Capítulo 8: O Nosso Destino

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Time, mystical time
Cutting me open, then healing me fine
Were there clues I didn't see?
And isn't it just so pretty to think
All along there was some
Invisible string
Tying you to me?
— Invisible String, Taylor Swift

Dia 20 de dezembro.

Pedro Tófani:

No chão da minha sala, ainda sem roupas, João me abraçava enquanto eu não conseguia parar de pensar em quanto a minha vida mudou nesse último mês.

Eu sempre achei que eu fosse o escritor da minha própria história, afinal, é nela que eu estou, as decisões são minhas, eu deveria ter controle sobre ela não é? É louco pensar sobre isso, há 1 mês atrás as minhas únicas perspectivas de vida eram continuar trabalhando como um louco, torcendo para que assim, no ano seguinte as coisas se acalmassem e eu por fim, conseguir ficar perto da minha família, sem nenhuma esperança fora a essa, solitário, poucos amigos e o desejo de fazer diferença em tudo que eu amo. Mas como eu havia falado,  ainda nessa época, eu achava que eu tinha controle sobre isso, eu escrevia a minha história não era? Mas então vem o inesperado e te mostrar que na verdade você não controla nada, nenhuma mísera folha se move se o destino não estiver atuando, tudo faz parte dele, e mesmo tentando puxar os redais e lhe provar que você tem controle, novamente, ele irá tomar e te mostrar que o acaso é muito mais forte que a nossa pequenez.

— Você acredita em destino?

Seus olhos encontram com os meus e ele sorri.

— Não sei, se foi ele que me trouxe até você então eu acho que sim.

— Fico pensando no que teria acontecido se a Chicória fosse atendida por outro veterinário ou então se eu não tivesse trombado com a Liz naquele dia na porta do banheiro.
Meus dedos massageavam o seu couro cabeludo distraidamente.

— Então acho que as coisas seriam diferentes...
Seu olhar parecia vago totalmente pensativo.

— Nah, acho que não. Acredito que se estamos juntos o destino quis assim, então mesmo que eu não tivesse atendido a Chicória ou então eu não tivesse trombado com Liz, nós iríamos nos conhecer de outra forma, e estaríamos desse mesmo jeito, deitados no meio da sala do meu apartamento.

Seus olhos voltam para mim e poucos segundos depois estamos nos beijando pela centésima vez naquela tarde.

— Isso é lindo, baby!

Mordo o lábio inferior escutando o nosso recente apelido, nunca fui do tipo de cara que se importava muito com apelidos, mas agora, com João as coisas são diferentes, nunca achei que um simples "baby" fizesse tanto estrago no meu peito.

Amo a forma como ele acelera meu coração e de como ele o acalma também.

— Sabe, nos últimos dias andei percebendo que você está tolerando mais o meu feriado...

O cacheado olha pra mim desconfiado
— Só porque eu assisti alguns filmes de natal com você e com a Liz e deixei você falar o caminho inteiro de como são marcantes os finais de ano da sua família, na nossa vinda 'pra cá?

Reviro os olhos. Ele conseguia ser meio rabugento as vezes mas eu gostava.

— Você 'tá organizando uma mega estrutura para o natal no seu hotel...

Acaso, Natal! | Pejα̃oOnde histórias criam vida. Descubra agora