𝙰 𝙲𝚄𝚁𝙰 |16

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   A água na minha banheira já está fria, mas eu não tenho vontade alguma de me levantar

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   A água na minha banheira já está fria, mas eu não tenho vontade alguma de me levantar. Sinto-me como se estivesse morta, completamente inerte e incapaz de enfrentar a minha própria vida. Não é o arrependimento que me causa isso, mas sim a decepção.

  Estou profundamente desapontada comigo mesma.

  Os últimos dias têm sido extremamente difíceis de suportar. Não quero viver para não ter que lembrar do que fiz, mas também não quero dormir para não sonhar com as minhas ações.

  Ouço o som de uma vibração que provavelmente é o meu celular tocando, com mais uma chamada de Ammy ou de Erick. Eles têm sido persistentes desde que disse que estava doente e que precisaria ficar em casa por um tempo para me recuperar. Foi a única desculpa que encontrei para passar alguns dias em casa, ciente dos possíveis surtos emocionais que teria depois do que fiz.

  Já se passaram três dias, mas o sentimento persiste inalterado. Sejamos sinceros, ele nunca vai mudar; eu apenas terei que me obrigar a aprender a conviver com tanta culpa e autodesprezo. É o fardo que terei que carregar por ter agido de forma imprudente. Não há mais como voltar atrás.

  Saio da banheira e me enrolo na toalha. Observo minhas olheiras profundas, meus cabelos molhados e meus dedos enrugados no reflexo do espelho antes de tomar meu remédio.

  Visto uma calça de moletom folgada e uma camiseta velha com estampa de gatinhos, e então me deito na cama, desejando mais uma vez fugir da realidade, fugir de mim mesma.

  Estou tão exausta de mim mesma.

  Uma lágrima escorre pelo meu rosto, e tento contê-la para não me afogar em mais lágrimas novamente.


  Está sendo mais difícil do que eu imaginei simplesmente aceitar o que fiz, especialmente quando as lembranças daquela noite me assombram constantemente, juntamente com as dúvidas sobre o que acontecerá a partir de agora.

  O que está acontecendo? Estão procurando por Lurci? Sentiram a falta dela? Estão pensando em mim?

  Me assusto com o barulho das batidas bruscas na minha porta, que me obrigam a sair dos meus devaneios. Levanto-me devagar, passando pelos livros espalhados pelo chão, xícaras de café em cima de todas as mesas, casacos e cobertores sobre o sofá, enquanto caminho em direção à sala, um pouco desconfiada, pois deixei claro para quem avisei sobre a minha "gripe" que queria ficar sozinha.

— Charlotte? – Arqueio uma sobrancelha ao abrir a porta.

— Lana. – ela respira fundo e abre um daqueles largos sorrisos quando me vê — Um passarinho me contou que você estava doente... Eu trouxe a cura! – Ela ergue em minha frente uma grande sacola descartável.

"Querido Diário" de Lana Berger - As verdades Onde histórias criam vida. Descubra agora