Sydney.

Dedos trêmulos soltaram o prato de vidro um pouco distante de mim. O baque do material quebrando-se foi ouvido, os meus olhos observando os cacos se estendendo ao redor de mim. Eu estava atônita para pensar em apanhá-lo. A minha cabeça ainda processava as palavras da minha mãe. Ter Leonard por perto era como estar em perigo. Eu sabia que ele não viria para a Austrália em busca de emprego. Ele queria vingança, e ele estava lutando para isso.

Soluços atravessaram a linha. Mamãe raramente chorava, mas agora eu poderia imaginar o desespero que a atingia. Ela me questionou sobre quando eu viria para Camberra, me alertou para não sair de casa durante os últimos dias. Eu concordei com suas ordens por um par de vezes, mas ela ainda tinha preocupação em sua voz.

― Mãe, eu irei ficar bem. Eu tenho apenas mais algumas horas em Sydney antes de tomar o primeiro transporte para a capital. Eu estarei segura, eu prometo.

― Demi... Ele... Ele acabou de sair da reabilitação. Algumas pessoas disseram que Leo está curado, mas eu não tenho certeza. E eu estou com medo de que ele volte para o estado desumano. Eu não quero que você corra perigo outra vez.

― Eu vou me cuidar, está bem? ― um longo suspiro escapou de mim enquanto eu me agachava para apanhar alguns cacos. ― Eu preciso terminar algumas coisas, então eu ligarei amanhã.

― Tudo bem, querida. Eu amo você.

― Eu também te amo, mamãe.

Abandonando o celular sobre a mesa, eu permaneci agachada para recolher o material cortante e descartá-lo. Eu ainda tinha as minhas mãos tremendo, a vibração quase ocasionando em um acidente quando o vidro raspou sobre o meu dedo. O sangue pingou na cerâmica clara, e eu apressadamente corri para a pia para lavar o machucado. A dor não baniu os pensamentos na minha cabeça. Eu estava assustada sobre Leo, sobre as razões de ele vir para um país totalmente diferente. Eu não quis supor que a sua intenção fosse estar comigo. Não, ele não me amava mais. Ele demonstrou isso antes de ser internado por um comprido período de tempo.

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