EUCALIPTO

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Era horrível olhar para o bebedouro e não ver Lisa Manobal.

Eu estava parada em frente ao meu armário, completamente desanimada.
"Somos um grão de poeira para o universo, mas, para alguém, em algum lugar do mundo, o sol."
Isso estava riscado em marcador azul permanente no meu armário por H. S.

Lisa Manobal tem sido o sol na minha mente desde o acidente, mas é horrível porque não consigo tirar ela da minha cabeça e tudo que vejo ou ouço parece estar ligado a ela.

— Já fazem quatro dias e nada de notícias... — Sussurei sozinha.

Um nó foi se formando na minha garganta, como se uma das bolinhas de papel de Lisa tivesse ficado presa por lá, me engasgando.

— Jen, você tava chorando? Seus olhos estão vermelhos e inchados... — Félix falou em um tom de voz atencioso, quando passou com Bang Chan ao meu lado.

— Ei tá tudo bem? — Bang Chan me olhava preocupado.

— Tá tudo bem sim gente... — Pude sentir Félix passando a mão nas minhas costas e Bang Chan colocar a mão no meu ombro.

— Se você quiser explicar pra gente, vamos te ouvir ok? — Bang Chan falou.
— Sim, com certeza. — Félix complementou.

— Sabem a Lisa? A namorada da Rosé. — Perguntei.

— Sim. — Eles responderam juntos.
— Passou na televisão que ela acabou sofrendo um acidente de bicicleta uns dias atrás... — Félix falou.

— Isso, e eu não tenho notícias dela ainda, estou morrendo de preocupação... — Falei e uma lágrima saiu do meu olho esquerdo.

— Mas a gente viu ela aqui no colégio, ela está bem, não precisa chorar. — Bang Chan falou enxugando a lágrima.

Senti um frio na barriga.

— Quê?! — Meus olhos arregalaram e uma excitação subiu por meu corpo inteiro.

— É, a gente viu quando ela chegou na diretoria. — Félix falou, me deixando completamente animada. Eu estava tão nervosa que podia vomitar a qualquer momento.

— Olha ela ali. — Bang Chan falou, me fazendo me virar tão rápido que me senti tonta.

Lisa Manobal, agora estava em uma cadeira de rodas. Uma expressão de frustração estava em seu rosto e as marcas nele, denunciavam o impacto do acidente. Havia uma fita logo abaixo do queixo, e à medida que ela se aproximava, notei que era um band-aid. O nariz dela também estava um pouco arranhado, e uma pequena cicatriz com três pontos marcava sua testa, bem acima da sobrancelha.

— Não esqueceu da festa, né? — Kai apareceu atrás de mim, perguntando bem perto do meu ouvido.
— Você é o meu par.

Olhei para trás e vi os amigos de Kai, que faziam parte do time de futebol, dando risadinhas e se cutucando.

Jennie? — Lisa me chamou num tom de voz baixo e firme, quando chegou perto de mim. Me fazendo olhar novamente pra frente.
— Preciso conversar com você sobre o trabalho de literatura. Eu fiz uma parte no hospital e se você quiser a gente pode ir pro refeitório antes da primeira au...

— Você não sabia que é falta de educação interromper a conversa dos outros, não? — Kai encarou Lisa.
Olhando em volta para os amigos, continuou: — Algumas pessoas fazem de tudo pra ter um segundinho de atenção. — E assim, os amiguinhos dele, aumentaram a altura da risada.

JENLISA | LARANJA ULTRAFORTE - O Experimento CientíficoOnde histórias criam vida. Descubra agora