9

2.7K 310 17
                                    

•ESTELA•
𓆟 𓆞 𓆝 𓆟 𓆞 𓆝 𓆟 𓆞 𓆝


No final das contas tínhamos conseguido nos safar. Emilly e eu recebemos a maior bronca de nossas vidas, meus tios não estavam nada felizes com nossa atitude e entendi perfeitamente o motivo. Por sorte, eles foram piedosos e não contaram nada para minha mãe, mas como castigo não podemos sair para nenhuma festa por duas semanas. Eu estava de boa com isso já minha amiga parecia viver uma tortura.

Alguns dias se passaram e finalmente estávamos ao campus da faculdade, viemos visitar nossos dormitórios e só podia dizer o quanto estava animada com isso.

— Minha colega de quarto é uma nerd, aposto que ela nem vai deixar eu fazer uma festinha — Emilly falou enquanto andávamos pelo lugar enorme.

— É proibido fazer festas aqui e você sabe bem disso — Alertei minha amiga que parecia doente por festas.

— Não têm problema fazer uma ou outra.

— Prevejo você sendo expulsa daqui uma semana — Ela revirou os olhos.

— É uma pena que a gente não possa mudar de quarto e ficar juntas — Tínhamos tentado fazer isso.

— Pelo menos eu não vou ter que aguentar suas festinhas — Ela riu ao meu lado e continuou bebendo seu milk shake — Viollet me mandou mensagem e disse que já tinha feito sua matrícula, ela não pegou nenhum dormitório.

— Já esperava isso, afinal ela têm sua própria casa agora.

Era normal entre estudantes pegarem um quarto caso sobrasse mesmo que não fossem morar lá, os motivos eram variados mas geralmente serviam para estudar. No meu caso eu estava indo para morar e Emilly só queria fugir dos pais mesmo.

— Mas agora vamos para o que interessa, você já mandou mensagem para a garota da balada?

— Esse assunto de novo?

— Sim, de novo — Ela parou em minha frente e cruzou os braços — Você pode até fugir dessa pergunta mas vamos combinar Estela, você sempre jogou nos dois times e nunca admitiu.

— Nunca falei o contrário também.

— É sério! Aquela mulher era uma deusa e estava super afim de você.

— Ela só queria uma amizade Emilly, você que tá exagerando — Voltei a andar disposta a acabar com aquela conversa.

— Amizade? Ela te levou naquele quarto para te comer Estela! Você que é tapada e ficou conversando.

— Emilly!

— Não se engane, você já têm experiência o suficiente para saber como acontece entre mulheres, já escutei muitas histórias sobre você e outras garotas.

— Primeiramente, fiquei apenas com duas garotas em minha vida e nas duas vezes eu estava bêbada, então não conta.

— Conta sim, imagino a quanto tempo essa sua amiga não vê um pinguinho de felicidade — Achava incrível a forma discreta dela de se referir as minhas partes íntimas — Mesmo você sendo uma chata ainda merece se divertir, isso não vai estragar seu histórico de certinha.

— Nós não vamos falar sobre minha vida sexual, seus pais já devem está esperar a gente para o jantar, vamos logo.

— Vamos falar sobre isso sim Estela!

[...]

No fim das costas Emilly tinha me abandonado. Estávamos prestes a voltar para casa quando o celular dela tocou e avisaram que tinha algo errado em sua matrícula, a garota foi correndo resolver seus problemas e eu tive que seguir viagem sozinha.

Detestava chegar naquela casa enorme e me sentir uma intrusa, sei que minha presença era normal para eles, mas em minha cabeça estava atrapalhando a rotina da família.

Abri a porta e o cheiro de comida logo acessou meus sentidos. A essas horas eu aposto que Castiel estava a beira do fogão preparando algo delicioso, ele sempre fazia agrados culinários para todos e a comida desse homem era melhor do que qualquer outra que eu já havia provado.

Dei passos em direção a cozinha e entrei vendo os pais da minha amiga conversando de forma descontraída. Isabella cortava alguma coisa na tábua e Castiel estava mexendo algo na panela, a imagem era bonita, mostrava uma naturalidade da vida dos dois que poucos deveriam conhecer, eles estavam tão entretidos que quase me senti culpada por atrapalhar aquilo.

— Estela, você chegou — O moreno foi o primeiro a dizer.

— Desculpa se demorei, Emilly precisou ficar um pouco mais, mas daqui a pouco ela chega.

— Ela nos disse, do jeito que aquela alí é atrapalhada aposto que esqueceu de preencher ou entregar alguma coisa — A mulher falou e abriu um sorriso para mim — Senta, estamos terminando o jantar.

Fui até a banqueta e me sentei na frente dos dois, o calor da cozinha acompanhado com o aroma maravilhoso trazia uma sensação gostosa, junto com um desconforto em meu estômago que precisava de comida.

— Cadê Alicia? — Não estava vendo a garotinha aprontando pelos cantos.

— Está brincando na casa de uma amiguinha, daqui a pouco ela vêm comer.

— E como foi no campus? Conseguiram um quarto juntas?

— Infelizmente não, mas pelo menos minha colega de quarto é bem legal.

— Sua colega de quarto é aquela que estava com você na balada? — A pergunta de Isabella deixou o clima mais tenso.

— Ah, não, aquela era... Uma amiga.

— Amiga? Pareciam tão íntimas — Castiel murmurou mexendo na panela.

Um silêncio ficou por um tempo no cômodo e tentei pensar em outra coisa que não me deixasse como um pimentão. Essa conversa já era constrangedora com a minha melhor amiga e ainda pior com os pais dela.

— Estela, não vamos ter que conversar sobre os perigos de se relacionar com alguém mais velha ou relacionamentos na adolescência, não é? — Isabella perguntou cortando com mais rapidez.

— Como assim?

— Pode não parecer, mas somos seus amigos, sabe? E querer conhecer gente nova é normal na sua idade, se por algum acaso aquela garota for sua... — Antes que ela terminasse de falar um palavrão saiu de sua boca.

Olhei para a mão de Isabella e vi o sangue escorrer de seu dedo, Castiel largou tudo que estava fazendo e foi até sua esposa.

— Droga!

— Você tá bem? — Levantei e segurei a mão dela.

— Sim, tá tudo bem — Sua expressão mostrava um pouco mais de dor que isso.

— Precisa tomar cuidado, poderia ter sido um acidente pior — Falei pegando um papel toalha para pressionar o corte.

— Estela têm razão, acho melhor levar você no médico, o corte pode ter sido fundo demais e se entrou alguma bactéria...

— Castiel eu tô bem — Ela avisou o marido mas ele pareceu continuar preocupado — É sério.

— Está proibida de fazer qualquer coisa hoje, não vai mais me ajudar na comida.

— Não precisa de tanto exagero assim, foi só um corte de leve — A mulher ficou na ponta dos pés e depositou um selinho nele.

Meu estômago começou a revirar e dessa vez não era pela fome, tinha mais emoção envolvida naquele ato. Observar os dois juntos em momentos íntimos era lindo, mas receber sinais errados pelo corpo indicava problemas.

— Eu vou tomar um banho, qualquer coisa podem me chamar — Larguei a mão de Isabella e me afastei deles antes que pudessem dizer algo.

Subi as escadas apressadamente e tirei o celular da bolsa de forma desajeitada. Abri o aplicativo de conversa e rapidamente me arrisquei mandando mensagem para a desconhecida de cabelo rosa.

Talvez Emilly estivesse certa, estou a tanto tempo sem sinais de romance que meu cérebro me pregava peças. Tinha que ser isso.

A Amiga Da Nossa Filha (NOVA VERSÃO)Where stories live. Discover now