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O auditório da escola estava bem lotado e o ar carregado de formas distintas e cores, praticamente não havia uma cadeira vazia no meio da platéia

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O auditório da escola estava bem lotado e o ar carregado de formas distintas e cores, praticamente não havia uma cadeira vazia no meio da platéia. A orquestra estudantil acabava de encerrar o festival com uma apresentação memorável de Angels — Within Temptation.

Angels se tratava de uma música com a melodia um pouco pesada instrumentalmente falando, havia muitos acordes e muitos instrumentos, afinal, o Within Temptation é uma banda de metal sinfônico. Mas não era a primeira vez que tocamos alguma música da banda, mas era a primeira vez que Hoseok estava com a gente tocando seu violino tanta devoção, mantendo um sorriso amarelo em seu rosto, deixando-o ainda mais lindo.

Não havia outra cor que combinasse tanto com Jung Hoseok do que o amarelo, era quente, alegre e me remete ao aconchego e conforto.

E coincidentemente — ou não — era a mesma sensação que eu tinha ao olhar para um girassol.

Desviei o olhar do meu garoto girassol e me concentrei no que eu fazia, passando o arco sobre as quatro cordas do meu instrumento e reproduzindo o som em vermelho, azul, amarelo e verde das notas que eram tocadas com precisão.

Durante toda a apresentação, fui bombardeado de formas psicodélicas que a música me proporcionava. As cores diante dos meus olhos se moviam em uma dança quase hipnótica, e a batida ritmada fazia as formas se dissolverem lentamente, e ainda havia voz da solista que era de um tom que me fazia recordar de um pêssego bastante agradável.

No final da apresentação, eu já estava com a cabeça latejando e meus olhos ardendo, era sempre assim. Não era ruim, eu gosto de estar ali, gosto da presença de todas as pessoas e de tocar o meu instrumento, mas apesar de gostar, isso não impedia de sentir algum desconforto, afinal, é muita informação. Portanto, não poupei em colocar os meus óculos quando Hoseok chegou até mim, deixando um beijo na lateral da minha cabeça enquanto eu terminava de guardar o meu instrumento.

— Tudo que quero nesse momento é de um lugar tranquilo. — Eu disse após segurar em sua destra e caminhamos juntos até a saída da escola.

— Venha, vamos para o nosso lugar.

Hoseok se adiantou em minha frente me fazendo praticamente correr, o que foi um pouco difícil, levando em consideração que eu estava com o meu violoncelo e estava frio, as roupas pesadas dificultava o andar, mas ainda assim, eu o segui.

Tinha acabado de anoitecer quando resolvemos passar em uma padaria que milagrosamente ficava aberta até tarde, antes de seguirmos para o nosso lugar tranquilo. O cheiro de várias especiarias adocicadas se infiltrou pelas minhas narinas, despertando alguns gostos peculiares em meu paladar, mas por fim, não demoramos muito no local. Compramos alguns cookies, um queen of puddings para dividirmos, dois panini prensados, dois cafés expresso e claro, a famosa torta de Bakewell.

Não demoramos muito para chegarmos ao rio onde Hoseok e eu nos beijamos pela primeira vez, meio que havíamos feito uma partezinha daquele local o nosso lugar secreto. Era tranquilo e tinha pouca movimentação, portanto se tornou o nosso lugar e aos poucos virou rotineiro nos encontrar ali. Mas ao contrário da margem que ficamos deitados naquele dia, seguimos para um espaço próximo à ponte, onde Hoseok tirou de dentro da sua mochila uma toalha de mesa e a colocou sobre a grama verdinha e debaixo de uma árvore que havia ali. A iluminação amarelada do poste deixava o ambiente mais bonito, e claro, era a minha tonalidade preferida.

Ficamos por longas horas sentados próximos ao tronco da árvore, comendo, conversando e trocando pequenas carícias. E bom, neste exato momento, eu estava com a cabeça sobre o seu peito, ouvindo os batimentos do seu coração tão ritmadas e sentindo sua respiração contra os meus cabelos, vez ou outra Hoseok passava a ponta do nariz sobre a minha pele, estava gelado e fazia cócegas.

Hoseok já não tinha aquele tom escuro ao seu redor, agora parecia uma mancha clara.

— Yoon... — Ele me chamou, nossas mãos estavam entrelaçadas enquanto ele brincava com os meus dedos pálidos por conta do frio. Virei a cabeça um pouco para que eu conseguisse o encarar, arqueando a sobrancelha, um sinal para que ele continuasse: — Você disse que a cor amarela me representava e dias depois disse que eu era o seu girassol.

— Sim. — Concordei com um pequeno menear de cabeça, prestando atenção em cada palavra que ele dizia.

— Eu estava pensando, se fosse pra eu te dar uma cor seria o branco. Porque branco representa a paz e você é a minha paz. E você seria um lírio, porque você é puro, sua alma é pura e novamente, representa a paz. — Suas íris brilhavam mais do que as estrelas no céu noturno, e tenho certeza que as minhas não estavam diferentes. Eu não tinha dúvidas de que Hoseok era o ponto mais alto da minha vida, entorpecido não era a palavra certa para usar, mas neste momento, era assim que eu me sentia.

Entorpecido pelo lindo girassol que havia brotado em meu jardim sem a minha permissão, mas que havia se tornado o meu bem mais precioso. 

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Amarelo em Você | sopeOnde histórias criam vida. Descubra agora