Retorno

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Shalom


— Cadê... cadê a Fanning? — pergunto em meio a suspiros.

— A Elle deve estar lá em cima. Não se preocupe, ela não se incomoda com a gente junta aqui. — Carla continua a me beijar e faz um carinho pelas minhas costas, com seu corpo em atrito ao meu. Mas subitamente penso sobre como ela se referiu a Fanning.

— Espera! Por que chamou a Fanning de Elle? Não somos permitidas a isso. — me afasto dela e pergunto confusa.

— Oh, ela ainda não te contou? Podemos chamá-la de Elle agora, ela deixa.

— Deixa? Todas ou só você? — fico claramente enciumada.

— Todas, amour. Aparentemente ela só avisa quando for seu dia, mas você foi apressadinha demais e acabou por receber a informação antes da hora. — disse risonha com seus olhos brilhando para mim. Ela parece genuinamente apaixonada, mas ainda tenho minhas dúvidas sobre seu amor por mim, depois de tamanha traição, confiar em Carla me parece um tiro no escuro.

— Ela te disse o motivo dessa mudança?

— Não. — falou sem interesse, como se não houvesse um pingo de vontade de conversar agora. Ela dá selinhos e meus lábios e quando estão rumo ao meu pescoço, a interrompo.

— Que bom, então, não sei como eu reagiria ao saber que só você poderia chamá-la assim.

— Por quê?

— Porque significaria que ela tem preferência por você, e talvez pudesse até significar que vocês têm algo além do casual.

Muita discretamente, Carla engole em seco, sua expressão está tensa e suas mãos ficam agitadas. A coitada está claramente nervosa, mas antes de realmente achar que ela é uma digna coitada, quero saber o motivo de seu nervosismo.

— Isso não é o caso? Não é? — pergunto firmemente para ela.

— Não, não, não é o caso.

— Por que está assim?

— Assim como? — ainda posso sentir o tremor de sua voz pelo rumo que a conversa estava se encaminhando.

— Carla Gilberta Bruni Tedeschi, Elle não possui nenhuma preferência por você, possui? — meu tom de voz se eleva um pouco e sinto até um pouco de pena do quão nervosa Carla está.

— Definitivamente não. — falou segura de sua resposta.

— Mas e você? — ela me olha confusa. — Tem algum sentimento por ela?

— Não... não mais. — revelou sem olhar para mim. Seus olhos se viram para o lado e ela quase sussurra a última parte.

— Como assim "não mais"?

— Escute, eu cheguei a amar Elle, eu admito! Mas não entenda mal... isso tudo é passado agora.

— Como eu poderia confiar em sua palavra, Carla? Como?! Como posso ter certeza que vocês duas não estão tendo um caso agora mesmo?

— Isso jamais aconteceria, ma chèrie, Je vous promets!

— Nunca saberei se suas promessas atuais são tão rasas quanto as do passado. — falo desconfiada e já estressada com aquele drama, não queria mais passar tanto estresse próxima à véspera de Natal.

Canso da conversa e das palavras revoltantes de Carla e vou rumo à porta para ir embora.

— Shalom, por favor, não vá! Não é possível eu e Elle termos algo. — ela me prende na parede e ainda insisti em me convencer de suas palavras.

Garota PrivadaWhere stories live. Discover now