Capítulo 18

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- A gente se vê segunda, tchau! - Victoria se despede.

- Tchau, até mais. - Eu respondo e me levanto impaciente.

O jogo já tinha terminado e grande parte da torcida não estava mais aqui, pra falar a verdade só restou eu, uma outra moça e duas crianças.
Checo o telefone mais uma vez e releio a mensagem de Juan.

"Eu já tô indo, não vai embora sem mim, por favoooooor! "

O garotinho que estava correndo pela quadra vem até mim e me olha sorrindo, ele segurava a bola com dificuldade e parecia muito animado.

- Você quer jogar comigo? - Ele pergunta e me oferece a bola. - O meu nome é Tom.

- Oi Tom, eu sou a Samy. - Respondo sorrindo pra ele. - Eu não sou muito boa, mas posso tentar. - Aviso e ele pula contente.

Estar bem aqui, onde tudo aquilo aconteceu me faz arrepiar. O jogo foi emocionante, piscar parecia proibido já que um segundinho poderia mudar tudo.
Juan foi incrível e me fez torcer como uma fangirl, sério, eu não me reconheci, mas a cada cesta dele eu comemorava mais.

Ponho o cabelo atrás da orelha tentando focar no pequenino ao meu lado e percebo que seu rosto é familiar.

- Vai Samy, é sua vez. - Ele diz apontando pra cesta

- Oh, certo. - Digo jogando a bola e rezando para não decepcioná-lo.

Por muito pouco não foi fora, mas quando percebo o aro balançar eu pulo comemorando.

- Você viu Tom, eu acertei! - Grito indo buscar a bola.

- O meu pai faz melhor. - O menino responde me fazendo franzir o cenho. - Papai !!!!

Ele sai correndo e eu me viro curiosa pra saber quem seria. Para a minha surpresa, o treinador Blake carrega o garotinho e Juan vem logo atrás brincando com eles.

Agora tudo fazia sentido, por isso Tom parecia tão familiar. A moça e a garotinha que estavam na arquibancada se aproximam e também abraçam o treinador.
Eu assisto tudo de longe até que Juan me vê e se aproxima correndo.

- Oi, pensei que tivesse ido embora. - Diz sorrindo largo e me chamando pra um abraço.

Ele cheirava a sabonete e a sensação de estar em seus braços era estranhamente confortável.

- O Tom quem me convenceu a ficar. - Assumo rindo. - Parabéns pelo jogo, você foi incrível. - Digo quando nos separamos.

- Obrigado, foi difícil, mas deu tudo certo. - Juan pisca devagar e me olha em silêncio.

Eu correspondo o olhar até certo ponto, mas meu coração acelera e eu fico sem saber o que fazer.

- Eh... camisa legal. - Ele comenta baixinho.

- Gostou? Eu comprei porque disseram que era a menos vendida. - Minto, já que na verdade eu procurei por ela a loja inteira.

- É mesmo ? Eu pensei que gostasse do Maria. - O mais alto insiste.

- Ele é bonzinho. - Digo segurando o riso e ele ri.

- Juan, chega ai. - Blake chama de longe.

- Vem. - Ele me puxa pra perto e passa o braço ao redor do meu pescoço.

Sinto um frio percorrer a minha barriga e se isso fosse um filme, eu com certeza estaria surtando enquanto assistia.

- Garoto, você foi incrível hoje. Parabéns! - A moça diz dando um meio abraço em Juan. - Estou orgulhosa de você.

- Valeu Aisha, e você Lya, como anda a escola ? - Ele pregunta a garotinha loira.

- Chata, vou precisar da sua ajuda com matemática de novo. - Ela assume cruzando os braços. - Quem é ela?

- Filha, o que é isso? - A Aisha interrompe com vergonha.

- Tranquilo, essa é a Samy, minha amiga. - Juan diz e eu aceno sorrindo.

- Ela é boa no basquete, pai. - Tom comenta nos braços de Blake.

- Jogou com ela, cara? Dá um tempo, você não deixa ninguém escapar. - O treinador faz cócegas no pequeno.

A conversa dura pouco, logo as crianças dizem estar com sono e Blake se despede. A família dele era linda e parece que são bem próximos de Juan, Tom virou um amigo e pelo que notei, Lya não foi muito com a minha cara.
Eu rio sozinha e ignoro, talvez seja coisa da minha cabeça.

Na volta pra casa, eu e Maria trocamos poucas palavras, o clima estava estranho e sempre que nosso olhar se encontrava eu não sabia o que fazer.

- E você, como foi assistir seu primeiro jogo de basquete na Universidade? - Ele pergunta segurando a alça da mochila.

- Muito bom, me senti em High School Musical com a banda tocando e todo mundo cantando junto. - Confesso e ele ri.

- Você era a Gabriella? - Juan questiona.

- Nunca, eu sempre fui a Taylor. - Me defendo ao chegar no corredor de casa.

- Ufa, eu não ia querer ser o Troy. - O mais alto diz parando ao meu lado na porta.

Nós nos olhamos pela última vez e Juan se aproxima devagar me fazendo gelar.

Ele não iria me beijar, iria? O que ele quis dizer com isso de Troy? É por causa dos casais do filme?

Tento calar todas essas perguntas ao fechar os olhos com força e apenas espero em silêncio.
Escuto uma risada nasal e correspondo me sentindo um pouco boba, mas quando o retinto beija minha testa ai sim eu me sinto uma garotinha.

- Boa noite, Samy. - Ele sussurra e logo entra em casa.

- Boa noite. - Eu balbucio correndo pra dentro. - Meu Deus, o que foi isso?

Pergunto com a mão no peito. Minha respiração estava ofegante, os meus pensamentos confusos e algo em mim estava saltitando. Na verdade, quem estava assim era a Samyra de 15 anos, que sonhava em encontrar um príncipe encantado e ser tratada como princesa.

Estar com Juan me faz acreditar que tudo isso é possível, mesmo sabendo que somos imperfeitos.

Curado Pelo Amor | Romance Cristão  [ Revisado ]Onde histórias criam vida. Descubra agora