𝙽𝙾𝚅𝙾 𝙰𝙻𝙶𝚄𝙴𝙼 |5

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  A sede me dominava quando senti minhas forças voltando para o meu corpo, que balançava deitado sobre aquele banco. Tentando abrir os olhos, só vi os riscos das luzes dos postes na rua, que se moviam rapidamente à minha frente. A dor que senti ao tentar me mexer foi indescritível.

— Uhm... – Resmunguei ao tentar me mover.

— Está acordada?

  Mas o que mais me assustou foi ouvir a voz de Ivan Bell e perceber que eu estava deitada no banco traseiro de seu carro, quando consegui olhar em volta. Meu coração acelerou e eu me encontrei confusa entre tantas lembranças e pensamentos.

— O que...? – não consegui raciocinar rápido o suficiente, apenas minha atenção foi guiada pelo som de sua respiração pesada — O que aconteceu?

 Minha cabeça estava pesada, além de latejar cada vez que eu tentava olhar para os lados, em busca de identificar onde estávamos.

— Você passou mal e Ammy pediu para que eu te trouxesse para casa. – Ele me olhava pelo espelho retrovisor enquanto falava.

  Respirei fundo, passando os dedos entre os fios pretos do meu cabelo. Não conseguia lembrar do que havia acontecido, e isso é tão constrangedor...

  Ele parou o carro e no mesmo instante olhei para fora, estávamos em frente à minha casa.

— Como você sabe onde eu moro? – Voltei meu olhar para ele.

  Ele não me respondeu. Em vez disso, esticou a mão para o banco do passageiro e puxou meu celular, balançando o aparelho em minha frente como resposta. Puxei meu celular da sua mão no mesmo instante.

  Odiava a ideia de que invadissem minha privacidade.

— Obrigada pela carona. – Foi a última coisa que falei antes de descer do carro.

  Estava um frio danado. Liguei meu celular e vi que eram quatro horas da manhã, o que me deixou ainda mais perdida. Eu tinha ficado muito tempo lá, mas dificilmente consigo me lembrar com clareza dos acontecimentos.

  O som de uma porta batendo me fez perceber que ele ainda não tinha ido embora.

— Você estaria se favorecendo ao não frequentar mais esses lugares. – Ouço seus passos indicando que ele se aproximava, mas não me permiti olhar para trás.

  Agora consigo me lembrar de Ivan, do jardim, das suas palavras.

— Está dizendo isso porque quer proteger sua irmã? – Perguntei sarcástica, finalmente me virando para ele.

   Ivan estava encostado em seu carro, com as mãos nos bolsos da calça jeans preta.

— O que você bebeu? – Ele tombou a cabeça para o lado.

   De repente, lembro-me da sacada, lembro do copo que Alan me entregou, mas ele tinha bebido também, então por que só eu passei mal?

— Droga... – Pensei alto, passando a mão pelo meu rosto enquanto respirava fundo.

— Não sei quais são suas intenções, Berger, mas é melhor ficar longe de Alan. – Ele me olhava intensamente enquanto falava com firmeza.

  Ivan parece saber de tudo, isso é tão confuso. Eu me sinto tão pequena perto dele, tão incapaz de não deixar suas palavras me abalarem, e isso é sufocante.

   Talvez minha cabeça esteja doendo tanto pelo remédio que esqueci de tomar ontem ou pela bebida que Alan me deu.

  Droga, minha cabeça está uma bagunça!

"Querido Diário" de Lana Berger - As verdades Where stories live. Discover now