O PORTAL

Um Chá Mágico

- Não o tanto que merecia, porque estou usando esses braços para carregar uma menina terrível, que foi a festa paquerou um mau caráter e ainda achava que não ia tentar agarrá-la no caminho para casa - Ele falou puxando-a que desceu agarrando seu pescoço no susto.
- Eu não o paquerei - Ela falou sendo colocada no chão.
- Mas nada justifica o que aquele maldito fez - Ele falou vendo-a bater à porta.
- Lorenzo está me ofendendo, estou muito grata por ter me salvado, mas não é justo me acusar de algo que não fiz.
- E por que entrou no carro de um estranho? - Ele falou batendo à porta também.
- Ele é irmão da diretora, pensei que podia confiar.
Cassandra acendeu a luz vendo-os .
- Eu sei como vocês jovens são, saem distribuindo beijos pela noite, depois acham que homens como esse desgraçado vão respeitá-las quando disserem não.
Cassandra abriu-a e Larissa entrou abraçando-a chorando.
- Menina o que houve?
- Ela te contará melhor, mas em resumo eu a salvei de um maldito que queria estupra-la, é isso. - Ele falou sem entrar.
- Venha minha amiguinha, vou lhe fazer um chá, entra Lorenzo .
- Quero minha capa... o paquera dela rasgou-lhe o vestido - Ele falou, irritado
- Eu já disse que não era nada meu - Larissa gritou nervosa, tirando a capa jogando-lhe e correu para a cozinha de Cassandra.
- Lorenzo chega disso. - Cassandra falou puxando-o pelo braço e fechou a porta.
- Eu só disse a verdade, minha amiga, ela entrou no carro de um estranho a essa hora, sozinha.
- Você não pode julgá-la assim, não estava lá para saber - Cassandra falou vendo-o pôr a capa e o chapéu novamente.
- Está sofrendo,não vê o susto que levou? Não sabe como é traumatizante para nós mulheres isso que lhe aconteceu, você a salvou, foi algo lindo, guarde isso e não estraga tudo.
Ele respirou fundo saindo para a varanda.
-Larissa, meu anjinho eu a cuidarei . - Cassandra disse abraçando-a e beijando-a na testa, chorando junto com ela.
- Foi horrível, ele passando as mãos em mim e me beijando, muito nojento, me sinto suja - Larissa falou, chorando incessantemente.
- E Lorenzo disse que foi minha culpa - E completou.
- Está bravo porque quer ser o dono da verdade, eu sei que não fez nada.
- Não dei confiança a ele, eu juro, só aceitei porque era o carro da Isabel e pensei que sendo irmão não ia tentar nada.
- Minha princesinha, não precisa me explicar, eu acredito em você.
Lorenzo estava na porta da cozinha parado ouvindo-as.
- Larissa precisa de uma roupa sua. - Ele falou assustando-as
- Lorenzo pega meu casaco no primeiro quarto, ali, está na mesa de passar roupas. - Cassandra disse sem olhar para trás apontando para o quarto.
Ela escondeu o rosto no peito de Cassandra tremendo.
- Calma, minha garotinha, ele não vai mais brigar, senão eu mesma lhe dou uns tapas.
Ele o trouxe entregando a cigana.
- Quer que eu faço o chá? - E falou depois que a Larissa vestiu o casaco.
- Ele pode entrar Larissa? - Cassandra perguntou e ela consentiu limpando os olhos.
- Faça de melissa com camomila, por favor e adoça com mel. - Cassandra disse olhando-o separar as ervas e lavar.
- Temos um cozinheiro particular, está vendo? - Cassandra disse, sorrindo reparando-a que o observava.
- Larissa está me levando a decadência como bruxo temível, eu lhe disse no caminho, já virei super-herói, agora só falta virar príncipe encantado, daí será meu fim - Ele falou enquanto colocava água para ferver.
- A beleza já tem, só falta melhorar os modos, né Larissa? - Ela falou olhando-a suspirar triste, cabisbaixa .
- Menina não fica assim, eu perdi a cabeça, mas é porque me preocupo com você, muito mais do que gostaria - Ele falou olhando-a chorando em silêncio de cabeça baixa.
- Melhor você ir para sala - Cassandra falou acariciando os cabelos de Larissa.
- Já estou terminando, posso ficar? - Ele falou em voz suave e ela consentiu limpando as lágrimas.
- Farei um chá mágico, olha para cá - Ele falou esperando-a fazê-lo.
Cassandra só os observava em silêncio.
Ele moveu os dedos sobre a caneca onde estava as ervas na água quente e levantou a mão lentamente, fazendo as ervas saírem de dentro flutuando.
Larissa respirou fundo, olhando encantada e pasma.
- Onde vamos descartá-las?
- Nessa lixeira . - Cassandra disse apontando-lhe.
Ele seguiu movendo a mão lentamente até derruba-las dentro da lixeira.
- Como ele consegue fazer isso?- Larissa perguntou em voz baixa olhando para Cassandra.
- Eu não sei, mas gostaria de ter uns dons assim - Cassandra falou rindo.
- Doce menininha,você adoça a seu gosto - Ele falou colocando a caneca e o pote de mel diante dela.
Cassandra riu balançando a cabeça.
- Doce menininha , gostei está melhorando Sr bruto e rústico.
Larissa o adoçou tomando em silêncio.
- Eu não saio por aí distribuindo beijos, você me ofendeu pensando isso de mim. - Ela falou com profunda mágoa. Lorenzo suspirou olhando-a e tomando o chá e não respondeu.
- Ele está arrependido de ter dito isso, não é meu amigo? - Cassandra olhou-o passando a mão nos olhos indo para a sala .
- Está chorando - E cochichou-lhe. 
- Está nada e nem arrependido - Larissa disse olhando-a, incrédula.
Cassandra repetiu o gesto que ele fez.
- Foi assim para sala. - E sussurrou-lhe .
Larissa suspirou longamente, abaixando os olhos.
- Terminou o chá? - Ele falou junto à porta
- Sim -  Ela respondeu sem olhar em sua direção.
- Pode me acompanhar até a varanda, por favor? - Lorenzo falou ansioso.
- O que quer ?  Não quero discutir mais, estou cansada - Ela falou passando as mãos no rosto.
- Venha, por favor,  não vou te ofender prometo. - Ele pediu aproximado-se .
 - Lorenzo, estarei aqui atenta, não vá magoá-la mais. - Cassandra disse olhando-a levantar e segui-lo.
Lorenzo saiu primeiro esperando-a
- Estou aqui, diga logo, tenho sono.
Ele virou-se de frente, segurando-lhe a cintura e repentinamente levantou-a, sentando-a no murinho que cercava a varanda.
- O que é isso? - Ela perguntou segurando-se em sua capa, com medo de cair para trás.
 - Agora estamos na mesma altura, na verdade você está um pouquinho mais alta -  Ele falou segurando-a firme .
- Não vai me jogar daqui, não é?