Capítulo 7

110 15 15
                                    

O barulho dos saltos na recepção silenciosa do hotel fez com que as duas pessoas atrás do balcão olhassem para a porta, que tinha acabado de ser aberta.

Uma mulher de cabelos cacheados e corpo cheio de curvas entrou acompanhada de um funcionário, que arrastava as duas malas grandes dela. Ela se aproximou do balcão e tirou os óculos escuros para olhar para a atendente.

— Bom dia, senhora, no que posso ajudar? — A mulher loira falou em um tom de tédio e Freya sorriu para ela, simpática.

— Eu estou no quarto 548, Flávio deve ter avisado que eu chegaria hoje. — Falou ainda sorrindo e a mulher desviou o olhar para o computador ainda com a mesma expressão de tédio.

— Impossível, senhora, o quinto andar está reservado para uma equipe de fórmula um, e eu creio que a senhora não faz parte dela. — A mulher falou, olhando Freya de cima a baixo com desdém, e a morena levantou uma sobrancelha.

O gerente, logo ao lado dela, pediu licença e tomou a frente do atendimento antes que a cliente pudesse reagir.

— Qual o seu nome, por favor? — Ele falou com um sorriso forçado e Freya também forçou um sorriso amigável.

— Freya Castello. — Respondeu um pouco impaciente e recebeu um sorriso do homem, que concordou com a cabeça ao olhar o computador mais uma vez.

— Está tudo certo, senhora Castello, pode subir. O Pietro vai te acompanhar até o quarto, tudo bem? — Ele respondeu sorrindo e Freya apenas acenou com a cabeça positivamente antes de seguir o garoto, que não devia ter mais que 17 anos, que estava na frente do elevador com suas malas.

Em silêncio ela o acompanhou até a frente da porta do quarto 548, onde ele bateu com os nós dos dedos e esperou que alguém abrisse a porta. Fabrizio foi quem abriu e, ao fundo, Freya conseguiu ver Edo ajudando Fernando em um treino de equilíbrio na sacada do quarto.

— Freya, que bom que chegou! — Ele falou sorrindo e abriu mais a porta para que ela entrasse. Agradeceu o menino das malas e colocou-as para dentro. — Nós estávamos mesmo falando de você.

— Ah, é mesmo? — Ela perguntou ao tirar os sapatos e se sentar na cama que sabia que era de Fernando só pelo jeito que o cobertor estava bagunçado do lado esquerdo da cama.

— Fernando estava ansioso pra te ver, Freya. — Fabrizio falou rindo e Fernando apenas desviou o olhar concentrado da parede para olhar feio na direção do fisioterapeuta.

— Não que seja mentira, mas não era pra me expor assim. — Ele falou entre uma série e outra do exercício esquisito que Edo estava supervisionando.

— Não se sinta mal, Nando, eu também estava ansiosa para te ver. — Freya confessou sorrindo e recebeu um sorriso grande do espanhol em resposta.

Mais duas séries do exercício e Edo declarou o treino finalizado. Fabrizio tirou um shake do frigobar e estendeu na direção de Fernando, que agora estava entrando no quarto. Ele secou o suor do rosto com a toalha que Fabrizio entregou a ele e se abaixou para poder beijar a bochecha de Freya carinhosamente.

Os fisioterapeutas saíram do quarto enquanto Fernando tomava banho, deixando o recado para que Freya garantisse que Fernando descansasse no resto do dia, já que no dia seguinte ele já teria que ir ao circuito para as obrigações de imprensa.
Fernando saiu do banho vestindo apenas uma cueca boxer, sem se importar em colocar uma roupa. Agora com as portas e janelas fechadas, o ar condicionado estava fazendo com que o quarto ficasse gelado, então Fernando se deitou na cama e abriu os braços na direção de Freya, que sorriu e se aproximou de Fernando para poder deitar grudada nele.

Apoiou a cabeça no peito dele e passou os braços pela cintura, aconchegando-se como um coala. Fernando apertou os braços contra o corpo dela e sorriu, sentindo o corpo relaxar. Puxou o lençol da cama e cobriu os dois para proteger do ar gelado do ar condicionado.

— Senti sua falta. — Fernando murmurou, parecendo um pouco inseguro. Freya sorriu e apertou ainda mais o abraço, se sentindo completamente segura nos braços dele.

— Também senti sua falta. — Respondeu e levantou a cabeça para poder beijar os lábios de Fernando carinhosamente. — Parabéns pelo pódio da semana passada. Foi uma corrida e tanto!

— Vocês assistiu? — Fernando perguntou, um pouco assustado, e Freya riu, selando os lábios nos dele novamente.

— Assisti sim... Foi legal, e eu me lembrei dos momentos que assistia às corridas com a minha mãe. — Confessou ainda com os lábios perto dos lábios de Fernando, que sorriu e beijou-a novamente.

— Já que falou sobre isso, eu quero te contar uma coisa que pensei. — Fernando disse, voltando a ficar sério, e Freya franziu as sobrancelhas, curiosa para saber o que era. — Eu quero te ajudar a encontrar seu pai... Mas eu não sei se procurar por conta própria será efetivo, então eu pensei em contratar uma detetive particular pra fazer esse trabalho, já que ela tem mais experiência e habilidades investigativas.

— Uma detetive? Fernando, que tipo de trabalho vocês fazem na fórmula um? — Freya perguntou rindo e Fernando balançou a cabeça, acompanhando ela na risada.

— Eu a conheci depois que roubaram a minha casa em Madrid... Ela descobriu quem foi, a polícia não.

— Uau, então essa mulher é boa mesmo, hein? E ela cobra muito caro?

Mi sueño, nós estamos juntos nessa. — Fernando falou sério e Freya não conseguiu segurar o sorriso que estava querendo rasgar seu rosto.

(...)

O barulho de saltos altos agora não era provocado por Freya e ela sentiu o estômago dar um salto mortal de ansiedade. A porta da sala de reuniões da Aston Martin abriu e ela levantou o olhar para ver a mulher de cabelos pretos entrar no cômodo.

— Bom dia! Me perdoem pelo atraso, meu gato resolveu sair correndo na rua quando abri a porta para sair. — Ela falou sorrindo enquanto andava até a cadeira livre na frente de Fernando e Freya.

— Você deve ser a Freya, certo? Fernando me falou de você. Muito prazer, eu sou Catherine Hill.

— Muito prazer, Catherine. — Freya sorriu e apertou a mão da mulher cordialmente. Ela se sentou confortavelmente e cruzou as mãos sobre o tampo da mesa.

— E então, no que posso ajudar?

— Eu preciso encontrar o meu pai, mas eu não sei quem ele é. — Um sorriso animado apareceu no rosto de Catherine e ela se aproximou mais de Freya por cima da mesa.

— Conte-me mais sobre isso. Adoro um desafio!

Twenties | Fernando AlonsoWhere stories live. Discover now