Magia

III

A patroa adorou meu trabalho e me contratou, no dia seguinte eu e meus irmãos fomos para a casa dos empregados como os outros empregados. Na calada da noite, fui beber um copo de água e no meio do caminho, senti minha cabeça ser atingida por alguém e apaguei.

•••

Quando abri meus olhos, ainda estava meio zonza pela pancada, tentei pegar onde doía mas minhas mãos estavam amarradas, tentei me mexer e minhas pernas também estavam amarradas, quando duas pessoas mascaradas entraram, eu revirei os olhos.

– Martin e Martina é isso nem?_ pergunta com a sobrancelha arqueada.

– não_ a garota, que tinha uma frigideira na mão, dá um pulo_ quer dizer, não_ ela fala com a voz modificada e tenho que revirar os olhos novamente para tamanha burrice, enquanto o irmão bate em sua própria testa.

– espera aí, você bateu em mim com essa frigideira?_ pergunto indignada e a mesma esconde o objeto atrás de si.

– não?_ ela encolhe os ombros.

– sua maluca, deu pra dar uma de Rapunzel agora? E se me matasse?_ falo irritada_ já agora, porquê eu estou aqui amarrada?

– quieta, nós fazemos as perguntas aqui_ o garoto fala com a voz modificada_ quem é você?_ cruza os braços.

– quando eu falei quem era você estava com merda no ouvido?_ falo sem paciência_ tem como me soltar? Isso é desconfortável_ me refiro as cordas.

– como você sabe sobre a marca no pescoço do meu irmão?_ Martina pergunta.

– que marca?_ me faço de boba.

– a marca mágica, obvio_ retruca.

– ah, aquela que ele falou que era uma tatuagem? Afinal é mágica? Você tem magia?_ olho para o garoto.

– Tina_ ele reclama.

– mas ela já sabia_ se defende.

– não, eu não sabia, você me contou_ falo rindo e os dois me olham_ calei_ dou de ombros.

– agora não precisamos mais dessas máscaras nem_ ele tira a máscara e me analisa de perto.

– oh, dá pra manter a distância?_ faço uma careta de desconforto com tamanha proximidade.

– você é muito peculiar Magia_ segura meus cabelos, e sem a ajuda das mãos, tento afastar meus cabelos de seu toque.

– e daí, não sou eu quem tem magia_ retruco.

– seu nome é literalmente magia_ Martina tira a máscara e cruza os braços.

– por acaso eu tenho cara de quem faz magia?_ arqueio minha sobrancelha, enquanto novamente tento fugir do garoto que tocava meus cabelos_ porra, isso é desconfortável, tem como se afastar? Obrigada_ falo quando ele finalmente se afasta.

– ela não tem o símbolo_ ele murmura para sua irmã, e até eu mesma estranho o facto dele não ter visto meu símbolo no pescoço.

– o que faremos agora? Esperamos pelos outros?_ Tina sussurra de volta.

– sim, assim decidimos o que fazer_ ele assente.

– espera, existem mais como vocês? São tipo, a sociedade secreta dos magos?_ começo a rir de forma zombeteira.

– que eles venham rápido, antes que eu decida acabar com ela_ Martin se senta em um banco que só agora notei.

– pra que tanta amargura rapaz_ debocho_ mas já agora, me diga, como funcionam seus poderes mágicos? Ou, ou_ me animo e olho para a garota_ qual o seu poder mágico? Você deve ter algum nem, ser burra?_ provoco_ mas se bem que para ser burra você não precisa de magia_ começo a rir sozinha deixando os dois irmãos irritados_ ou você é tão lerda que não nasceu com magia_ suponho_ mas é bem provável que entre gêmeos um seja sem magia, mas cara, se você não tem magia, eu sinto muito por você, não ganhou magia e nem esperteza_ volto a rir e ela se levanta já irritada.

Eleva sua mão e seus olhos ficam de um verde intenso, sinto minhas pernas e braços serem apertados com mais força, então olho para minhas pernas e percebo estar amarrada por plantas e não cordas.

– ahhhh, você tem a magia verde, pelo menos, agora faz sentido você ser meio lerda, já que algumas plantas só expelem aquele odor característico da morte, quando a morte já está a porta e só pra piorar, as outras não conseguem fugir_ volto a rir só para irritar a mesma, que vai deixando uma trepadeira subir pela cadeira e começar a se enrolar em meu pescoço.

– ei, Martina_ o irmão tenta para-la, assim que percebe que ela está me sufocando_ Martina_ ele tenta a tocar, mas a mesma o prende no lugar usando umas plantas que surgem aos seus pés.

Eu já não conseguia respirar bem, eu podia usar minha magia e para-la ou simplesmente trazer o ar para mim, mas eu queria ver até onde ela iria chegar, até onde a garota iria, se ela seria capaz de me matar.

Quando eu já estava ficando roxa e zonza, 3 pessoas entraram e conseguiram parar a garota.

– Martina, você ia matar ela_ uma garota fala.

– poxa Martina_ tossi_ você precisa aprender a lidar com sua raiva_ falo de modo provocativo e ela sai correndo daqui, se fazendo seguir por um dos garotos que entrou a pouco.

– a culpa é sua, se você não a tivesse provocado isso não teria acontecido_  Martin fala irritado.

Eu ri com deboche_ minha culpa que sua irmã não consiga controlar sua raiva? Se toca garoto, vocês tentaram me matar 2 vezes, uma com uma frigideira e a segunda usando plantas, me raptaram na calada da noite por sei lá qual motivo e eu sou a culpada?_ Zombo do garoto que seu olho começa a mudar de forma mas é impedido pelo outro rapaz que tinha entrado para parar Martina.

– vocês dois vão procurar a Martina e o Jaden, eu cuido dela_ o garoto fala sério.

– tem certeza Dani?_ a garota pergunta temerosa.

– tenho certeza Amina, vai dar tudo certo, vá_ ele aponta para a saída e ela o faz.

– você deve ser o líder deles não é?_ falo sem interesse.

– você me parece inteligente_ me analisa e pega na cadeira para se sentar_ eu soube da sua história pelos seus irmãos, crescida na rua, maltratada em um lar onde deveria ser amada, em negação para com mundo, ok, você não precisa falar disso, mas..._ dá de ombros_ eu não acho que irritar e tratar mal outras pessoas vai te fazer feliz, Martina quase te matou e não teríamos como te ressuscitar, mas ok, você não tem culpa do descontrole dela_ cruza os braços_ nós temos sim magia e ninguém além de nós 5 sabe disso por essa razão eu não devo deixar você continuar sabendo desse segredo nosso, eu sinto muito, só vou apagar isso de sua memória_ se levantou e estendeu a mão para mim.

– tudo bem, amanhã é um novo dia_ dou de ombros e vejo seus olhos se tornarem um amarelo, enquanto em sua mão surge uma maquinita estranha e quando ele começa a usá-la em mim, eu fico sonolenta e logo apago.