Capítulo 10: Acaso, Natal!

568 58 351
                                    

24 de dezembro.

Pedro Tófani:

O sol iluminava todo o meu rosto quando eu desperto em um quarto que eu visitei frequentemente nesse último mês, em uma cama mais visitada ainda, mas dessa vez sem ninguém ao meu lado.

Afasto o cobertor do meu corpo que eu tinha certeza não ter colocado sobre mim na noite passada e me levanto depois de uma certa demorada para associar os fatos que aconteceram na noite passada.

Ou estava no abrigo.
Pensando nele.

Era difícil ficar sem o característico cacheado por perto, mesmo sabendo que fui eu próprio que provoquei isso.

Precisava arrumar alguma desculpa, nem que seja para ver como ele estava.
Se ele já tinha superado toda a nossa história ou não.

E então tudo é virado de cabeça para baixo. Era tão louca a nossa conexão, percebi em apenas uma olhar que alguma coisa tinha acontecido, algo estava lhe preocupando.
O sinais eram claros, alguma coisa tinha acontecido com Liz.

Agradeço novamente mentalmente por ter aparecido ontem aqui, não suportaria saber que Liz esteve doente e eu não ter movido nem um mísero dedo com o intuito de trazer conforto a ela.

E então de alguma forma, uma coisa levou a outra e eu acabei a noite com Liz nos meus braços e João, a quem eu havia prometido distância, ao meu lado.

Abatido, preocupado e visivelmente machucado, entretanto, não abriu a boca uma única vez, mesmo após Liz dormir, para falar de nós.

Mas também o que eu estava querendo? Atenção? Há quatro dias atrás eu havia falado bem na sua cara que não daríamos certo porque ele amava outra mulher, eu não deveria esperar outra reação que não fosse a sua na noite passada.

Chacoalho a minha cabeça na expectativa de expulsar todas aquelas vozes do meu subconsciente me condenando.

Saio do quarto indo até a sala da casa no intuito de achar algum dos moradores, ou então uma das funcionárias que de vez em quando apareciam para limpar ou cozinhar alguma coisa.

— Está com fome?

Me assusto com uma voz bem conhecida vindo em direção da cozinha, com certo receio vou até ele.

— Como sabia que eu estava aqui?

Pergunto lhe observando totalmente bem-vestido usando terno e gravata, me sentia um pouco patético ao seu lado, eu vestia apenas um moletom vermelho esfarrapado e uma calça larga preta que eu havia colocado na tarde passada.

— Ouvir os seus passos, te reconheceria mesmo você estando a quilômetros de distância de mim.

Abro a boca mais nada sai, foram as palavras certas para atingirem bem no coração, e ele sabia disso.

— Para onde está indo?

Tento mudar de assunto após alguns segundos onde o único som daquela cozinha era o da torrada sendo partida na sua boca.

— Vou dar uma passada rápida no hotel aproveitando que Malu virá para cá 'pra ficar com Liz. Tenho que resolver as últimas pendências do Natal antes de poder ir para o abrigo.

Aquilo era sério?

Qual era o seu problema?

— João, eu já te disse que eu ficarei lá, não vou deixar você perder uma noite com sua filha, principalmente no estado em que Liz está, só para fazer um favor tolo para mim.

Acaso, Natal! | Pejα̃oOnde histórias criam vida. Descubra agora