14 CANJA

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Marina ficou assustada vendo Thiago se aproximar igual uma estatua de gelo ambulante. Mas o rapaz que tinha, antes, olhos tão expressivos agora estavam sem vida. Passou por ela sem nota-la. 

— Thiago... O que aconteceu? — disse baixo com medo da resposta.

O atlante não respondeu. Seus olhar estava vazio, como se seus espirito não habitasse o corpo.

— Thiago... — repetiu aflita.

— Não vou jantar hoje. — respondeu saindo do transe.

Os olhos dele ainda inchados encontraram os da moça. Marina sentiu um arrepio e recuou um passo.

"Parece uma cena de filme de terror! Que maldição está acontecendo nesse lugar? Eu só quero ir embora Senhor... Não quero morrer nesse lugar esquisito!"

Thiago seguiu os passos até seu quarto e fechou a porta.

Marina resolveu ir para o próprio quarto e se jogou na cama pensando o que teria acontecido com ele.

~ ~ ~

Dia 5

— Não... Por favor! Não quero morrer aqui! Snif... — Marina sonhava com o acidente do submarino. Lembrando dos dois dias que passou sozinha naquela sala apertada sendo lentamente invadida por água. — Porque estou presa aqui? Me leve par casa! — repetiam em seu sonho que agora se tornou aquela prisão em Atlântida. O corredor cheio de quadros e Thiago no fim dele. — Pare de esfregar esse braço! Pare de se consolar! Snif... Apenas me leve embora, venha junto comigo. Não precisa ficar aqui sozinho... — abraçou o travesseiro com força e foi despertando com a luz que entrava pela janela.

A humana acordou triste com lágrimas nos olhos, a luz do nascer do sol artificial invadia o quarto dando vista ao jardim. A macieira já tinha pequenos frutos verdes.

Ela levantou para ir a cozinha.

Andando pelos corredores sem ouvir o som do atlante preparando a comida. Isso fez a moça sentir saudade.

"Já se tornou tão habitual assim? Esse lugar sem ninguém é bem depressivo." pensou chegando a sala-cozinha "Aquele esquisito sempre está aqui, com aquele sorriso bobo, aquela cara de carente. Não suporto vê esse lugar vazio de manhã. A comida dele é tão boa..."

Ignorando o balcão vazio seguiu para a geladeira. Pegou o resto de frango assado, e legumes. Abrindo os armários encontrou arroz.

"Ele estava congelado. Será que faço uma canja? Agrr! Por que estou tão preocupada com ele? Carente esquisitão! Mas não posso deixa-lo assim. Tenho que descobrir o que está acontecendo. Também não custa nada, ele fez comida para mim varias vezes já..."

Rapidamente cozinhou tudo e serviu colocando em uma bandeja para leva.

Chegando a porta, do quarto do rapaz, bateu e ninguém veio abrir.

Tentou girar a maçaneta, estava trancada. Marina bateu mais uma vez, mas não teve resposta.

"Agora pronto! Sumiu novamente? Não me vá parecer de fantasma agora! Cruz-Credo!" pensou, desistindo e se afastando para voltar a cozinha.

Quando ouviu o trinco da porta.

Thiago abriu uma pequena fresta ela o viu descabelado, com a bata vestida do avesso, sem o cinto e rosto marcado pelo travesseiro.

A humana até ficou sem ação era a primeira vez que o via desleixado.

Como a moça demorou a reagir o atlante quem falou:

— Veio trazer isso para mim?

— Sim... É canja, pensei que precisava se aquecer. — e foi se aproximando.

Ele abriu a porta, aceitou pegando a bandeja.

— Obrigado... — disse desanimado no tom sonolento e abrindo a porta pegou a bandeja. 

Em seguida fecharia a porta, mas Marina tentou entrar sem permissão, surpreendendo.

— Me diga o que está acontecendo, estou preocupada com você. — aproveitou para esticar o pescoço e tentar inspecionar o quarto.

— Nada... Só preciso descansar. — puxou a porta para impedir a curiosidade e invasão.

— Me diga, o que aconteceu com você hoje? — ela mudou o tom para mais doce, com carinho.

— Estou cansado. Pode ir agora, por favor. — respondeu desconfiado com a doçura repentina da humana e olhou sério, até um pouco bravo.

— Me desculpe. Estou sendo ruim para você. Eu sei que me salvou. Mas lembro que me deixou afogar primeiro, não foi assim? — encarou e o rapaz encarou de volta. 

— Eu hesitei, mas isso não muda nada. É por isso que tem sido grosseira? — perguntou com firmeza.

Marina se surpreendeu porque inconscientemente estava tentando fazê-lo se sentir culpado. Assim manipula-lo pra conseguir o que queria.

— Estou cansado dessa sua atitude. Foi um erro esperar compreensão de uma humana, nossas culturas são muito diferentes. Não vou mais te envolver nisso. Assim que for possível vou te levar a superfície...

Marina se afastou olhando brava e cruzando os braços. Thiago aproveitou e fechou a porta.

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Trinta Dias Em AtlântidaWhere stories live. Discover now