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Eu nunca soube minhas origens, ninguém nunca me dissera nada sobre como eu fui parar em um orfanato, e nem diriam, para isso elas precisariam se importar comigo, ou com qualquer outra criança desse lugar, mas isso nunca aconteceu.
Das 3 famílias que me adotaram, nenhuma soube me amar como eu merecia, na primeira família, o casal tinha uma filha mais velha que era uma peste inigualável, ela puxava meus cabelos e aprontava várias coisas, me maltratava e xingava, depois fingia ser um anjinho perante seus pais, ela me chamava incessantemente de aberração, por conta dos meus cabelos brancos e me transformou na vilã, até que seus pais me devolvessem, mas enfim, finjamos e culpemos a sua infantilidade por tais actos.
Na segunda família, o cara que era suposto ser meu novo "papai", tentou me afogar na piscina, depois de tentar abusar de mim e eu me defender, sua justificativa foi por eu ser o "demónio encarnado", para depois desse episódio (detalhadamente relatado para sua esposa, minha suposta "mamãe") a maluca me expulsou aos pontapés para fora de casa, alegando que eu era a culpada por todos os mais tratos e abusos que seu marido mal caráter a proporcionava, vê se pode.
Na terceira família, eu fui torturada diariamente por 2 psicopatas que acreditavam que a dor, era o melhor método para a criação de 5 crianças repugnantes, que foram abandonadas pelos próprios pais, eles nos queimaram, espancaram e cortaram várias vezes, 2 das garotas morreram em suas mãos, mas por sermos apenas órfãos e eles pessoas de alto escalão, nada foi feito a respeito, mas pelo menos nós os 3 sobreviventes (eu, Rafael e Michelangelo), fugimos daquele lugar e fomos morar na rua, roubando para sobreviver e passando frio, fomos mandados para reformatórios juvenis com apenas 14, 16 e 15 anos respectivamente, 2 anos depois fomos soltos e ao invés de mudar, aprendemos a nos cuidar melhor e roubar com mais classe dentro do reformatório, esse tempo também me serviu para aperfeiçoar meus secretos poderes mágicos.

– Magia_ oiço meu nome ser praticamente gritado ao pé de meu ouvido, e encaro a pessoa com meu olhar mais mortífero, o que acaba até a assustando_ o-o batido da mesa 4_ fala meio tremula, e não a respondo, apenas pego no batido, coloco na bandeja e vou para a tal mesa.

Assim que dou o batido (com meu sorriso mais forçado), sigo para a mesa onde acabou de ser ocupada por 3 adolescentes.

– boa tarde, o que vão querer para comer?_ seguro meu bloco de notas e me foco neles.

– e que tal você?_ um dos 3 fala com um sorriso de canto, em resposta eu deixo surgir em meu rosto o sorriso mais sedutor possível.

Me aproximo um pouco do lado dele_ se eu estivesse a venda, não estaria numa lanchonete te perguntando o que quer para comer, otário_ falo sem deixar sumir meu sorriso, e então volto a ficar recta_ vou repetir a questão, o que irão querer comer?_ falo cordialmente.

– não precisava ser grosseira, ele só estava brincando_ o outro fala, e viro lentamente meu rosto em sua direção, com apenas a força de meu pensamento, consigo fazer o primeiro cara começar a sufocar, moldando o ar em volta apenas dele, denso demais para ser respirado_ o que está acontecendo? George_ ele se levantam e começam a se preocupar com o garoto.

Eu apenas observo o desespero de ambos garotos face ao sufoco do "brincalhão", com um sorriso vitorioso nos lábios, aí o terceiro garoto olha para meu rosto e grita, chamando a atenção de muitos presentes.

– o que você está fazendo?_ me olha assustado, então eu paro de asfixiar o pobre garoto.

– não precisava ser tão rude, eu só estava brincando_ falo debochada, e o trio sai correndo enquanto me chamam de aberração e bruxa. Mais um dia normal.

– o que aconteceu aqui?_ meu supervisor fala confuso.

– nada, eles descobriram que estavam sem dinheiro e deram com os pés_ sorri inocentemente.

– essa é a 3° vez no mês que isso acontece, eu já tinha te avisado que se isso ocorresse com você novamente, eu teria que te despedir, você está afugentando nossos clientes_ argumenta.

– mas eu não fiz nada_ me defendo.

Sem acreditar ele me olha seriamente_ alguma coisa você tem feito, é impossível que as pessoas sempre fujam de você sem motivos_ fala óbvio.

– tá Felipe, tanto faz_ tiro meu avental e empurro contra seu peito_ ature você mesmo seus clientes mal caráter, me despeço_ vou pegar minhas coisas e saio da lanchonete inabalada.

Enquanto caminho pela calçada, as pessoas me parecem apenas vultos, o céu estava ensolarado, mas eu não estava feliz, paro para observar as pessoas e as percebo muito descontraídas, algumas corriam no parque, outras passeavam seus animais, outras namoriscavam ao final da tarde, parecia apenas mais um dia colorido na vida das pessoas, algo que eu normalmente acho chato, por isso tive uma ideia brilhante, olhei para o céu e levantei minha mão esquerda, respirei calmamente e usando a beleza de minha magia sob os 4 elementos (fogo, terra, água e ar), eu consegui fazer com que chuvesse, as pessoas se assustaram e saíram correndo, procurando abrigo, para si e seus pertences, quando o parque estava consideravelmente vazio, do mesmo jeito que a chuva veio, repentinamente ela parou.

As pessoas ficaram confusas, esperaram um tempo e olharam para o céu que novamente voltava a ficar ensolarado, quando algumas saíram de seus esconderijos, eu fiz chover novamente, aquilo esgotava minhas energias, mas era divertido por isso para mim tanto fazia, repeti umas 3 vezes o acto de fazer chover e parar, até que as pessoas já não sabiam o que fazer, e eu até iria continuar, mas estava tão cansada que fazer aquilo novamente me faria cair de exaustão no chão, por isso deixei que continuasse chovendo e saí bailando pelas ruas, como se a melhor música estivesse tocando, isso atraiu o olhar de algumas pessoas, uns pareciam me julgar, mas outras se juntaram a garota doida que bailava na chuva.

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